Candidatos abrem mão do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário, em Goiás
19 setembro 2022 às 17h07
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É possível fazer uma campanha eleitoral sem gastos exorbitantes, abrindo mão, inclusive, de recursos oriundos do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário? Sim, segundo a advogada e candidata à deputada estadual pelo Progressistas, Thaís Gomes de Souza, ou Thaís da Aspaan, como é mais conhecida em Anápolis, cidade onde já conquistou dois mandatos consecutivos como vereadora com um orçamento enxuto.
Agora, na nova disputa, ela decidiu abrir mão dos recursos tanto do Fundo Eleitoral, quanto do Fundo Partidário. “Minha campanha será feita com pé no chão, com doações de particulares, andando, conversando com as pessoas, igual sempre fiz antes”, relata. Thaís conta que na última eleição que disputou, em 2020, enquanto outros candidatos chegaram a gastar cerca de R$ 800 mil, ela conseguiu ser eleita vereadora com a terceira maior votação, gastando aproximadamente R$ 30 mil.
Ocupando seu segundo mandato como vereadora em Anápolis, Thaís entende que sua decisão de não aceitar recursos públicos para financiar sua campanha é também uma importante mensagem política. “Eu vejo que estamos vivendo um momento em que a população sofre sem saúde, sem educação de qualidade, sem moradia, saneamento básico, sem alimentação e mesmo assim foram destinados R$ 4,9 bilhões para o Fundo Partidário que é um dinheiro que deveria estar nos cofres públicos para atender as necessidades reais da população”, frisa a candidata ao questionar o volume financeiro destinado para financiamento público de campanha. “Eu sei que esses recursos do fundo são uma verba carimbada, que não pode ser usada, mas acho errado usar dinheiro público para fazer campanha eleitoral”, completa.
O cientista político Daniel Medina observa que tem se tornado mais frequente a decisão de candidatos nessa direção, e avalia como corajosa e acertada a decisão de alguns candidatos que estão abrindo mão de recursos públicos para financiar suas campanhas. “Do ponto de vista estratégico, se for bem comunicada e bem explicada ao eleitor, gera uma atração de votos muito positiva”, afirma. Por outro lado, não se pode parar por aí. “O candidato precisa ter propostas e também comunicá-las bem.”
Contrário ao financiamento público de campanhas políticas, Medina argumenta que o valor destinado ao Fundo Eleitoral deveria ser alocado para áreas essenciais da sociedade, como educação, saúde e segurança, e não para financiar partidos políticos. “É um recurso que daria para fazer muita coisa”, contesta.
O cientista político rebate a alegação daqueles que defendem o uso de recursos públicos em campanhas eleitorais como uma forma de democratizar a participação política. “Esse é um argumento apresentado por muitos partidos tradicionais, que não obstante, são os que recebem a maior parte do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário. Mas quem gosta ou se identifica com alguma agremiação política e acredita nos projetos que de um candidato apresenta, porque não financiar com seu próprio recurso, dentro do limite financeiro de cada um?, questiona. Para Medina, essa democratização da participação política passa por uma conscientização e um letramento político maior da nossa sociedade.
Mensagem política
Ao explicar às pessoas que não está recebendo nenhum recurso público para fazer sua campanha para uma vaga como deputada estadual, Thaís revela que recebeu muitas mensagens positivas por parte dos eleitores. “Muita gente me parabenizou por essa minha atitude e vi que estou no caminho certo. Estou fazendo agora a minha campanha do mesmo jeito que fiz antes, com pouco dinheiro, caminhando e conversando com as pessoas”, revela.
Para Thaís, os votos devem vir por meio do reconhecimento de um bom trabalho, não porque se gastou muito numa campanha eleitoral. “Fiz uma campanha pequena, na minha reeleição também foi assim e agora do mesmo jeito. Felizmente nesses dois mandatos consegui fazer um bom trabalho, não só na causa animal, e tenho tido um bom reconhecimento por parte da população. Nós, por exemplo, conseguimos trazer mais de 5 milhões de reais em emendas para a cidade de Anápolis para serem usadas nas áreas de saúde, educação, para a mobilidade urbana. Então temos feito um trabalho político não só voltado para a causa animal, mas também para as pessoas”, afirma a candidata.