Morre a crítica literária e professora da UFG Moema de Castro Olival. De Covid

20 março 2021 às 11h20

COMPARTILHAR
Analista atenta e perspicaz, a doutora pela USP contribuiu para divulgar e valorizar a literatura goiana

A crítica literária e professora emérita da Universidade Federal de Goiás Moema de Castro e Silva Olival morreu no sábado, 20, em Goiânia, de complicações derivadas da Covid-19, como uma trombose cerebral. Ela nasceu na Cidade de Goiás e tinha 82 anos.
Filha do primeiro reitor da Universidade Federal de Goiás, Colemar Natal e Silva, e de Genezy Caiado de Castro — “escritora talentosa”, afirma Yuri Baiocchi; “uma das fundadoras do jornal ‘O Lar’, escrito majoritariamente por mulheres” —, Moema de Castro e Silva Olival era uma crítica literária brilhante, que, durante anos, colaborou com o Jornal Opção. Com sua crítica perspicaz e atenta, contribuiu para divulgar — e inclusive melhorar — a prosa e a poesia de escritores goianos (e não só, pois era uma leitora refinada de vários autores brasileiros).
Moema Olival era doutora em Letras Clássicas e Vernáculas pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Escrevia muito bem, tendo se tornado uma intérprete precisa da literatura brasileira. Publicou 14 livros de ensaios, com críticas penetrantes e reverberantes.
Como pessoa, era de uma delicadeza e elegância ímpares. Ouvia com atenção o que dizia o interlocutor e amava falar sobre literatura.

Nota de pesar da Academia Goiana de Letras
Querida professora Moema de Castro e Silva Olival, a nossa Casa, literalmente a sua Casa que a recebeu desde sua primeira infância está triste com a sua partida física. Entretanto, a lembrança da senhora ocupando a primeira cadeira, da primeira fila do nosso auditório, sua contribuição para historiografia cultural de Goiás, são preciosos bens memoriais. Agora, recebida por Deus, ocupa uma especial Cadeira na Academia dos Céus.
Manifestando nossos sentimentos à família da confreira Moema, lamentamos que o momento sanitário imposto pela pandemia, impeça pela primeira vez, em quase 82 anos de vida institucional, nosso rito acadêmico de exéquias. Dentro do que é possível, nossas bandeiras da sede da AGL ficarão hasteadas a meio mastro.
Depoimento de Yuri Baiocchi
“A professora Moema era muito competente no que se propunha a fazer. Sem precisar fazer política, muito contribuiu para a cultura em Goiás.”
Depoimento de Fernando Perillo
“Realmente uma grande perda para a nossa Cultura.”
Depoimento de Ione Valadares
“Minha professora e depois colega de trabalho. Muito aplicada, responsável, estudiosa. Sem perder a elegância, jamais, aquela ‘beleza das filhas do Colemar’, tão cantada pelos contemporâneos da cidade. Mais uma perda. Triste.”
Depoimento de Carlos Augusto Silva
“Obrigado por tudo, Moema. Tenho a honra de ter sido o autor do prefácio de seu último livro de contos. Quando ela me convidou, senti-me certificado. Quando deu uma entrevista para o Jornal Opção e se referiu a mim como ‘crítico literário’, senti-me certificado. Obrigado, minha querida Moema. Aplausos de pé.”
Depoimento de Denise Godoy
“Além de amiga da minha família e parente próxima de dois sobrinhos, foi minha professora no mestrado em Teoria da Literatura, resenhou meu livro ‘A Língua Travada’ e utilizou uma resenha minha sobre o livro ‘A Casa’, de Heleno Godoy, em um de seus livros. Além de ser inteligente, delicada e, concordo com o Yuri, maior que o pai. Talvez tenha ido sem se dar conta disso. Que vá em paz.”
Leia resenha de Adelto Gonçalves sobre livro de Moema
Escritora lança livro sobre a influência árabe na literatura brasileira