A Justiça absolveu 17 policiais militares acusados de ocultar o cadáver de Célio Roberto Ferreira de Souza em uma borracharia de Goiânia. O crime ocorreu em 2008, sendo que o grupo foi julgado apenas em 2018, ocasião em que parte dos militares foi inocentada do crime de tortura seguida de morte. 

A decisão é do juiz federal Alderico da Rocha Santos, da 5ª Vara da Seção Judiciária de Goiás, que entendeu que as provas produzidas em juízo não são suficientes para corroborar o decreto condenatório. 

“Existem muitas divergências nas informações trazidas pelas testemunhas, tanto que não há similitude em informações básicas como o número de viaturas que participaram da operação e em qual delas a vítima teria sido levada”, concluiu o juiz.

O caso foi federalizado em dezembro de 2014 depois que a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou a inércia do Poder Judiciário, Ministério Público (MP) e Estado de Goiás na apuração dos crimes. Além dos 12 envolvidos diretamente na tortura, segundo o Ministério Público Federal (MPF), também foram denunciados outros cinco que faziam cobertura da ação criminosa.

Crime

Conforme o MPF, na noite de 11 de fevereiro de 2008, 12 policiais das Rondas Ostensivas Táticas Metropolitana (Rotam) entraram em uma borracharia à procura de um traficante conhecido como “Pica-pau” e flagraram um grupo consumindo crack.

Os PMs não encontraram o traficante. No entanto, passaram a torturar as cinco pessoas que estavam no local: Érica Beatriz Pereira da Silva, Deusimar Alves Monteiro, Almiro Martins Miranda, um homem identificado como “Júnior Bodinho” e Célio Roberto Ferreira de Souza. Esse último não resistiu e morreu, sendo que corpo nunca foi encontrado.

Um das testemunhas, identificada como Daniela, que é mãe do filho da vítima, relatou que viu quatro viaturas no local, com pedido de policiais para que todos saíssem de perto e que as sessões de tortura duraram das 19h às 22h. Uma pessoa que ficou escondida em uma árvore disse ter visto o momento em Célio Roberto saiu morto em uma das viaturas, a última a deixar o local.

A mãe da vítima, Maria Aparecida Ferreira de Souza, relatou que se tratavam de cinco viaturas e que cada um dos torturados saiu em uma viatura diferente, sendo que o filho dela saiu na primeira.

“Enquanto Daniela afirmou serem quatro viaturas e que Célio foi levado na última delas, Maria Aparecida informou serem em número de cinco e que Célio saiu desacordado na primeira viatura Ausente, portanto, a comprovação inequívoca de que os acusados ocultaram o corpo de Célio Roberto Ferreira de Souza, a absolvição é medida que se impõe”, considerou o magistrado.