Moro não responde perguntas e diz que ação de cassação é ‘castelo de cartas’
08 dezembro 2023 às 08h46
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O senador Sergio Moro (União-PR) foi ouvido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) no processo que pode resultar na cassação de seu mandato. Moro refutou a existência de irregularidades nos gastos de sua campanha, optando por não responder às perguntas das partes envolvidas, limitando-se a fornecer esclarecimentos apenas às indagações do juiz responsável pelo caso.
A coligação Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), parte demandante em uma das ações, elaborou mais de 200 perguntas. Vale destacar que Moro não estava obrigado a comparecer ao depoimento nem a responder aos questionamentos. Após sair do prédio da Justiça Eleitoral, Moro dirigiu-se à imprensa, reafirmando que todos os seus gastos de campanha foram devidamente declarados e cumpriram as normativas legais.
Ao comentar as acusações que enfrenta, Moro mencionou que se depara com uma série de alegações vazias, comparando-as a um “grande castelo de cartas” que começou a ser desmontado naquele dia. As ações na Justiça Eleitoral acusam o senador de abuso de poder econômico, abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação durante a campanha para o Senado.
Um dos processos é movido pelo diretório estadual do PL, com respaldo do presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, que é o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, com quem Moro se aliou na campanha de 2022 contra o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A segunda ação é movida pela Federação Brasil da Esperança, questionando gastos na pré-campanha e na campanha, incluindo aquisição de carro blindado, celular, eventos partidários e viagens.
Moro ressaltou sua indignação quanto à alegação de que gastos com segurança deveriam ser considerados para a cassação de seu mandato, explicando que tais despesas foram negociadas com os partidos como condição para lançar sua candidatura.
O senador também relacionou as ameaças que recebeu, como o plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) para sequestrá-lo e matá-lo, descoberto pela Polícia Federal em março. Ele argumentou que sua atuação na Operação Lava Jato e no Ministério da Justiça o tornaram alvo, considerando o contexto de uma eleição polarizada e o risco de atentados.
Além das ações na Justiça Eleitoral, Moro está sendo investigado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que apura se ele utilizou a magistratura com objetivos político-partidários e se cometeu irregularidades na gestão das multas dos acordos de delação e leniência homologados na Lava Jato. O ministro Luis Felipe Salomão, corregedor nacional do CNJ, deu início a esse processo, seguindo um precedente que tornou Deltan Dallagnol inelegível.
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