Polarização pode reduzir votos brancos e nulos nas eleições, diz professor da UFG
06 setembro 2022 às 13h29
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Estudo que comparou as pesquisas eleitorais mais recentes com o resultado oficial dos últimos sete pleitos, divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostrou que taxas de 28 anos atrás mostravam variação entre 4,06% e 6%, de votos nulos, em comparação com 4% em 2022, de acordo com o instituto Datafolha. Com isso, as eleições presidenciais de 2022 podem ter o menor número de votos brancos e nulos desde 1994. O levantamento foi feito pelo portal de notícias Metrópoles.
A respeito do prognóstico, o professor de Ciência Política da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (FCS-UFG), Pedro Santos Mundim, classificou para o Jornal Opção a situação como “interessante”.
“Quando se tem um grande percentual de votos brancos e nulos é porque o eleitor está indiferente com as opções que estão sendo colocadas à mesa. Ele olha para os candidatos e pensa que não faz muita diferença votar na ‘opção A’ ou na ‘Opção B’”, afirmou o cientista político, considerando fascinante a queda de tais escolhas durante as pesquisas porque observa menos pessoas delegando a decisão para outras. “No caso, pode ser um efeito dos próprios candidatos, que podem não ser muito extremados, ficando mais em cima do muro em temas polêmicos. Também sendo mais de centro, com mais similaridades nas políticas e pautas apresentadas, mesmo estando em partidos diferentes. Ou, ainda, um efeito das campanhas, que também não estão sendo feitas com muito extremismo, e da própria dinâmica da disputa”, completou.
Mundim destacou que a situação das disputas eleitorais de 2022 é outra, sendo um momento de polarização com candidatos e eleitores marcando muito as suas diferenças ideológicas. “As polarizações em si fazem com que os eleitores tendem a se posicionar em relação aos candidatos, assim o percentual de votos brancos e nulos diminui”, conta. O professor ainda destacou a popularidade dos presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro.
“É um ex-presidente (Lula) que deixou o poder de uma forma muito popular e o atual presidente (Bolsonaro) que possui seguidores muito apaixonados. Isso naturalmente faz com que as pessoas se posicionem dentro da disputa. Tal polarização pode ter gerado esse efeito de intensidade na disputa política que foi ficando mais alta e com as pessoas se posicionando de maneira mais substantiva. Ainda existe um dado interessante de isso faz com que os eleitores percebam essas duas principais forças como bastante antagônicas”, explicou o cientista político.
Por outro lado, Pedro também ressaltou que o efeito da polarização ainda pode aumentar o número de eleitores no dia 2 de outubro e reduzir a quantidade de abstenção. “Se tivesse que apostar, eu diria que o comparecimento poderá ser até mais alto que as eleições anteriores”, afirma. O professor ainda destacou que tais dados são difíceis de serem captados nos levantamentos.
O docente ainda ressaltou que as pesquisas eleitorais são um “retrato do momento e nada foge a essa regra, assim como os próprios institutos dizem”. Por isso, não deve haver tantas discrepâncias entre os levantamentos e os resultados eleitorais.
Dessa forma, o cenário de menos votos brancos e nulos deve se manter. “A tendência é que os resultados se aproximem das pesquisas, principalmente das boas pesquisas. Eu acho difícil, mas podem acontecer coisas no dia da eleição que modifiquem esse cenário”, disse o analista.
O que são votos brancos e nulos?
Uma dúvida que atravessa eleições sempre será a definição de votos branco e nulos, além da diferença entre cada um. Entretanto, segundo o Glossário Eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o voto em branco é a opção em que o eleitor não manifesta preferência por nenhum dos candidatos. Já o voto nulo é aquele no qual o eleitor opta em anular o seu voto. Atualmente, as duas opções não são contadas como votos válidos.
Para votar em branco, o eleitor apenas precisa pressionar a tecla “branco” na urna e depois selecionar a tecla “confirma”. Por outro lado, para o voto nulo é necessário digitar apenas um número inexistente de candidato ou legenda e depois apertar a tecla “confirma”.