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Na condição de Estado consumidor, o Tocantins passa a contar com algumas compensações, como a prevista com a promulgação da Emenda Constitucional 87/2014, que estabelece a divisão da alíquota interestadual nas compras efetuadas por consumidores finais de outros Estados. “Nas compras eletrônicas, por exemplo, as empresas da região Sudeste faturam produtos vendidos ao Tocantins com um tributo de 17%, mas o Estado não ganha nada na operação. Com a mudança, na mesma operação, a empresa vai tributar 7% na origem e recolher os 10% para o Estado de destino”, exemplifica o secretário da Fazenda.
Contrário à posição do governador Marcelo Miranda, o deputado federal Carlos Gaguim, também peemedebista, acha que essa unificação prejudicaria o Tocantins, por se tratar de um Estado novo em desenvolvimento, que, segundo o parlamentar, precisa atrair investimentos para fomentar sua economia. “Isso será uma catástrofe para o Tocantins. O nosso Estado não conseguirá atrair investimentos e, no fim, a população arcará, mais uma vez, com a despesa”, defendeu o deputado. A assessoria de Gaguim avalia que sete Estados perderão receita com a mudança da alíquota interestadual do ICMS. Atualmente, uma taxa de 7% ou 12% é cobrada no Estado de origem. Após as novas regras, estas taxas serão reduzidas para 4% em até 12 anos. “Para o Tocantins, esse custo será muito alto, pois não temos benefícios garantidos. Além disso, enfraquece o nosso Estado, pois necessitamos da competitividade, que é o nosso diferencial”, especula Gaguim, coordenador da bancada federal do Tocantins.
A Secretaria do Planejamento e Orçamento (Seplan) vai realizar vários encontros para discutir Plano Plurianual (PPA), 2016/2019 do governo do Estado. Segundo o titular da pasta, David Torres, o governo deverá apresentar o esboço do PPA no dia 17 de agosto. As reuniões para a discussão do PPA ocorrerão em oito regionais, nos municípios de Tocantinópolis, Xambioá, Colinas do Tocantins, Pedro Afonso, Lagoa da Confusão, Aparecida do Rio Negro, Natividade e Palmeirópolis. A Secretaria do Planejamento e Orçamento programou o primeiro encontro para o dia 28 de agosto, no município de Tocantinópolis.
Encabeçado pela Federação das Indústrias do Estado do Tocantins (Fieto) e apoiado pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Sebrae e outras instituições, o movimento de organização e fortalecimento do setor vem ganhando corpo a cada encontro de trabalho e visitas técnicas às agroindústrias. Antes de entrar em crise, o Arranjo Produtivo Local (APL) da Cachaça chegou a produzir 500 mil litros. “O Tocantins tem na sua vocação o agronegócio, e a bandeira da Federação é a transformação dos insumos de qualquer indústria, seja ela grande ou pequena. O que não podemos é consumir farinha de mandioca importada do Nordeste se podemos produzir aqui mesmo”, ressalta o presidente da instituição, Roberto Pires, durante mais uma reunião com representantes, na semana que passou. “O Tocantins produz uma cachaça melhor do que Minas Gerais. O problema é que não se conseguiu fazer aqui um movimento empresarial forte. Resolvendo essa questão, o Estado terá uma excepcional cachaça, não tenho dúvida disso”, observa Eduardo Campelo, representante do Instituto Brasileiro da Cachaça de Alambique (IBCA).
Partidos e políticos se organizam nas bases municipais para se posicionarem melhor na sucessão estadual. Quem ganha e quem pode perder?

