Bastidores
Candidato a governador de Goiás, o peemedebista-chefe Iris Rezende faz o impossível para descolar sua imagem da do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, que é mal avaliado pela população. Iris Rezende evita até mesmo mencionar o nome de Paulo Garcia, para que os eleitores não identifique os dois como aliados e, nas visitas aos bairros, sempre faz questão de “esquecer” o petista. O peemedebista também faz questão de insinuar que Paulo Garcia não é um gestor eficiente. Iris Rezende garante que deixou 200 milhões de reais no caixa e o petista-chefe assegura que a prefeitura tem uma dívida de quase 400 milhões de reais. Quem está falando a verdade?
O prefeito de Anápolis, João Gomes, é empresário e um político atento. Ele sabe, como todos sabem, que o município não tolera Iris Rezende e o PMDB. Tanto que o partido morreu na cidade. Como quer ser candidato à reeleição em 2016, João Gomes disse que está apoiando a presidente Dilma Rousseff, mas não declarou voto em Iris Rezende. Na verdade, amigo pessoal o governador Marconi Perillo, seu voto pessoal vai para o tucano-chefe. Porém, devido a ser filiado ao PT, não vai fazer campanha direta para Marconi. João Gomes sabe que, se apoiar Iris Rezende para governador, pode encomendar caixão e vela preta como postulante à reeleição. O prefeito mostra que sua inteligência política é refinada e, sobretudo, demonstra personalidade para enfrentar setores do PT que, na prática, se tornaram servos do irismo.
O prefeito Paulo Garcia insiste que Iris Rezende (PMDB) vai ser eleito prefeito e que a presidente Dilma Rousseff vai ser reeleita. O petista garante que 2015 será o ano da “virada”. Com dinheiro em caixa, e apoio do governo federal, sobretudo se Dilma Rousseff for reeleita, garante que vai terminar as obras e construir outras, além de organizar o transporte coletivo da capital. Não se pode dizer que o prefeito Paulo Garcia é mal intencionado e corrupto. Não é. O que falta mesmo é um ajuste mais forte na máquina administrativa e coragem para afastar auxiliares que, mesmo improdutivos, passam o dia mentindo para o prefeito e dizendo que as coisas estão ótimas e que a culpada pela crise da prefeitura é imprensa.
O petista Gugu Nader, de Itumbiara, vai apoiar o governador Marconi Perillo no segundo turno. Modernidade. Gugu cansou de perder eleições e agora quer ficar mais próximo do governador goiano.
O presidente nacional do PHS, Eduardo Machado, pode assumir chefia da Sudeco, em caso de vitória tanto de Aécio Neves quanto de Dilma Rousseff. O PHS, com cinco deputados federais, passa a ter força no Congresso Nacional.
Se Vanderlan Cardoso (PSB) é um político que respeita suas bases eleitorais, se acata a decisão da maioria interna, então apoiará a candidatura do governador Marconi Perillo, do PSDB. PSB e PSC querem apoiar o tucano-chefe. Se acatar a pressão de líderes de outros partidos, como o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM), apoiará Iris Rezende, o candidato do PMDB ao governo. As bases “mandam” mais ou, então, Vanderlan é teleguiado por Caiado? No entanto, se pensar exclusivamente no seu futuro político, Vanderlan certamente não apoiará Iris. Imagine se o peemedebista optar por disputar a Prefeitura de Goiânia em 2016 ou então colocar sua filha Ana Paula para ser candidata a prefeita de Senador Canedo? O líder do PSB sabe, por certo, que Iris não cumpre acordos. Henrique Meirelles e Júnior Friboi estão aí para prestar um testemunho qualificado sobre como o peemedebista-chefe age.
A história a seguir tem sido contada por um deputado do PMDB. O ex-deputado federal Barbosa Neto, do PMDB neoirista, estava tomando café no shopping Bougainville, com um grupo de amigos, quando alguém da cúpula ligou:
— Barbosa, o PT formalizou apoio à candidatura de Iris Rezende para o segundo turno.
Barbosa Neto, desesperado, gritou:
— O quê?! Só faltava essa: você está me dizendo que o PT formolizou Iris?
— Não, Barbosa. Estou dizendo que o PT formalizou apoio à candidatura de Iris.
— Não estou entendendo. Você está me dizendo que o PT formolizou Iris? Se for, estamos liquidados.
Com muito custo, o irista conseguiu explicar-se ao neoirista, que, por fim, respirou aliviado, sugerindo que, com a adesão do PT, a derrota para o governador Marconi Perillo será menos acachapante.
O parlamentar frisa que o PSD elegeu dois deputados federais e cinco deputados estaduais
A deputada federal Iris Araújo, de 71 anos, decerto não pensou bem ao arranjar uma explicação para sua derrota na eleição deste ano. Ela disse que perdeu porque fez uma campanha “limpa e transparente”.
Porém, isto quer dizer que em 2010, quando obteve uma votação estupenda, não foi eleita devido a uma campanha “limpa e transparente”? Certamente não foi o que quis dizer a peemedebista, mas suas palavras sugerem que quem foi eleito não fez uma campanha “limpa e transparente”.
