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Uma biografia alentada de San Tiago Dantas, um dos mais importantes políticos brasileiros

978-85-86626-71-5 Um dos mais complexos e interessantes políticos brasileiros, Francisco Clementino de San Tiago Dantas merece ser mais bem estudado por pesquisadores, jornalistas e biógrafos. Depois de Bilac Pinto, perfilado por uma biografia apenas razoável mas que abre fronteiras, agora chegou a vez de um político que também era intelectual. “San Tiago Dantas – A Razão Vencida” (Singular, 768 páginas, 70 reais), de Pedro Dutra, é uma biografia alentada. San Tiago Dantas foi ministro das Relações Exteriores e da Fazenda do governo de João Goulart. Era um dos auxiliares mais moderados do presidente e chegou a aconselhá-lo a ser mais conciliador e a observar o quadro real que estava se desenhando. Jango deu mais ouvidos aos radicais de esquerda e às suas próprias “ideias” sobre o que era fazer política. Na década de 1930, dado o confronto entre comunistas e fascistas em termos locais e internacionais, San Tiago Dantas alinhou-se com o fascismo patropi – representado pela Ação Integralista Brasileira. Na turma do anauê, ao seu lado, estavam Gustavo Barroso, Miguel Reale, dom Helder Câmara e Plínio Salgado, este era o líder máximo do fascismo verde. Criador de faculdades, professor de Direito, deputado federal, San Tiago Dantas era apontado por todos como um homem dotado de grande inteligência e capacidade intelectual. Era tido como um político perspicaz e um hábil analista das circunstâncias políticas. Porém, numa época de efervescência, os moderados, embora eventualmente ouvidos, não têm suas ideias em geral respeitadas. Em tempos radicais, como o da década de 1960, vozes radicais são as mais acatadas. Os moderados, apontados como reacionários, são escanteados. San Tiago Dantas morreu aos 53 anos, em 6 de setembro de 1964. A apresentação do livro pode ser lida no site da editora (link: http://www.editorasingular.com.br/Uploads/APRESENTACOES/Apresenta%C3%A7%C3%A3o%20PDsantiago.pdf).

Iúri Rincon e Sandra Persijn assumem área de impressos da campanha de Iris Rezende

[caption id="attachment_14618" align="alignnone" width="612"]Iúri Rincon e Sandra Persiyn: os dois jornalistas tentam apresentar Iris Rezende como “moderno” e “arrojado” Sandra Persiyn e Iúri Rincon: os dois jornalistas tentam apresentar Iris Rezende como “moderno” e “arrojado”[/caption] A equipe de marketing do candidato do PMDB a governador de Goiás, Iris Rezende, contratou os jornalistas Iúri Rincon Godinho e Sandra Persijn para cuidar da área de jornais. Iúri Rincon e Sandra Persijn editam dezenas de jornais que são distribuídos em todo o Estado explicando o que Iris Rezende, se eleito, pretende fazer por Goiás. Os dois jornalistas, competentes, têm uma missão inglória: “vender” um candidato que não deslancha e que ganhou o apelido de “Âncora” (tal o peso) dos próprios aliados. Iris Rezende é um político de outro tempo, de um mundo que desapareceu ou está desaparecendo: não acredita em ciência, ou melhor, em pesquisas — qualitativas e quantitativas. Só crê em Deus e diz, aos poucos e estupefatos jovens que o acompanham, que recebeu uma missão divina. Ao ouvir isto pela enésima vez, um ex-deputado federal, um dos coordenadores de sua campanha, pilheriou: “Será que sua missão divina é perder pela terceira vez para o governador Marconi Perillo?”. A pergunta, como dizem os colunistas sociais, faz sentido.

