“Tem dias que a gente se sente/ Como quem partiu ou morreu/ A gente estancou de repente/Ou foi o mundo então que cresceu/ A gente quer ter voz ativa/ No nosso destino mandar/ Mas eis que chega a roda-viva/ E carrega o destino pra lá/ Roda mundo, roda-gigante/ roda moinho, roda pião/ o tempo rodou num instante/ nas voltas do meu coração.” Terceiro lugar no terceiro Festival de Música Popular Brasileira, em 1967, e incluída no álbum “Chico Buarque de Hollanda – Volume 3”, de 1968, “Roda Viva” virou símbolo da resistência cultural à ditadura militar.

Ouvida pelo avesso, a canção virou arma de protesto de apologistas do regime autoritário iniciado em 1964. No ano passado, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou a canção em uma postagem nas redes sociais, que foi retirada por ordem judicial. A ação tramita na justiça e a audiência de conciliação entre Chico e Eduardo Bolsonaro terminou sem acordo nessa quinta-feira, 3. Ela foi realizada de forma virtual, no 6º Juizado Cível da Comarca da Lagoa, onde a ação tramita, e foi presidida pela juíza Keyla Blank de Cnop.

Como as partes não chegaram a um acordo, isso significa que a juíza do caso deverá decidir se a música composta por Chico Buarque foi usada indevidamente na publicação do deputado. Caso a decisão seja favorável ao cantor, a magistrada vai determinar o valor da indenização. A próxima audiência do caso está prevista para 23 de agosto, data na qual a decisão será lida.

Relembre o caso

Nas redes sociais, em 5 de novembro do ano passado, Eduardo Bolsonaro usou a música para falar sobre uma suposta ditadura do judiciário brasileiro e ilustrou a postagem com fotos de expoentes da extrema direita no país: os jornalistas Augusto Nunes e Guilherme Fiuza, o empresário Luciano Hang, a deputada federal Carla Zambelli e deputado Nikolas Ferreira. Por conta disso, Chico Buarque que é crítico do deputado e da família Bolsonaro, pediu a retirada da canção e a ação foi parar na justiça.

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