Andreson de Oliveira Gonçalves, lobista sob investigação por suspeita de negociar decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ), teve um aumento patrimonial de 3.052% entre 2014 e 2015, conforme apontado pela Polícia Federal. Seu patrimônio saltou de R$ 305 mil para R$ 9,3 milhões no período, sem que houvesse comprovação de fontes financeiras que justificassem esse crescimento. De acordo com a Receita Federal, há inconsistências nos dados declarados, incluindo omissão de fontes pagadoras e movimentações financeiras incompatíveis com os rendimentos informados.

A investigação teve início em Cáceres (MT), onde Andreson foi originalmente acusado de tráfico de drogas em 2015, após uma viagem à Bolívia e contato com o advogado de um traficante preso. Embora tenha sido absolvido dessas acusações em 2018 por falta de provas, os dados financeiros levantados no processo motivaram a abertura de um novo inquérito por suspeita de lavagem de dinheiro. Atualmente, a defesa do lobista tenta transferir o caso de uma vara especializada em lavagem de dinheiro para a vara federal de Cáceres, argumentando que o processo teve origem na cidade.

Além das acusações de enriquecimento ilícito, Andreson é investigado por suposta participação em um esquema de venda de decisões judiciais no STJ e em tribunais estaduais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Ele era apontado como intermediário de magistrados e do advogado Roberto Zampieri, assassinado em 2022. As mensagens encontradas no celular de Zampieri indicaram negociações envolvendo decisões judiciais, resultando no afastamento de dois desembargadores e na abertura de processos administrativos contra servidores do STJ.

O lobista alega exercer atividades empresariais lícitas desde 1996 e atuar como advogado em sociedade com sua esposa, embora não tenha registro profissional. A defesa também argumenta que as movimentações financeiras decorrem de suas atividades regulares, tese questionada pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo o Ministério Público, a evolução patrimonial de Andreson e as vultosas transações financeiras sugerem a prática de atos criminosos.

As apurações sobre o suposto esquema de venda de decisões judiciais, envolvendo magistrados e servidores do STJ, tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) sob a relatoria do ministro Cristiano Zanin. A investigação busca esclarecer a extensão das irregularidades e responsabilizar os envolvidos, enquanto Andreson continua a enfrentar acusações de enriquecimento ilícito e prática de crimes financeiros.