Livro resgata história de nove chineses que foram presos e torturados pela ditadura militar

Os jornalistas Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Melo lançam o livro “O Caso dos Nove Chineses — O Escândalo Internacional Que Transformou Vítimas da Ditadura Militar Brasileira em Heróis de Mao Tsé-tung” (Objetiva, 272 páginas). Os chineses, acusados de conspirar contra o governo brasileiro, foram presos e torturados. Sinopse da editora: “Na madrugada de 3 de abril de 1964, três dias após o golpe militar, policiais do Departamento de Ordem Política e Social invadiam, sem ordem judicial, um apartamento no bairro do Flamengo, no Rio, e capturavam um grupo de estrangeiros. As torturas começaram ali mesmo. “Horas depois, os homens da polícia política entravam em outro prédio, no Catete, e detinham mais pessoas. No fim do dia, nove chineses estavam presos, identificados como agentes internacionais instalados no Brasil para disseminar a revolução comunista. Mas a verdade é que viviam legalmente no país. “Dois eram jornalistas, quatro tinham vindo montar uma feira de produtos da China e os demais vieram comprar algodão. Tornaram-se vítimas da paranoia anticomunista da época, alimentada pelo governador Carlos Lacerda. Foram condenados a dez anos de prisão por subversão e, após mais de um ano detidos, acabaram expulsos do país. “O Brasil nunca pediu desculpas nem devolveu o dinheiro apreendido com o grupo — um valor que hoje ultrapassa R$ 800 mil. Em seu país, eles se tornaram heróis nacionais e ficaram conhecidos como ‘Nove Estrelas’ ou ‘Nove Corações Vermelhos voltados para a Pátria’. “Brasil e China estabeleceram relações diplomáticas dez anos depois, em 1974, mas o incidente ficou esquecido em arquivos secretos. Em ‘O Caso dos Nove Chineses’, os jornalistas Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Melo trazem à tona agora, cinquenta anos depois, história do primeiro escândalo internacional de violação dos direitos humanos da ditadura militar brasileira.”

Autores “novos”, como Donna Tartt, sofrem com a falta de agudeza de críticos de jornal

[caption id="attachment_14630" align="alignleft" width="200"]Donna Tartt, de 51 anos, é autora de “A História Secreta”, “O Amigo de Infância” e “O Pintassilgo” Donna Tartt, de 51 anos, é autora de “A História Secreta”, “O Amigo de Infância” e “O Pintassilgo”[/caption] Autores “novos” ou pouco comentados por críticos especializados sofrem com resenhas peremptórias de jornais. Na falta de fortuna crítica categorizada, jornalistas e alguns críticos não têm informações suficientes — e parâmetros — para avaliar novos romances, contos e poesias, deixando escapar a qualidade específica e as influências literárias. O resultado às vezes são críticas rápidas, sem referências precisas à obra “examinada”, destacando-se mais aspectos perfunctórios e externos. Abordar um autor a “seco”, sem o amparo de leituras anteriores, com críticas sedimentadas, referenciais, é o trabalho do verdadeiro crítico literário. O crítico americano Edmund Wilson publicou um livro, entre o fim da década de 20 e o início da década de 30, no qual examinou, cuidadosa e criteriosamente, a obra de, entre outros, Marcel Proust e James Joyce. Praticamente não havia crítica consistente na qual basear-se e, por isso, ele fez uma leitura própria, específica, que muito contribuiu com a crítica posterior, ao abrir fronteiras. Publicado há mais de 80 anos, “O Castelo de Axel” (há uma bela tradução, feita pelo poeta José Paulo Paes e publicada pela Cultrix-Companhia das Letras) é a obra-prima de Wilson. O crítico de jornal quase sempre não tem o tempo adequado para ler cuidadosamente uma obra mais alentada e, depois, não tem espaço para expor seus argumentos. Antônio Gonçalves Filho, um dos críticos mais qualificados do “Estadão”, resenhou o romance “O Pintassilgo” (Companhia das Letras, 719 páginas, tradução de Sara Grünhagen), de Donna Tartt, e nada acrescentou de relevante. De cara, implicou com o fato de Stephen King ter elogiado o romance, mas não mencionou duas críticas mais consistentes — de Michiko Kakutani, do “New York Times”, e do “The Guardian”. A Companhia das Letras recolheu um trecho do comentário de Kakutani e o publicou na contracapa: “Bri­lhante... Um romance glorioso, no qual todos os talentos narrativos de Tartt convergem numa arrebatadora sinfonia; um livro que nos traz de volta o prazer de passar a noite inteira lendo”. A editora publicou também um trecho da crítica do “Guardian”: “Raymond Chandler é uma presença tão grande nestas páginas quanto Dickens ou Dostoiévski. Falar mais sobre a trama seria privar os leitores do imenso prazer de ser arrebatado por ‘O Pintassilgo’. Se alguém perdeu o amor pelas histórias, este é o livro que certamente o trará de volta”. Os trechos são usados pela editora como publicidade positiva para o livro, mas fazem parte de resenhas mais densas e comparativas que permitem ao leitor uma compreensão mais perceptiva do romance. O “Estadão” fica devendo uma crítica mais aguda ao belo romance de Donna Tartt — uma autora surpreendente que remete ao século 19, o de Dickens, Thoreau e Dostoi­évski, mas também aos séculos 20 e 21 e, às vezes, à literatura de Thomas Pynchon (que ela não cita como influência literária). Não se está propondo uma crítica a favor, e sim uma crítica mais substanciosa à obra da escritora americana e a quaisquer outros romances. Uma crítica, além de apontar defeitos e virtudes, deve “entrar” na obra, escarafunchá-la a fundo. Críticas superficiais, do contra para ser do contra, servem unicamente para espantar leitores desavisados.