[caption id="attachment_42303" align="alignnone" width="620"] O jovem deputado tucano Alexandre Baldy, por
enquanto, é só indefinição | Foto: Renan Accioly[/caption]
O deputado federal Alexandre Baldy (PSDB) está realmente no páreo para ser o candidato tucano à Prefeitura de Anápolis? Esta é a pergunta mais recorrente entre os tucanos e simpatizantes do partido do parlamentar. O ex-secretário de Indústria e Comércio foi quinto deputado mais votado no Estado, com 107.544 votos nas eleições de 2014, e recebeu pouco mais de 29 mil votos somente dos eleitores anapolinos. Neste momento, o nome do jovem empresário de 34 anos não é lembrado por aqueles que vivem e fazem a política anapolina, porém não se pode considerá-lo uma carta fora do baralho no processo eleitoral de 2016.
Próximo do governador Marconi Perillo (PSDB) e benquisto pelo empresariado da “Manchester goiana”, o jovem parlamentar que até então se mantém discreto, poderá ser lançado ao desafio hercúleo de enfrentar nas urnas o prefeito João Gomes (PT). Isso porque se a engenharia política que está em curso não der certo, a qual objetiva formar uma aliança entre PT e PSDB, com o vereador Fernando Cunha Neto na vice do prefeito petista, Baldy surgirá como o candidato da unidade tucana.
O deputado pode ter adotado a velha estratégia de esperar ser aclamado por seus correligionários, ou seja, sem precisar impor sua candidatura. Esta situação pode ocorrer no momento em que o PSDB anapolino entender que será necessária uma candidatura consistente, não podendo se dar ao luxo de apenas cumprir tabela. Noutras palavras, seja qual for o candidato tucano, para enfrentar a máquina eleitoral de João Gomes e do ex-prefeito Antônio Gomide, será preciso um candidato que tenha estrutura. O que se tem de convicção entre os tucanos anapolinos é que apenas um quadro preencheria este pré-requisito básico: Alexandre Baldy.
Somente ter estrutura não é o suficiente para ganhar eleição. Se de fato for o candidato tucano a prefeito, Baldy vai precisar se aproximar mais da sociedade anapolina, ou seja, terá que descer da confortável SUV de fabricação inglesa e queimar a sola do sapato percorrendo a pé os bairros de Anápolis. Mais uma vez o homem de negócio terá que pendurar o terno Armani para receber o banho do povo vestindo a emblemática camisa azul com as mangas arregaçadas. Não será tarefa fácil, entretanto, para representar com altivez o partido do governador na cidade que sempre rendeu votações expressivas ao tucano chefe, qualquer sacrifício será válido.
Entrar para ganhar
Se Baldy for o candidato terá que entrar no jogo para ganhar. Isso porque, se sair derrotado em 2016, se fragiliza para um projeto ainda maior que é o governo estadual em 2018. Justamente por isso que há muitos políticos que apostam que a candidatura do empresário a prefeito não aconteceria neste momento. Mesmo com grande estrutura e com Marconi como principal cabo eleitoral, na atual circunstância seria muito difícil o deputado tucano vencer João Gomes. Seja qual for os desdobramentos desta história é bom ficar de olho em Baldy. É certo que, como candidato ou na condição de apoiador de outra candidatura, o tucano terá influência direta nos rumos do resultado do pleito municipal do ano que vem.A Prefeitura de Anápolis, em parceria com a Universidade Estadual de Goiás (UEG), convida a comunidade de idosos e pessoas de baixa escolaridade para aprenderem a usar a internet por meio de celulares e tablets, com o projeto Ciranda Digital da Cidadania. O programa Redes Digitais da Cidadania, financiado pelo Ministério das Comunicações e pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Goiás (Fapeg), terá início nesta segunda-feira, 10, e é gratuito. O projeto visa ensinar idosos e pessoas com baixa escolaridade a usar a internet conforme seus interesses pessoais e de trabalho. Para isso, o grupo ficará, de agosto de 2015 a junho de 2016, nas Praças Digitais de Anápolis, Telecentros Comunitários e outros espaços, para atendimento aos interessados nas oficinas de aprendizado. Basta chegar na praça, conforme calendário a seguir, e fazer sua inscrição com os bolsistas do projeto. As oficinas são gratuitas.