Na verdade, Iris Araújo se tornou umas políticas mais rejeitadas por seu próprio partido. Talvez deva buscar as razões de sua derrota a partir disto e de outras implicações — como fadiga de material, desejo de renovação.
O ex-prefeito de Anápolis Antônio Gomide (PT) não tem qualquer simpatia pessoal por Iris Rezende, o peemedebista-chefe. Mas vai apoiá-lo para governador, no segundo turno, por ter negociado o apoio do candidato à presidente Dilma Rousseff. Uma meia verdade, sem dúvida, porque Iris não tem outra alternativa senão apoiá-la, porque Aécio Neves é bancado pelo governador Marconi Perillo. Ao apoiar Iris Rezende, submetendo-se mais uma vez ao PMDB, Gomide praticamente rompe com Anápolis (que o adora), que rejeita qualquer aproximação com o peemedebista. Leia aqui e cobre depois: a votação de Iris na cidade vai ser irrisória, mesmo com o apoio de Gomide.
A presidente da República e a candidata a senadora ficaram em terceiro lugar no município em que o petista é a principal força eleitoral
O empresário Vanderlan Cardoso, do PSB, não conseguiu eleger nenhum deputado federal e estadual de sua cota pessoal. Os eleitos de sua aliança política não têm a ver, ao menos não diretamente, com o apoio do ex-prefeito de Senador Canedo. Simeyzon Silveira, eleito para deputado estadual, tem capital político próprio – derivado de ser evangélico. Se não disputar a Prefeitura de Senador Canedo, Vanderlan Cardoso ficará, mais uma vez, quatro anos fora da política – caindo no esquecimento. Analistas políticos recomendam que o líder do PSB repense seu projeto político. Disputar a Prefeitura de Goiânia seria uma alternativa, mas, sem uma aliança política sólida, o empresário seria derrotado mais uma vez, acredita-se. Vanderlan Cardoso tem capital político, é articulado, mas não sabe organizar alianças políticas. Isolado, vai sempre continuar o tipo de terceira via que disputa, até incomoda, mas não ganha eleição.
O presidente nacional do PHS, Eduardo Machado, um gigante na articulação política, sempre disse que o partido elegeria pelo menos três deputados estaduais em Goiás. Elegeu dois, Jean Carlo, de Itaberaí, com quase 35 mil votos, e Chiquinho de Oliveira. Jean Carlo, com uma votação expressiva, é cotado para, em 2016, disputar a Prefeitura de Itaberaí. Ele é ligado ao empresário José Garrote. Chiquinho Oliveira, embora marinheiro de primeira viagem na Assembleia Legislativa, tende a disputar a presidência. Ele tem o apoio de dois pesos-pesados: o governador Marconi Perillo e o presidente da Agetop, Jayme Rincon.
Grupo da senadora Lúcia Vânia (PSDB) e o PPS ficam mais fortes com a vitória de Marcos Abrão para deputado federal. O PPS deixou de ser uma confraria de amadores, em Goiás, para se tornar um partido mais sólido, com representação parlamentar no plano nacional.
A partir de agora, o PPS de terá maior participação no governo estadual, isto, é claro, se o governador Marconi Perillo for reeleito no segundo turno. Pode indicar até um secretário de Estado.

[caption id="attachment_17108" align="alignleft" width="300"] Marconi Perillo e Eduardo Machado: o segundo, presidente do PHS, articula para o primeiro disputar a Presidência da República[/caption]
O tucanato nacional começa a perceber que é preciso alargar o olhar para terras distantes da política do café com leite — São Paulo e Minas Gerais — e por isso está observando com atenção a desenvoltura do governador de Goiás, Marconi Perillo. O tucano-chefe goiano, se reeleito, pretende abrir fronteiras e disputar a Presidência da República, possivelmente enfrentando Lula da Silva, do PT, em 2018. Isto, é claro, se Aécio Neves perder espaço no plano federal.
A cúpula nacional do PSDB avalia que Marconi tem discurso, gestão de qualidade para exibir para o País — tucanos de vários Estados estão de olho no Centro de Reabilitação e Readaptação e nos centros de recuperação de dependentes químicos (Credeqs), que, se funcionarem bem, deverão se tornar referência nacional, assim como o Crer já é — e agressividade necessários para disputar a Presidência.
O presidente do PHS nacional, o goiano Eduardo Machado, afirma que já conversou a respeito com Marconi. “Se reeleito, terá, em 2018, governado Goiás por quatro mandatos, um fato único na história do Estado. Por isso convém arriscar pôr um pé na política nacional. Marconi tem cacife. Em 2018, aos 55 anos, amadurecido mas ainda jovem, será o nome apropriado, por ser um gestor competente — respeitado pela presidente Dilma Rousseff, por exemplo —, para a disputa da Presidência. Uma coisa é certa: o jovem tucano não teme desafios.”
Eduardo Machado, que circula por todo o País como líder máximo do PHS, afirma que vai participar diretamente da articulação para projetar Marconi nacionalmente. “Estou empolgado e acredito que o projeto do tucano goiano é viável. Marconi é visto, em todo o País, como um político diferenciado, como o gestor que, mesmo com recursos escassos, é criativo e que consegue ‘tirar’ as ideias do papel e construir as obras.”