Opção cultural

Ao longo de 80 anos, o Oscar é o prêmio mais querido, odiado e, sem dúvida alguma, o mais relevante comercialmente. A Academia de Hollywood anuncia os vencedores do prêmio no domingo, 28
[caption id="attachment_59602" align="alignnone" width="620"] Mistura de reality show de sobrevivência e western à moda antiga, a obra de Alejandro González Iñárritu, “O Regresso”, é, sem dúvida, o favorito ao homenzinho dourado | Foto: Reprodução[/caption]
Raul Majadas
Ninguém pode tirar o mérito da Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood por ter conseguido fazer do Oscar o prêmio de cinema mais querido, odiado, discutido, defenestrado e comercialmente relevante ao longo de mais de 80 anos. Está aí um fato: goste ou não do homenzinho dourado, ele pode mudar completamente a trajetória comercial de um filme e aumentar significativamente a credibilidade de um artista.
Essa não tem sido, no entanto, uma jornada sem atropelos. Inúmeras vezes, as premiações ficaram marcadas por injustiças, seja por falta de merecimento de alguns vencedores, seja por ignorar grandes filmes, atuações e trabalhos técnicos.
Exemplos disso não faltam: desde a incrível derrota de “Cidadão Kane”, de Orson Welles, para o apenas bonitinho “Como era verde o meu vale”, em 1941, na categoria de Melhor Filme, até absurdos mais recentes, como premiar “Crash – no limite”, em vez do divisor de águas “O Segredo de Brokeback Mountain”, em 2007; observa-se um longo rol de atrocidades cometidas contra a arte cinematográfica.
Nem tudo, no entanto, são espinhos. Clássicos como “Casablanca”, “E o vento levou...”, “O poderoso chefão” e tantos outros tiveram o merecido reconhecimento.
É nessa gangorra de acertos e erros que se chega à premiação deste ano, que, apesar de não ter apresentado a melhor safra de filmes dos últimos tempos, ofereceu ao público boas produções e atuações marcantes. Como sempre, no entanto, nem todos os favoritos são merecedores de láureas.
Vejamos, por exemplo, a categoria de Melhor Filme. “O Regresso”, mistura de reality show de sobrevivência e western à moda antiga, é o favorito. O filme de Alejandro González Iñárritu é, sem dúvida, um assombro técnico: fotografia e trilha sonora impecáveis, excelente direção de arte, bom elenco. Falta-lhe, no entanto, maior profundidade dramática: o personagem de Leonardo DiCaprio, Hugh Glass, explorador do século XIX que sobrevive ao impossível e é movido por um indomável sentimento de vingança, sofre, fere-se, é atacado por um urso, deixado para trás, traído por um colega e tem o filho morto pelo traidor. E o ator, favorito na categoria principal, expressa todo esse sofrimento em um overacting de manual, revirando os olhos, rangendo os dentes e babando. Um exagero que, em vez de somar carga dramática ao filme, torna-o hiperbólico, quase expressionista, o que não parece ser a intenção para um filme que se pretende realista.
O outro favorito, “Spotlight – Segredos Revelados”, de Tom McCarthy, é um filme “sério”. E útil. E oportuno. E bom. E só.
São, no entanto, dois filmes com “cara” de Oscar, sem dúvida.
É aí que a gangorra pesa para o lado dos pecados hollywoodianos. Há alternativas mais estimulantes, filmes mais criativos ou simplesmente mais pungentes na disputa, principalmente o espetacular “Mad Max – Estrada da Fúria”, de George Miller, e o dolorido e belo “O Quarto de Jack”, de Lenny Abrahamson.
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De Lenny Abrahamson, o longa “O Quarto de Jack” é uma pérola humanista que comove pela sinceridade de atuações, direção discreta e pelo roteiro cheio de acertos | Foto: Reprodução[/caption]
A recriação de Miller para sua saga pós-apocalíptica, sucesso nos anos 80, atualiza não só o discurso, como a linguagem do filme de ação como um todo. O filme é uma orquestra sensorial, regida com vigor assustador por um senhor de quase 80 anos. O diretor mostra-se tão antenado com os novos tempos que, além das ousadias estéticas de sua obra, ele se arrisca com sucesso em uma trama de forte cunho feminista, rompendo a fronteira do filme de “macho”, que sempre limitou os filmes de ação.
E temos “O Quarto de Jack”, de Lenny Abrahamson, uma pérola humanista que, ao retratar a relação entre Joy e seu filho pequeno (Jack, nascido no cativeiro em que sua mãe é mantida por um sequestrador que a violenta frequentemente), comove pela sinceridade das atuações, pela direção discreta e pelo roteiro cheio de acertos, escrito pela autora do livro homônimo (e no qual o filme é baseado), Emma Donaghue. É estranho pensar que a Academia acredite que o filme seja “pequeno” demais para ganhar o prêmio principal, quando há um histórico de dramas humanos laureados nessa categoria, como “Gente como a gente”, de 1980, “Laços de Ternura”, de 1983, e, mais recentemente, “Menina de Ouro”, de 2005.
Por outro lado, é bom ver que obras interessantes como essas não tenham sido esquecidas pela Academia, ou relegadas a categorias técnicas: ambas concorrem ao Oscar de Melhor filme e Diretor.
Resta saber se, na gangorra de acertos e pecados hollywoodianos, pesará mais a “fórmula” para o filme “de Oscar” ou um senso artístico menos esquemático, que consiga perceber o cinema como mais do que um espetáculo visual ou uma cartilha bem-intencionada.
Ao que tudo indica, a gangorra vai pesar para a primeira opção. Mas não custa sonhar, porque de sonho também vive o cinema.
Veja os trailers das obras indicadas à categoria de Melhor Filme do Oscar 2016
A Grande Aposta
Brooklyn
Mad Max: Estrada da Fúria
O Quarto de Jack
O Regresso
Perdido em Marte
Ponte dos Espiões
Spotlight – Segredos Revelados
Veja os demais indicados às principais categorias
Diretor
Adam McKay (A Grande Aposta)
George Miller (Mad Max: Estrada da Fúria)
Alejandro González Iñárritu (O Regresso)
Tom McCarthy (Spotlight - Segredos Revelados)
Lenny Abrahamson (O Quarto de Jack)
Ator
Eddie Redmayne (A Garota Dinamarquesa)
Matt Damon (Perdido em Marte)
Leonardo DiCaprio (O Regresso)
Michael Fassbender (Steve Jobs)
Bryan Cranston (Trumbo:Lista Negra)
Atriz
Charlotte Rampling (45 Anos)
Saoirse Ronan (Brooklyn)
Cate Blanchett (Carol)
Jennifer Lawrence (Joy: O Nome do Sucesso)
Brie Larson (O Quarto de Jack)