[caption id="attachment_42301" align="alignnone" width="620"] Um desfile cívico-militar marcou o 108º aniversário da cidade goiana[/caption]
Mais de 20 instituições civis e militares, representadas por cerca de 5 mil pessoas — crianças, jovens e adultos — se apresentaram para um público estimado de 10 mil cidadãos posicionados ao longo da Avenida Goiás, no perímetro entre as ruas Barão do Rio Branco e 14 de Julho. O sol estava forte, mas a temperatura amena contribuiu para que o desfile cívico-militar, realizado em comemoração aos 108 anos de emancipação política de Anápolis, transcorresse em um ambiente agradável e realmente festivo. No palco, montado em frente à Praça Bom Jesus para abrigar as autoridades, o prefeito João Gomes (PT) e a primeira-dama Lucimar Gomes, o secretário estadual de Cidades e Meio Ambiente, Vilmar Rocha, que representou o governador Marconi Perillo, e personalidades de diversos setores.
Com graça, elegância, disciplina e muita disposição, estudantes de diversas escolas da rede municipal de ensino, entre eles os pequenos alunos dos Centros Municipais de Educação Infantil, se apresentaram ao público. E, também, grupamentos da Base Aérea, da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e do Tiro de Guerra. As secretarias municipais e todos os órgãos participantes, cada uma à sua maneira, deu sua contribuição para tornar especial o dia da aniversariante.
O prefeito João Gomes destacou seu entusiasmo com o evento que encerra, oficialmente, a programação de aniversário da cidade e desenvolvida ao longo de todo o mês de julho, ao afirmar que há 31 anos – desde que passou a residir em Anápolis – é participante assíduo. “Antes vinha, como cidadão apaixonado pela cidade, assistir às apresentações e, agora, venho como cidadão que tem a responsabilidade política de zelar pelo seu desenvolvimento em todos os setores”, disse. Ele completou: “O anapolino é um povo forte, batalhador e que luta para que sua cidade cresça e permaneça um local onde é bom viver”.
O Centro de Convivência dos Idosos (CCI) preparou uma comemoração especial. Foi uma tarde dançante para celebrar o Dia dos Pais, realizada na tarde da sexta-feira, 7 na sede do CCI, localizada na Avenida Presidente Vargas, nº 19 – Vila Goiás, em Anápolis O evento contou com a realização de diversas atividades especiais destinadas aos pais. A programação é para os frequentadores do espaço que é administrado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social. Anualmente, o Centro promove comemorações especiais, de acordo com o calendário de festividades, visando aquelas datas mais importantes, a exemplo do Dia das Mães e também do Dia dos Pais. Para isso, o espaço conta com o auxílio de uma equipe cuidadosa a fim de promover entretenimento saudável à melhor idade.

Pai do ator manteve triângulo amoroso com sua avó e com sua mãe

[caption id="attachment_42287" align="alignnone" width="620"] Romário de Souza (direita) e Eurípedes Alcântara, editor da “Veja”: a revista apurou mal e errou; o senador quer e tem direito de cobrar indenização[/caption]
A “Veja” admitiu que errou ao publicar que o ex-jogador de futebol Romário de Souza Faria tinha um conta na Suíça com saldo de 7,5 milhões de reais. O banco BSI divulgou um documento esclarecendo a questão: “Nós estabelecemos como certo que este extrato bancário é falso e que o sr. Romário de Souza Faria não é o titular desta conta em nosso banco na Suíça”. A revista pediu desculpas ao senador do PSB do Rio de Janeiro. “Estamos revisando passo a passo o processo que, sem nenhuma má fé, resultou na publicação do extrato falso nas páginas da revista, evento singular que nos entristece e está merecendo toda atenção e cuidado para que nunca mais se repita”, publicou a revista, no seu portal.