Consultor vai apresentar diagnóstico sobre O Popular. Cileide Alves pode deixar cargo de editora

[caption id="attachment_14626" align="alignleft" width="150"]Eduardo Tessler: o consultor teria sugerido um jornalismo mais planejado e interativo ao Pop Eduardo Tessler: o consultor teria sugerido um jornalismo mais planejado e interativo ao Pop[/caption] Contratado pelo presidente do Grupo Jaime Câmara, Cristiano Câmara, o consultor Eduardo Tessler, do blog Mídia Mundo, está preparando um amplo diagnóstico do jornalismo praticado pela redação do “Pop”. Ele é especialista em interatividade e convergência. O jornalista Eduardo Tessler observou o funcionamento da redação, durante uma semana, e depois conversou com os editores e fez uma série de perguntas sobre as deficiências do jornalismo do “Pop”. Eduardo Tessler estaria preparando o terreno para a contratação de um novo editor-chefe. O consultor teria ficado “chocado” com o fato de que a redação do “Pop” trabalha de maneira “improvisada”, sem um planejamento eficaz. De fato, fica-se com a impressão de que não há sequência editorial no jornal. Falta ritmo e a qualidade não é mantida de uma edição para outra. O jornal está cada vez mais previsível e chegando “velho” às bancas. Os editores não percebam, ou não querem perceber, que a cobertura da internet — além dos telejornais — solapou o jornalismo dos diários. Outro problema do “Pop” é a falta de conectividade entre o impresso e o online. O GJC é multimídia apenas no “papel”. Se os jornais diários não investirem em qualidade, sobretudo em textos que não foram repisados durante o dia em vários portais, blogs e redes sociais, serão abandonados por seus leitores. Sem a internet, o “Pop” seria, todos os dias, um jornal “vivo” e atraente. Com a internet, o “Pop” está se tornando um jornal “morto”, “frio”. Quase tudo que sai no jornal foi divulgado intensamente no dia anterior.

Lúcio Flávio Pinto, expert em Amazônia, lança excelente blog. É o maior jornalista brasileiro