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[caption id="attachment_59132" align="alignnone" width="620"] “Quecosô, Oncotô, Oncovô”, da Cia Destinatário, está em cartaz no encontro | Foto: Reprodução[/caption]
Iniciativa de NósDuas Produções e realizado em parceria com o Núcleo de Arte e Inclusão do Basileu França, “Procena” é um encontro que visa promover o diálogo, a discussão e reflexão acerca de temas referentes à inclusão, acesso e promoção da pessoa com deficiência no cenário artístico. São espetáculos cênicos, intervenções urbanas, oficinas formativas e mesas de discussão que acontecem de 23 a 26 de fevereiro, no Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (CCUFG) e no Teatro Escola do Basileu. Gratuitas, as inscrições para oficinas e mesas são realizadas pelo e-mail [email protected]. A programação completa, com valores dos espetáculos e demais datas e horários, você encontra na página oficial do Procena, no Facebook.

No sábado, 27 de fevereiro, a Casulo Moda Coletiva e os grupos Vida Seca e o ¿por quá? se unem a fim de uma tarde inesquecível. A Casulo promove um bazar de trocas e vale roupas, livros, discos, o que quiser. É só levar as peças e negociar com quem se interessar ou mesmo vender bem baratinho. Já a galera da CasAcorpO espalha tatames para todos caírem no improviso. Você pode brincar de dançar com passinhos todos seus e também com instrumentos musicais. E para animar ainda mais o sábado, a festa que começa às 15h e vai até às 20h no Cepal do Setor Sul conta com bar, comidas, oficina e doações de peças a instituições carentes. A entrada é free.