A Editora Abril mantém uma das maiores estruturas jornalísticas do país e teria facilidade para enviar um repórter à Suíça em busca de informações detalhadas ou poderia ter remetido um e-mail. O BSI certamente diria se o extrato era verdadeiro ou não. Como sua fonte possivelmente é (ou era) “boa”, a “Veja” apostou tudo na “veracidade” do “documento”. O diretor de redação, Eurípedes Alcântara, deveria ter cobrado mais investigação de sua competente redação.
Porém, nos casos do mensalão e do petrolão, não há a menor dúvida de que as principais denúncias — comprovadas — foram publicadas pela “Veja”. O grau de acerto e de ousadia jornalística é alto. Os “adversários” da publicação da Editora Abril — muitos com a cabeça feita pela máquina de propaganda do PT — vão se esbaldar. Certamente vão transformar um equívoco numa avaliação geral das demais publicações. Entretanto, aquele que se der ao luxo de verificar, possivelmente concluirá que os acertos são bem maiores. Muito do que a imprensa está publicando sobre o petrolão saiu antes na “Veja”. Quem mais se aproxima da revista, em termos de jornalismo investigativo de qualidade, é o “Estadão” e, em terceiro lugar, a revista “Época”.
Filósofos da linhagem de Hannah Arendt e Isaiah Berlin sempre procuraram incentivar o leitor a perceber que as coisas têm gradações e que é preciso julgar e comparar. O erro da “Veja”, ainda que tenha “prejudicado” apenas um indivíduo, Romário, é grave e sugere que sua apuração jornalística contém falhas. Mas o que dizer da corrupção articulada por petistas, em doze anos de poder?
Para chegar ao poder, para acalmar sobretudo o mercado financeiro e os industriais, Lula da Silva divulgou a Carta aos Brasileiros. Doze anos depois, com o mensalão — que levou petistas proeminentes à cadeia, como José Dirceu, José Genoino (financeiramente, honesto; moralmente, é difícil avaliá-lo) e Delúbio Soares — e com o petrolão (enlamearam e endividaram a Petrobrás), o PT criou um sistema corrupto, inicialmente para continuar no poder e, em seguida, para alguns de seus líderes locupletaram-se, ao lado de políticos do PMDB, do PP e do PR.
Agora, inteiramente tragado e manchado pela corrupção — daí a rejeição de 71% da presidente Dilma Rousseff (individualmente, decente), segundo o Datafolha —, o PT não quer (ou não tem coragem de fazê-lo) divulgar a Carta aos Brasileiros 2. Se quiser “escapar” da lama, salvando parte de seus integrantes — a maioria é honesta —, o PT tem de cortar na própria carne. Mas como fazer isto se parte da cúpula do partido pode estar envolvida até a medula no lodaçal da corrupção?
A “Veja” cometeu um erro. Mas o erro do PT é muito maior. Alguns de seus integrantes, além de furtarem os cofres públicos — antes do poder, diziam que fariam governos éticos e atacavam com virulência gestores corruptos —, roubaram as esperanças dos eleitores brasileiros. O PT aumentou o descrédito das pessoas em relação à política, quando a política é fundamental para a organização e mudança da sociedade.
[caption id="attachment_42283" align="alignnone" width="620"] Cileide Alves (esquerda) e Silvana Bittencourt: se um dos consultores não aceitar a chefia da redação do “Pop”, a segunda é cotada para o posto[/caption]
Nas férias da editora-chefe de “O Popular”, Cileide Alves, a editora assistente Silvana Bittencourt assumiu o comando e seu trabalho foi observado com atenção pelos jornalistas Nelson Nunes e Fabrício Barcelos Cardoso, ex-“Diário de S. Paulo”, e pelo consultor Eduardo Tessler.
Convocados pelo consultor Eduardo Tessler para avaliar o jornal, Nelson Nunes e Fabrício Barcelos examinaram como a equipe montada por Cileide Alves — e desmontada pelo Grupo Jaime Câmara — edita o jornal. Repórteres ouvidos pelo Jornal Opção dizem que são profissionais “equilibrados” e “atentos” (Nelson Nunes seria um chefe “bem-humorado”). “Eles têm condições de apontar algum rumo para o jornal. Os repórteres dizem, ainda que apenas nos bastidores, que ‘O Popular’ está sem norte”, afirma um repórter.