O mais importante jornalista brasileiro não mora em São Paulo e Rio de Janeiro, tampouco é correspondente em Paris, Londres ou Washington e não escreve nos jornais “Folha de S. Paulo”, “O Estado de S. Paulo” e “O Globo” ou nas revistas “Veja”, “Época”, “CartaCapital”, “IstoÉ” e “Piauí”. Lúcio Flávio Pinto, o Izzy Stone dos trópicos, escreve um jornal quinzenal, o “Jornal Pessoal”, absolutamente sozinho, e mora em Belém. Lúcio Flávio Pinto é perseguido por poderosos e, se quisesse, seria um homem rico. Mas recusa-se a servir ao poder — seja o público (os políticos), seja o financeiro (empresários). Durante 18 anos trabalhou no “Estadão” e publicou reportagens brilhantes sobre a Amazônia. É dos mais premiados repórteres brasileiros, no e fora do Brasil. O principal foco de suas reportagens é a Amazônia, que conhece como poucos. Seu conhecimento, pode-se dizer, vai muito além do conhecimento do jornalista tradicional. Ele certamente não aprecia o termo, mas talvez seja possível dizer que tem um conhecimento até acadêmico, na sua precisão e rigor, da Amazônia. Como Lúcio Flávio Pinto produz como se fosse uma redação de 20 repórteres experimentados — num tempo em que os jornalistas ficam “felizes” quando escrevem duas reportagens de 20 linhas por dia, acham muito e ainda reclamam que estão estressados —, o jornal provavelmente estava “pequeno” para suas ideias e textos. Por isso ele criou um blog, com seu nome e o subtítulo de “A agenda amazônica de um jornalismo de combate”  O blog, afirma Lúcio Flávio Pinto, “chega assim de súbito, de improviso, como dever e destino, empenhado em fortalecer a agenda do cidadão, do homem comum, da gente simples e de todos aqueles que querem ser personagens ativos da sua vida e da história”. Ele frisa que vai atualizá-lo diariamente, mas “não com ênfase nas novidades, nas informações exclusivas, no ‘furo’. O que mais se tentará aqui será a contextualização dos fatos novos, no exame da mecânica dos acontecimentos, na desmontagem das engrenagens das decisões, na revelação do que está oculto na cena ou é omitido pelos seus narradores”. Sobre a Amazônia, seu tema, Lúcio Flávio Pinto frisa que “o objetivo é combater o ‘destino manifesto’ que se impõe à região, de ser colônia, de não interferir no seu próprio destino. Acredito com firmeza que a história não está escrita nas estrelas, restando-nos contemplá-las, à distância, como acidentes da natureza. Creio que podemos escrever também a história e, nessa escrita, sair da trilha dos colonizadores e da camisa de força em que nos colocaram os dominadores”.

Repórter de O Popular comete equívoco sobre a Guerrilha do Araguaia. O major Curió fala, e muito

O professor Romualdo Campos Pessoa lançou um livro sobre a Guerrilha do Araguaia e concedeu entrevista ao repórter Rogério Borges, do “Pop”. O doutor da Universidade Federal de Goiás, um dos mais respeitados e citados pesquisadores do assunto, disse, e não foi contestado pelo repórter, que possivelmente não conhece bem a história do período, que o major Curió “não fala” sobre a Guerrilha do Araguaia. Trata-se de uma injustiça. A versão de Sebastião Rodrigues de Moura, o major Curió, está exposta no livro “Mata! O Major Curió e as Guerrilhas do Araguaia” (Companhia das Letras), do jornalista Leo­nencio Nossa. Pode-se discordar da versão apresentada pelo major Curió, até afirmar que não revelou tudo ao repórter, mas não é possível dizer que “não fala” sobre a Guerrilha do Araguaia. O livro, com 443 páginas, foi publicado em 2012. Rogério Borges deveria lê-lo.

Demitidos por Iris Rezende vão recorrer à Justiça para receber salário de setembro

A equipe de marketing da campanha do candidato a governador de Goiás pelo PMDB, Iris Rezende, demitiu 22 profissionais de comunicação na semana passada. Um deles diz que a maioria vai recorrer à Justiça para receber o salário de setembro. Ele afirma que o marqueteiro oficial da campanha, Dimas Thomas, garantiu que só vai pagar o salário de agosto, alegando que os demitidos não vão trabalhar no mês de setembro. Os repórteres, produtores, maquiadora e locutora contrapõem: o contrato de trabalho previa pagamento até o fim de setembro.

Síndrome Guillain-Barré tirou a comentarista política Lucia Hippolito do jornalismo da Globo

