Neste sábado, 31 de agosto, o Brasil enfrenta uma situação inédita com o início do bloqueio gradual da rede social X, anteriormente conhecida como Twitter. A decisão foi tomada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e começou a ser implementada à meia-noite. 

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) tem até às 17h para informar mais de 20 mil operadoras de telecomunicações sobre a suspensão da plataforma. As operadoras têm um prazo de cinco dias após a notificação para cumprir a ordem.

A medida foi decretada após desrespeitos por parte do X e de seu proprietário, Elon Musk, às ordens judiciais de Moraes. Em 7 de agosto, Moraes havia ordenado que o X bloqueasse perfis que supostamente disseminavam desinformação e realizavam ataques à democracia. 

Com o não cumprimento, foi aplicada uma multa diária de R$ 50 mil. Em 17 de agosto, o X anunciou a suspensão das atividades no Brasil, logo depois, Moraes determinou o bloqueio das contas bancárias da empresa e da Starlink, outra propriedade de Musk, devido a uma dívida acumulada de aproximadamente R$ 18,3 milhões.

O presidente da Anatel, Carlos Manuel Baigorri, confirmou o recebimento da intimação e informou que a agência já notificou as principais operadoras de telecomunicações, como Vivo, Claro e Tim. Essas operadoras agora têm até cinco dias para implementar o bloqueio conforme a decisão de Moraes. 

A medida reflete uma escalada no confronto entre o STF e o magnata Elon Musk, que não apenas desrespeitou ordens judiciais, mas também deixou de nomear um representante legal no Brasil, o que é exigido pela legislação local para o funcionamento de empresas de tecnologia.

A decisão de Moraes gerou uma onda de reações tanto no Brasil quanto internacionalmente. Elon Musk usou suas redes sociais para criticar a decisão, acusando o governo brasileiro de tentar silenciar a liberdade de expressão e de manipular a democracia para fins políticos. 

Ele afirmou que o Brasil tem “medo” da verdade e que sua decisão visa destruir a liberdade de expressão. Musk também chamou Moraes de “pseudojuiz não eleito”, intensificando o confronto público entre o empresário e o Judiciário brasileiro.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) manifestou preocupação com a medida, especialmente com a multa de R$ 50 mil para quem utilizar VPNs para acessar o X. A OAB alegou que a decisão pode afetar não apenas os usuários da rede social, mas também instituições e empresas que utilizam VPNs para comunicações seguras e privadas. 

A Ordem anunciou que entrará com um pedido de revisão no STF, buscando uma revisão ou esclarecimento sobre este ponto específico da decisão. Além disso, a decisão de Moraes está prevista para ser discutida no plenário do STF. 

Alguns ministros expressaram preocupações sobre a demora para resolver inquéritos relacionados a fake news e milícias digitais, mas a maioria parece apoiar a ação de Moraes, vendo-a como necessária para garantir o cumprimento das ordens judiciais e a autoridade do Judiciário frente a plataformas que não respeitam as leis brasileiras. A discussão no plenário será crucial para confirmar e validar a decisão, considerando as implicações para a liberdade de expressão e o impacto na sociedade.

No Senado, a decisão de bloquear o X também gerou reações intensas, especialmente entre senadores aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Políticos como Eduardo Girão, Izalci Lucas, Damares Alves e Hamilton Mourão acusaram Moraes de atacar a liberdade de expressão e questionaram a legalidade da decisão. 

No entanto, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, descartou a possibilidade de impeachment de Moraes, defendendo a separação entre poderes e a autonomia do Judiciário. O bloqueio do X pode ter impactos significativos não apenas para a plataforma e seus usuários, mas também para várias instituições que utilizam VPNs para suas operações. 

A medida afetará empresas e entidades como a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República, que dependem dessas ferramentas para comunicação segura. Além disso, a decisão pode gerar uma onda de protestos e debates públicos, especialmente com a proximidade das eleições municipais.

Enquanto o STF se prepara para discutir a medida em plenário, o cenário é de tensão e incerteza. A decisão de Moraes destaca o crescente confronto entre o poder Judiciário e as grandes plataformas de tecnologia, levantando questões importantes sobre a soberania judicial, a liberdade de expressão e o papel das redes sociais na democracia. A situação continua a evoluir e será acompanhada de perto por todos os envolvidos e pela opinião pública.

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