Repórteres do “Pop” dizem que, inicialmente, ficaram com a impressão de que Nelson Nunes — ou Fabrício Barcelos — seria indicado para o cargo de editor-chefe, substituindo Cileide Alves, que seria promovida para uma diretoria. Em seguida, contam que ouviram dizer que os dois voltarão no fim do ano para São Paulo. “O que a gente ouve, na redação e nos corredores, é que do jeito que está [o jornal] não pode ficar”, relata uma repórter. A editora assistente Silvana Bittencourt, apontada como discreta mas eficiente, teria sido bem avaliada nas férias de Cileide Alves (o acesso do jornal na internet melhorou, com forte investimento em reportagens policiais).
O “Pop” deve estrear, brevemente, um novo projeto gráfico- editorial. Chegou-se a comentar que a diretoria quer mudar o formato do jornal, abandonando, como está ocorrendo noutros países, o standard pelo tabloide ou pelo modelo germânico (como o Jornal Opção). Mas há quem, na empresa, prefira manter o formato tradicional. A maioria dos executivos quer investir mais na internet, onde, admitem extraoficialmente, o “Pop” ficou para trás, em comparação com os grandes jornais brasileiros, como “Folha de S. Paulo”, “O Globo”, “O Estado de S. Paulo” e “Correio Braziliense”. O portal do “Pop” na internet é quase amador.

[caption id="attachment_39355" align="alignright" width="620"] Foto: Lailson Damasio[/caption]
O governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, e o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, do PT, estão cada vez mais próximos.
O tucano-chefe gosta do prefeito e tentava a aproximação há muito tempo, mas o irismo de Paulo Garcia impedia. Agora, que o PMDB irista não quer saber do PT e de Paulo Garcia, apesar dos salamaleques públicos, o tucano e o petista puderam se aproximar.
Internamente, Marconi sugere que Paulo Garcia vai recuperar sua imagem e que está trabalhando para melhorar Goiânia.
[caption id="attachment_42276" align="alignright" width="300"] Um livro brilhante sobre como
uma guerra, a Segunda, criou a
Guerra Fria, espécie de batalha
mais política do que militar[/caption]
A história às vezes é modorrenta, o tempo parece que parou. Porém, de repente, parece que tudo mudou. Fica-se com a impressão de que as forças da mudança — quiçá incontroláveis — “acordam”, de uma hora para outra, e (quase) tudo “muda”. De 1939 a 1945, quando começou e terminou a Segunda Guerra Mundial, o mundo mudou rapidamente. Atores principais, como Inglaterra e França, perderam espaço para atores secundários, como Estados Unidos e União Soviética, os dois novos impérios. Um livro sensacional, “Seis Meses em 1945: Roosevelt, Stálin, Churchill e Truman — Da Segunda Guerra à Guerra Fria” (Companhia das Letras, 493 páginas, tradução de Jairo Arco e Flexa), do jornalista Michael Dobbs, sugere que “quase todos os divisores de águas do princípio da Guerra Fria têm sua origem nos seis meses entre fevereiro e agosto de 1945, período que abrange a morte de FDR [Franklin Delano Roosevelt], o fim da Segunda Guerra Mundial, a desintegração da aliança anti-Hitler e a divisão da Europa em blocos políticos rivais”.
Muito do que Michael Dobbs conta não tem quase nada de novo. Mas duvido que outros historiadores contem tão bem uma história. O livro é desses que, quando o leitor o pega, não quer mais largar. É muito bem escrito, com os fatos históricos contados a partir da forte presença dos homens, com detalhes — sobre a comida, gostos e idiossincrasias dos líderes, como Stálin, Roosevelt, Winston Churchill e Harry Truman, além de auxiliares, como Averell Harriman, Harry Hopkins, James Byrnes, George Kennan (aqui e ali, erroneamente menosprezado pelo autor, que, ao final, faz justiça e reconhece a força de suas ideias), Molotov — que tornam a obra mais agradável e fácil de ler.