Assim como o escritor Joseph Heller e o jornalista Rogério Lucas, a cientista política Lucia Hippolito ficou totalmente paralisada, mas está se recuperando. Seu sonho é voltar a andar [caption id="attachment_14657" align="alignleft" width="150"]Lucia Hippolito, cientista política, diz que pensou em morrer, ao ver seu corpo todo paralisado, mas agora quer andar e viver Lucia Hippolito, cientista política, diz que pensou em morrer, ao ver seu corpo todo paralisado, mas agora quer andar e viver[/caption] O escritor americano Joseph Heller (1923-1999), autor do romance “Ardil 22” (levado ao cinema por Mike Nichols), vivia tranquilamente e, de repente, acometido pela síndrome Guillain-Barré, em 1982, teve de se internar, durante longo tempo, num hospital. Achava que não iria sobreviver, mas viveu mais 17 anos. Com o amigo Speed Vogel (apaixonado pela música do compositor brasileiro Villa-Lobos), escreveu um livro, “Não é Caso Para Rir” (Rocco, 326 páginas, tradução de Aulyde Soares Rodrigues), no qual relata que acreditava que iria morrer, tais o desconforto e a falta de mobilidade. Mas pelo menos conseguia falar. “Conversar foi a única coisa que me livrou da loucura. Eu fazia piadas, comentários, críticas, interrompia, aconselhava. Dava longas respostas a tudo o que me perguntavam e respondia também quando não era perguntado.” No livro, Joseph Heller diz que “o descréscimo da mortalidade da síndrome Guillain-Barré foi incrível, devido ao aperfeiçoamento do diagnóstico e dos respiradores artificiais, que se tornaram parte do equipamento padrão de todo hospital [note-se que o escritor está se referindo a hospitais dos Estados Unidos]. Grande parte das mortes é causada por parada respiratória, provocada por paralisia dos músculos usados inconscientemente para expandir e contrair o peito ao respirar. (...) Em muitos casos, a paralisia começa nas extremidades inferiores dos membros, os pés, e progride para cima, mas em muitos outros não é esse o processo. O meu começou no centro, movendo-se para cima e para baixo, simultaneamente”. Segundo Joseph Heller, que não é cientista nem médico, “cerca de 1,6 a 1,9 americanos, entre cem mil, são vitimados a cada ano, ou seja, de dezesseis a dezenove, em 1 milhão. Em uma população de mais de 200 milhões, significa mais de 4 mil casos anualmente” (o livro saiu nos Estados Unidos em 1986 e, no Brasil, em 1987). [caption id="attachment_14653" align="alignleft" width="300"]Livro conta a história de como Joseph Heller enfrentou e superou a síndrome Guillain-Barré Livro conta a história de como Joseph Heller enfrentou e superou a síndrome Guillain-Barré[/caption] Durante vários meses, amigos de Joseph Heller, como o escritor Mario Puzo (autor do livro “O Poderoso Chefão” e roteirista do filme homônimo), o ator e diretor Mel Brooks, o ator Dustin Hoffman e o crítico literário e biógrafo Frederick R. Karl, acompanharam seu tratamento no hospital. Mel Brooks e Frederick Karl eram bem informados e sabiam que a recuperação era possível. A maioria, vendo o amigo imobilizado, praticamente sem se mexer, pareciam acreditar que ele não tinha salvação. Depois da doença, recuperado, escreveu os livros “Não é Caso Para Rir”, “Só Deus Sabe”, “Imaginem Que...”, “A Hora Final” e “Retrato do Artista Quando Velho”. Sua literatura, cáustica e satírica, busca mostrar os absurdos do mundo, das ações do homem. Há pouco tempo, o jornalista goiano Rogério Lucas foi acometido da síndrome Guillain-Barré. Ficou internado durante vários dias no Hospital Lúcio Rebelo, em Goiânia, e chegou a ir para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Visitei-o semanalmente. Estava quase que inteiramente imobilizado e com dificuldade para respirar. Mas não perdeu a lucidez. Recuperou-se e, em seguida, foi encaminhado para o Centro de Reabilitação e Readaptação Henrique Santillo (Crer). [caption id="attachment_14656" align="alignleft" width="150"]Rogério Lucas ficou internado durante vários dias, mas se recuperou, anda sozinho e dirige seu automóvel, um Peugeot Rogério Lucas ficou internado durante vários dias, mas se recuperou, anda sozinho e dirige seu automóvel, um Peugeot[/caption] Num período, Rogério usou uma bengala para se locomover. Agora, não a usa mais e dirige automóveis sem nenhum problema. Há poucos dias, almocei com Rogério (e Iúri Rincon Godinho. Falamos de tudo — livros, política, viagens e mulheres), que está lendo o doloroso e, às vezes, divertido livro de Joseph Heller. Ele está bem — bem-humorado, cáustico e tranquilo. A síndrome o ensinou a ter uma visão menos estressada do mundo e do homem. Há um novo Rogério no velho Rogério — mais light, menos apressado, mais relaxado e jovial. Ele brinca e ri mais. A lucidez é a mesma. Joseph Heller e Rogério Lucas têm algo em comum com a cientista política Lucia Hippolito — a síndrome Guillain-Barré. Cientista política brilhante, a