Era o ano de 1968, Os Beatles lançavam o “White Album” e a Jovem Guarda reinava com Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderleia. A música era jovem e os jovens pretendiam dominar o mundo. Aqui no Brasil, artistas como Luiz Gonzaga eram considerados ultrapassados. Será que não havia espaço para o Rei do Baião? Ah, mas é claro que tinha! Por que não unir o antigo e o moderno? Eis que, em 1968, saiu a notícia de que os Beatles iriam gravar “Asa Branca”, do Gonzagão. Logo a imprensa divulgou a notícia e a simples ideia de que a sanfona iria se juntar às guitarras já fazia muita gente voltar a se interessar por Luiz Gonzaga, o baião e o forró.

Mas tudo não passou de um boato. Os Beatles continuaram em Abbey Road e não gravaram “Asa Branca”. O autor da fake news foi Carlos Imperial. Tá vendo por que ele era chamado de “rei da Pilantragem”? A intenção era resgatar Luiz Gonzaga, voltar os holofotes para ele. Fazer o Rei do Baião conhecido pela juventude que só ouvia iê-iê-iê. Quando os Beatles e a Jovem Guarda estouraram nas paradas de sucesso, Luiz Gonzaga já tinha muita música que já fizeram história.

Ele nasceu em 13 de dezembro de 1912 em Exu, interior do Pernambuco. Desde menino gostava de música e já era conhecido nas rádios locais. Não demorou para que Gonzaga se mudasse para o Rio de Janeiro em busca de um lugar ao sol. Isso aconteceu em 1947 quando compôs “Asa Branca”, em parceria com Humberto Teixeira. O sertão nordestino foi a temática de suas músicas. Com a sanfona no peito e vestindo roupa de cangaceiro, lá foi Luiz Gonzaga fazer história com a música do Nordeste.

A música estava em seu sangue e isso foi passado para o filho Gonzaguinha, exímio cantor e compositor. A relação entre os dois teve altos e baixos. Enquanto Gonzagão cantava o jingle da campanha de Jânio Quadros e Carlos Lacerda, em 1960, Gonzaguinha seguia nas músicas de protesto.

Gonzagão morreu em 1989 deixando um legado imenso para a nossa música. Os Beatles não gravaram “Asa Branca”? Azar dos Beatles!