Na pena de Michael Dobbs, os encontros de Yalta (entre Roosevelt, Churchill e Stálin) e Potsdam (entre Truman, Churchill e Stálin) são relatados de maneira impagável. O leitor certamente perceberá o equilíbrio do autor ao tratar inclusive do ditador Stálin. Este, por sinal, ficou com medo da bomba atômica, mas, ao ser informado diretamente por Truman, fingiu não ter dado a mínima importância. Não moveu um músculo. Truman ficou impressionado. Tudo indica que Stálin “enganava”, se enganava, mais Roosevelt do que Truman. O mais provável é que Roosevelt, uma raposa política, tenha percebido cedo que o mundo, a partir de 1945, iria girar em torno de dois sóis, Estados Unidos e União Soviética, que um não poderia ignorar o outro.
Recomenda-se como leitura complementar os livros “A Cortina de Ferro — O Fim da Europa de Leste” (Civilização, 697 páginas, tradução de Miguel Freitas da Costa), da historiadora Anne Applebaum, e “História da Guerra Fria” (Nova Fronteira, 308 páginas, tradução de Gleuber Vieira), do historiador John Lewis Gaddis.
[caption id="attachment_42274" align="alignright" width="170"] O livro“Contos de Kolimá”, de Varlam Chalámov, é examinado como literatura pelos críticos literários e como história pelos historiadores. É uma obra-prima[/caption]
As editoras brasileiras descobriram a literatura russa, há alguns anos, e estão publicando traduções de qualidade. Boris Schnaiderman, Paulo Bezerra, Bruno Gomide, Nivaldo dos Santos, Aurora Fornoni Bernardini, Rubens Figueiredo e Irineu Franco Perpetuo são alguns dos tradutores que põem os brasileiros em contato, de maneira competente, com escritores como Púchkin, Gógol, Dostoiévski, Tolstói, Turguêniev, Tchekhov e Vassili Grossman. Agora, por recomendação de Boris Schnaiderman, a Editora 34 preenche uma grande lacuna e começa a publicar, a partir de agosto, os “Contos de Kolimá”, de Varlam Chalámov (1907-1982), em seis volumes. É a obra-prima literária — os russos misturam, com perspicácia, ficção e realidade, com uma iluminando a outra — sobre a vida desumana, e ainda assim demasiado humana, no Gulag.
Varlam Chalámov foi levado para Kolyma, na Sibéria — sob temperatura de -45º — e trabalhou praticamente como “escravo”. Mas sobreviveu, como Alexander Soljenítsin, para contar. Ele era preso político. Mas o que, exatamente, fez contra o governo do ditador Ióssif Stálin? Nada. Só não o apoiava. A Editora 34 vai publicar “Contos de Kolimá” (tradução de Denise Sales e Elena Vasilevich), em agosto, e, entre setembro e dezembro, “A Margem Esquerda” (tradução de Cecília Rosas), “O Artista da Pá” (tradução de Lucas Simone), “Ensaios Sobre o Mundo do Crime” (Francisco Araújo), “A Ressurreição do Lariço” (tradução de Daniela Mountian e Moissei Mountian) e “A Luva ou KR-2” (tradução de Nivaldo Santos). O time de oito tradutores é praticamente uma seleção.
Anote: é um dos maiores lançamentos do ano. Imperdível.
O que falta traduzir agora? Muito; por exemplo, o grande Alexander Herzen (1812-1870), escritor respeitado tanto por Lênin quanto pelo filósofo Isaiah Berlin. Este escreveu brilhantemente sobre Herzen no livro “Pensadores Russos” (Companhia das Letras).