paulista Lucia Hippolito, de 64 anos, é autora do livro “PSD — De Raposas e Reformistas” (o PSD, legenda de Juscelino Kubitschek e, em Goiás, de Pedro Ludovico e Mauro Borges, era o maior adversário político da UDN de Carlos Lacerda). Depois de uma carreira notável na academia, com tese de doutorado, Lucia Hippolito se tornou comentarista política do primeiro time na Rede Globo, notadamente no Globo News e na Rádio CBN. Participou ativamente do programa de Jô Soares (do quadro “As Meninas do Jô”), ao lado de Lilian Witte Fibe, Cristiana Lôbo e Ana Maria Tahan, discutindo basicamente política. Além de informadíssima, a cientista política falava muito bem, com clareza, até sobre assuntos espinhosos. Aqui e ali, dada a pressa dos comentários, era superficial, mas sempre tinha algo a dizer. Em 2008, Lucia Hippolito recebeu o prêmio de Mulher do Ano nos Meios de Comunicação e ganhou o Troféu Mulher Imprensa 2010 como comentarista. Embora não tenha abdicado da ciência política, para entender os fenômenos partidários, com seus múltiplos jogos, é possível dizer que havia se tornado uma jornalista das mais atentas. Porém, depois do imenso sucesso, Lucia Hippolito desapareceu dos meios de comunicação. Muitos pensaram que havia morrido. Na verdade, em 2012, em Paris, onde estava com o marido, Edgar Flexa Ribeiro, percebeu que, ao tentar levantar-se da cama, suas pernas não se moviam. Descobriu na França que tinha a famosa e rara síndrome Guillain-Barré — “doença autoimune que leva à perda da habilidade de grupos musculares”. Depois de 47 dias internada no Hospital Raymond Poincaré, me­xendo apenas os olhos e a cabeça, Lucia Hippolito desesperou-se e torceu para morrer, pois queria livrar-se do tormento. À repórter Márcia Vieira, da coluna editada pelo jornalista Ancelmo Gois, de “O Globo” (31 de agosto), Lucia Hippolito, agora num apartamento de Ipanema, no Rio de Janeiro, e sentada numa cadeira de rodas, disse: “É uma dor solitária. A gente acorda e não quer abrir o olho. A gente abre o olho e não quer continuar vivendo aquilo. Não adianta o outro dizer que vai dar tudo certo. A gente só pensa que vai dar errado”. Seu relato não difere do de Joseph Heller. A repórter pergunta: “Como você se sente hoje?” A cientista política-comentarista responde: “Muito bem, apesar de tudo. Não ando, as mãos ainda estão tortas, mas estou feliz porque faço progressos todos os dias. A síndrome Guillain-Barré tem este lado animador. É uma conquista cotidiana. No início, as dores eram lancinantes. É como se os nervos estivessem todos expostos”. Márcia Ribeiro inquire: “O que provocou a doença?” Lucia Hippolito: “Os médicos não sabem. Uns dizem que pode ser provocada por vacinas. E eu tinha tomado quatro vacinas num dia só, seis meses antes. Também pode ser detonada por um estresse violentíssimo. Eles não sabem direito. É desesperador. Tinha dias em que eu queria morrer. De madrugada, ficava sozinha ouvindo o silêncio da CTI. Não tinha ninguém para me dizer que eu iria melhorar. Emagreci 20 quilos, mas não recomento esse spa” (e cai na gargalhada). A história, mais uma vez, é parecida com a de Joseph Heller, que, por sinal, casou-se com a enfermeira que cuidou dele no e fora do hospital. Lucia Hippolito não pensa mais em morrer. Na quinta-feira, 11, dará uma palestra na Casa do Saber O Globo. Com a ajuda de uma enfermeira, cozinhou um risoto de rabada. “Todo dia ela faz uma coisa que não fazia na véspera. Nem que seja o dedinho da mão que levanta um milímetro a mais do que antes”, afirma Flexa Ribeiro. A repórter comenta sobre seu humor afiado e Lucia Hippolito concorda. “Ah, sim! É o que salva a vida da gente. Mantive o humor e me apoiei no Edgar. Eu quero voltar a andar. Hoje, eu consigo dar seis passos com o andador. Faço fisioterapia todos os dias, tenho sessão com a fonoaudióloga e, é claro, faço psicanálise, se não, não dá para aguentar. Tomo remédio para dormir porque eu não posso me mexer. E tomo antidepressivo para encarar tudo isso.” Como Joseph Heller, Lucia Hip­polito teme não voltar a andar. “E é muito duro. Hoje eu tenho dependência total. Isso me incomoda muito. Chorei a primeira vez em que um enfermeiro me deu banho. Voltar a andar é o meu sonho. Já não penso mais na morte. Gosto da vida. Viver é muito difícil, mas é bom demais. Quando a gente encara uma doença, percebe que não tem controle sobre as coisas. Ao pensar na morte, você tem a chance de pensar: que vida é esta que eu levo? Antes da doença, eu trabalhava 12 horas por dia. Dormia sempre com a cabeça a mil. Não quero mais isso. Hoje eu comemoro pequenas conquistas. Fico feliz porque consigo assoar o nariz. Ainda não penteio o cabelo, mas tiro o fio que cai na testa. Não dá para escrever direito. Mas assinei meu título de eleitor.” O dia em que tive uma tromboembolia e quase embarquei: Depoimento sobre como escapei de uma grave tromboembolia

