Obama realmente tem um plano para o Irã ou só está blefando?
10 maio 2014 às 14h29
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Há dúvidas sobre a capacidade de o presidente norte-americano em parar
a corrida nuclear do país dos aiatolás
“A Casa Branca acredita que a diplomacia é o melhor caminho para interromper o programa nuclear do Irã.” Essa foi a primeira declaração que a conselheira de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Susan Rice, emitiu assim que aterrissou em Israel. Com o fracasso da mediação de um acordo de paz entre palestinos e israelenses, o governo americano volta à cena em Israel, desta vez para discutir os próximos passos em relação ao Irã e atuação do Estado judeu diante de um possível acordo entre as potências mundias e os aiatolás.
Essa é a primeira visita oficial de Susan Rice a Israel desde que assumiu o cargo. A conselheira de segurança antes ocupava a cadeira de embaixadora dos EUA para a ONU e é uma das pessoas mais próximas ao presidente Barack Obama. Rice se encontrou com o primeiro-ministro Benyamin Netanyahu e com o presidente Shimon Peres (que deixa o cargo no mês que vem). Junto com ela um grupo de experts em segurança, oficiais da inteligência e militares americanos, que vieram estabelecer planos de desfesa e ataque. Rice tem a missão de ouvir e tentar entender a posição israelense ao programa nuclear do Irã. Israel vê a questão como um problema “existencial”, já deixou claro que não vai permitir que o país persa desenvolva armas nucleares e ameaça com um ataque. O presidente Barack Obama pensa diferente, e acredita que a diplomacia e ameça de sanções econômicas são suficientes para conter um Irã nuclear.
O que os líderes israelenses e a conselheira conversaram não foi divulgado. Mas nos bastidores o premiê demonstrou preocupação de que um “péssimo acordo” está em andamento. Um site israelense revelou que durante a conversa Netanyahu enfatizou que o Irã não pode obter a bomba atômica. “A República Islâmica já possui milhares de centrífugas e toneladas de urânio enriquecido que podem ser utilizados para fabricação de armas nucleares. Um acordo prevê que tudo isso será preservado, e assim possibilitá-los de capacidade suficiente para ativar esse mecanismo a qualquer momento.
E isso é um péssimo acordo”, disse o premiê de Israel ao governo americano. “Um país que mata seus próprios cidadãos de formas brutais, patrocina o terrorismo global, tem como slogan ‘morte à América’ e demonstra determinação em adquirir habilidade para desenvolver armas nucleares e lançá-las em várias partes do mundo, e ainda ameaça com a destruição de Israel, nossa preocupação é absoluta”, disse o líder israelense a Susan Rice.
Mas será que o presidente Obama é capaz de interromper o Irã? Na verdade, essa não é principal questão. Diplomatas e líderes do mundo inteiro se perguntam, na verdade é até que ponto Obama está comprometido em parar os teocratas revolucionários em sua corrida nuclear. Será que esse é o principal objetivo de Obama? No mundo diplomático que discute a disputa entre o Irã e os Estados Unidos, a conversa é outra. Muitos afirmam que um acordo final estará recheado de cinismo, fingimento e medo. Os iranianos aparentemente vão renunciar ao programa de armas nucleares e as potências vão fingir que acreditaram.
Obama já declarou estar “cansado” de conflitos militares, insistiu (mesmo indo contra as evidências) que a Al Qaeda estava praticamente aniquilada, reduziu o orçamento militar, voltou atrás em uma ordem de ataque na Síria e respondeu de forma vergonhosa à incursão militar russa na Ucrânia que acabou com a anexação da Crimeia. Aos olhos do mundo, diante de tantos tropeços, o presidente americano foi perdendo credibilidade. O fim da negociação de paz entre palestinos e israelenses e um acordo com o Irã eram a cereja e a calda que faltavam nesse bolo de fracassos recheado de tentativas frustradas de intervir no quintal dos outros.