Formas, cores, poesia e música fazem de Cezû um artista “Multiverso” — nome de seu projeto expo-show, atualmente em cartaz.
A partir de pesquisas ufológicas (ovnilogia) espirituais, o artista plástico Cesar Oliveira, ou simplesmente Cezû, transpôs em obra a questão “não estamos a sós no universo”. O trabalho, em exposição desde 27 de janeiro na Vila Cultural Cora Coralina, pode ser apreciado até o domingo, 28 de fevereiro, com visitação das 8h às 17h. A entrada é franca.

Palafita veio para ficar. Depois de uma folguinha pós-carnaval, a festa agita a segunda-feira. Realizado pelo El Club em parceria com o Glória Bar, o rolê começa com um happy hour no Glória e termina no clubinho com um after.
O melhor do hip hop, black, funk e soul fica por conta dos DJs Mário Pires, Victor Basílio e Mílian G.. Na festa, o chopp Glória tem dobradinha a R$ 10. No bar, a entrada é free; já no El, você descola um desconto (com promoter no happy hour) e paga R$ 10.

Livro
Com tradução de Otacílio Nunes, o segundo romance da escritora britânica de origem somali Nadifa Mohamed conta a história de Deqo, uma menina que deixa o campo de refugiados.
O Pomar Das Almas Perdidas
Autor: Nadifa Mohamed
Tordesilhas
R$ 39,90
Música
A cantora Halsey chega ao Brasil em março, para se apresentar no Lollapalooza. “Badlands”, álbum de estreia, tem sido muitíssimo elogiado pela crítica.
Badlands
Intérprete: Halsey
Universal Music
R$ 27, 90
Filme
Da autora de “Garota Exemplar”, Gillian Flynn, o longa conta a história de Libby Day (Charlize Theron), uma mulher traumatizada pelo assassinato de toda sua família.
Lugares Escuros
Direção: Gilles Paquet-Brenner
Paris Filmes
R$ 29,90

Que tal descobrir quais músicas a equipe do Jornal Opção mais escutou durante esta semana? É só dar play! Beyonce - Standing On the Sun Cold War Kids - First Halsey - New Americana Jack White - Would You Fight For My Love? La Coka Nostra - The Story Goes On Megadeth - The Hardest Part of Letting Go... Sealed With a Kiss Nenhum de Nós - O Astronauta de Mármore P.O.D. - Goodbye For Now Robert Plant - Rainbow Síntese - 4:20 Tame Impala – Eventually The Verve - Bitter Sweet Symphony

Inspirado no repertório do álbum “Bichos Esquisitos”, de Zeca Baleiro, um dos ícones da MPB, o espetáculo é feito especialmente para bebês e crianças [gallery type="slideshow" size="full" ids="59033,59031,59032"] Com direção artística e musical de Nilsea Maioli e Cíntia Vieira, o musical “A Banda dos Bichos Esquisitos” será apresentado no domingo, 21 de fevereiro, a partir das 17h, no Teatro Sesi. Inspirado no repertório do álbum “Bichos Esquisitos”, do cantor e compositor Zeca Baleiro, um dos ícones da MPB, o espetáculo para bebês e crianças traz canções que retratam, cada uma, um personagem/bicho. “Trata-se de uma proposta sur¬preendente para cada animal, utilizando estilos, ritmos e ins¬tru¬mentação bem variados”, dizem as diretoras. Ao integrar diversas linguagens artísticas, “A Banda” conta com uma parte cênica realizada com teatro com bonecos. O regente da história é um hipopótamo, que deseja montar uma banda. “Ele sai à procura de instrumentistas e tudo o que encontra em uma ilha desconhecida são os bichos esquisitos. Imperdível.” Com duração de 60 minutos, a promoção do evento é da Escola Música e Bebê, de Goiânia. O espetáculo visa ampliar o universo musical da criança com ritmos diferentes e riqueza poética textual. A também coordenadora do projeto Nilsea Maioli é mestre e educadora musical; já Cíntia, também educadora musical, é mestre pianista. Serviço “A Banda dos Bichos Esquisitos” Dia: Domingo, 21 de fevereiro Horário: 17h Local: Teatro Sesi Preço: R$ 20, a inteira

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