Nara Leão morava na Avenida Atlântica, em Copacabana, no Edifício Champs-Élysées. Foi no apartamento dela que os primeiros acordes da Bossa Nova começaram a ser tocados. Hoje, na frente do prédio, tem uma placa que recorda ali como o berço da Bossa Nova. A gente passa na frente, vê o portão e logo já imagina Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Carlinhos Lyra e tantos outros adentrando para subir até o apartamento da família Leão.

Com o passar do tempo, a suave batida da Bossa Nova deu lugar às guitarras e as músicas de protesto. Zuza Homem de Melo conta essa mudança em seu livro “Eis Aqui os Bossa Nova”.

Depois do golpe de 1964, a música deixou a zona sul carioca e subiu até os morros. Nara seguiu essa mudança e deixou o Barquinho do seu ex-namorado Ronaldo Bôscoli para cantar as músicas de Cartola e Zé Ketty. Ela participou do Show Opinião e dos eventos organizados pela UNE.

Nara Leão: a cantora múltipla valorizava e “descobria” compositores | Foto: Reprodução

Em 1967, o tropicalismo mexeu com tudo na música e lá estava Nara Leão acompanhando a banda passar cantando coisas de amor. Sua foto aparece na capa do disco Tropicália ou Panis et Circenses.

Nara fez vários shows na Europa durante a década de 1970. Tentou seguir uma vida “normal”, longe da música, cursando a faculdade de Psicologia na PUC-RJ, mas não teve jeito. A música estava em sua alma.

Nara foi a primeira cantora no Brasil a lançar um CD. Eram músicas da Bossa Nova como Garota de Ipanema.

A cantora começou a ter problemas de saúde em meados dos anos 1980. Ela sentia muita dor de cabeça. Ao fazer exames, foi diagnosticada com um tumor cerebral. Sua irmão Danuza Leão conta os dias difíceis de Nara no hospital no seu livro “Quase Tudo”.

A menina de Copacabana, da Bossa Nova, da Tropicália, morreu em 7 de junho de 1989. Ela viveu igual a música “Diz que fui por aí”:

“Se alguém perguntar por mim

Diz que fui por aí

Levando o violão debaixo do braço

Em qualquer esquina eu paro

Em qualquer botequim eu entro

Se houver motivo

É mais um samba que eu faço”

Dica de leitura sobre a cantora Nara Leão

Há um livro muito bom, que merece leitura atenta: “Ninguém Pode Com Nara Leão — Uma Biografia” (Planeta do Brasil, 232 páginas), de Tom Cardoso.