Veja sai na frente no caso de Paulo Roberto Costa e pauta a imprensa patropi. Mais uma vez

capa380A revista “Veja” continua saindo na frente das demais publicações — jornais ou revistas. Na edição desta semana, revela detalhes da “delação premiada” de Paulo Roberto Costa, o homem que, com o auxílio de um doleiro, políticos e empreiteiros, saqueou a Petrobrás. Falam bem ou mal, mas a revista permanece pautando a imprensa, fazendo-a comentar suas reportagens. Enquanto a “Folha de S. Paulo” circulava sem o nome dos denunciados por Paulo Roberto, a Veja nominava e listava os políticos envolvidos na corrupção. A revista publicou o listão dos que foram delatados por Paulo Roberto: Cândido Vaccarezza, deputado federal do PT Ciro Nogueira, senador e presidente nacional do PP Edison Lobão, ministro das Minas e Energia, PMDB Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco, PSB — morto no mês passado em um acidente aéreo Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara dos Deputados, PMDB João Pizzolatti, deputado federal do PT João Vaccari Neto, secretário nacional de finanças do PT Mario Negromonte, ex-ministro das Cidades, PP Renan Calheiros, presidente do Senado, PMDB Romero Jucá, senador do PMDB Roseana Sarney, governadora do Maranhão, PMDB Sergio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, PMDB Paulo Roberto relatou à Polícia Federal, segundo a “Veja”, que era interlocutor frequente de Lula da Silva, quando este era presidente da República.

Sai biografia de Raymond Chandler, um dos maiores autores de romances policiais

Raymond Chandler é o James Joyce do romance policial. O escritor americano aos poucos vai entrando para a lista de escritores requintados, tais sua habilidade narrativa e sua imaginação poderosa. Sua história complexa é esmiuçada no livro “Raymond Chandler — Uma Vida” (Benvirá, 456 páginas, tradução de Fábio Storino), de Tom Williams. Chandler é tão bom quanto Dashiell Hammett, Georges Simenon, P. D. James, Ruth Rendell e Patricia Highsmit. Talvez seja um pouco mais enigmático e, vá lá, complicado. Sinopse da editora: a biografia “apresenta uma análise meticulosa dos livros de Raymond Chandler bem como um retrato inédito desse escritor que, ao lado de Agatha Christie e Arthur Conan Doyle, definiu a moderna literatura policial. “Cada um dos livros de Raymond Chandler carrega a tensão que cercou sua vida – a infância conturbada com a separação dos pais, a profunda inabilidade com sexo e mulheres e a luta contra o alcoolismo. Não para menos, seu detetive Philip Marlowe é um dos personagens mais complexos dos romances hard-boiled — herdeiro provável do temperamento de seu criador.” Entrou para minha lista penelopiana. Lista que, como indica o “nome”, é feita e desfeita com frequência.

Por que as oposições não criam um blog como o Goiás 24 Horas?

As oposições criticam o blog Goiás 24 Horas, que é apontado como governista. Tudo bem: que seja. Mas por que as oposições não conseguem criar um blog com a mesma inteligência e rapidez para discutir, apoiar e contestar os fatos? Vanderlan Cardoso, Antônio Gomide e Iris Rezende não conseguiram montar estruturas precisas, cortantes e inteligentes na internet, sobretudo nas redes sociais.

O vidente ostensivo que o lobo nazista maluco comeu

Iúri Rincon Godinho O Terceiro Reich foi uma loucura. Enquanto dominavam a Alemanha, os nazistas desenvolveram uma predileção pelo misticismo ou por qualquer bobagem que os colocasse como uma raça superior e, daí, estavam liberados para ser a polícia e donos do mundo. Nesse caldo de esquisitices, é claro que surgiram excentricidades como Erik Jan Hanussen, um vidente que se aproximou de Hitler e de alguns de seus auxiliares. Ele fazia de tudo: adivinhava, previa e, acima de tudo, ganhava muito dinheiro. Seus feitos impressionavam e estão contados em “A Sessão Nazista – A Curiosa História do Vidente Judeu No Círculo de Hitler”. Hanussen fazia apresentações que hoje seriam chamadas de mágica e o autor, Arthur J. Magida, muitas vezes não consegue explicar como o vidente acertava algumas coisas ou fazia outras. Uma teoria, tão maluca quanto o livro, é que Hanussen sentia, ou melhor, “lia” o pulso e as respostas dos músculos das pessoas para fazer suas adivinhações. Erik chegou a ser uma das figuras mais famosas da Alemanha nazista, embora não se saiba com certeza o que era verdade e o que ele inventava — suas histórias da juventude, verdadeiras ou não, são fantásticas. Ficou milionário, dizia-se que dava homéricos bacanais em seu iate, com altos figurões do Reich. E ostentava sem medo. Fundou um jornal, que apoiava Hitler. Mas chegou perto demais da boca do lobo. Autossuficiente, confiante, achou que podia esconder seu verdadeiro nome, Hermann Steinschneider. Um judeu. E, como se sabe, os judeus não tiveram muita sorte na Europa durante o nazismo. Magida, o autor, parece fascinado pelo personagem, a ponto de procurar sua única filha viva, e que viu o pai apenas durante algumas horas. Mulherengo, o vidente trocava de mulher, de amigos e de truques. Impressionava muita gente, o que não foi suficiente, pois acabou preso e morto pelos lobos nazistas com os quais se acostumara a dançar. Iúri Rincon Godinho é publisher da agência Contato Comunicação.

3 governadores, 6 senadores e 1 ministro estão envolvidos na corrupção da Petrobrás. São do PT, PP e PMDB

A revista “Veja” publica, na edição que vai para as bancas no sábado — em Goiânia, no domingo, 7 —, uma reportagem exclusiva sobre o ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobrás Paulo Roberto Costa, parceiro do doleira Alberto Youssef num poderoso esquema de lavagem de dinheiro. “O delator fala” é o título da revista. Aceitando o recurso da delação premiada, Costa decidiu contar tudo — ou quase. É provável que tenha revelado o esquema mafioso para “sobreviver”. Certamente não quer ser um novo Celso Daniel. Nas 42 horas de gravações — que não terminaram —, Costa contou à Polícia Federal que “três governadores, seis senadores, um ministro de Estado e pelo menos 25 deputados federais embolsaram ou tiraram proveito de parte do dinheiro roubado dos cofres da” Petrobrás, revela a revista. Costa disse à PF, segundo relato da “Veja”, “que as empreiteiras contratadas pela companhia tinham, obrigatoriamente, que contribuir para um caixa paralelo cujo destino final eram partidos e políticos de diferentes partidos da base aliada do governo”. Ele sugeriu que suas declarações podem impedir a eleição deste ano. É um exagero. Mas possivelmente alguns políticos devem retirar suas candidaturas, pois, se não o fizeram, correm o risco de serem derrotados nas urnas. Nas gravações, Costa lista políticos do PT, do PP e do PMDB envolvidos no esquema.

Listão dos homens mais ricos do Brasil

A revista Forbes lista os maiores bilionários do país. Há até um cineasta e dono da revista “Piauí”