Imprensa
O jornalista Bruno Rocha Lima (foto acima), editor de "O Popular", foi convidado para o cargo de assessor de Imprensa da Secretaria de Gestão e Planejamento (Segplan). Ele está estudando a proposta. O salário é quase o dobro do que recebe como editor do jornal.
Apontado como uma das revelações do "Pop", tanto pela qualidade profissional -- é repórter afiado -- quanto pela habilidade diplomática, Bruno Rocha Lima ascendeu rapidamente na hierarquia do jornal, o que desagradou profissionais mais experimentados.
Numa redação na qual uma editora avalia que o "grito" pode substituir o talento, a ponderação e a educação, Bruno Rocha é um editor moderado e respeitado pelos colegas.
O jornal está promovendo uma onda de demissões. Há pelo menos mais três jornalistas que devem ser afastados. Bruno Rocha não está na lista.

[caption id="attachment_25176" align="alignright" width="200"] O biógrafo exemplar de Luís Carlos Prestes vai apresentar texto nuançado sobre o senador goiano Totó Caiado[/caption]
O brilhante historiador austríaco Raul Hilberg, autor de “A Destruição dos Judeus Europeus” — que deve ser publicado em português este ano, pela Amarilys — estranhou, na sua chegada aos Estados Unidos, o excesso contencioso jurídico dos americanos. No Brasil não é diferente. O Jornal Opção (a coluna Imprensa), recentemente, contribuiu para evitar mais um processo. Na biografia “Luís Carlos Prestes — Um Revolucionário Entre Dois Mundos” (Companhia das Letras, 576 páginas), o historiador Daniel Aarão Reis, doutor em história e professor da Universidade Federal Fluminense, baseado num documento de Bertoldo Klinger, apresenta o falecido senador Totó Caiado como “ladrão” e “pilhador”.
O Jornal Opção apontou o problema, a falta de nuance histórica, e Daniel Aarão, admitindo que o jornal havia sido ponderado, decidiu conversar com os advogados do senador eleito Ronaldo Caiado. No lugar de uma ação judicial, que seria danosa para uma obra magnífica, o historiador e o deputado chegaram a um acordo. A próxima edição do livro vai contemplar uma versão nuançada. Afinal, não há prova cabal de que Totó Caiado tenha sido “ladravaz”.
1 — Jogo das Decapitações, de Sérgio Bianchi 2 — Branco Sai, Preto Fica, de Adirley Queirós 3 — Ela Volta na Quinta, de André Novais Oliveira 4 — Batguano, de Tavinho Teixeira 5 — A Vizinhança do Tigre, de Affonso Uchoa

[caption id="attachment_25172" align="alignleft" width="198"] O Irmão Alemão, ótimo romance, é uma prova de que a vida real pode se tornar grande literatura[/caption]
Discordando, rapidamente, de críticos categorizados, como Alcir Pécora: o romance “O Irmão Alemão” (Companhia das Letras, 239 páginas), de Chico Buarque, além de muito bem escrito, conta uma história interessantíssima.
Fico cá com a impressão de que não se trata mesmo de livro para agradar crítico, porque é menos dado a invencionices literárias. É livro para agradar o leitor que se interessa por uma grande história que, baseada numa vida real, a do irmão alemão do brasileiro, Sérgio Günther, é contada como se fosse imaginária. As grandes histórias reais, narradas pela mente de um prosador como Chico Buarque, se tornam ficções de primeira linha.
Chico Buarque escreveu um belo livro, grande para o leitor, mas um romance que será apontado como pequeno pelos críticos. Não deixa de ser curioso que os críticos, os de jornais, se copiam. O que um diz o outro repete, como se fossem maritacas.
O presidente Barack Obama decepciona a esquerda internacional. É a velha história da paixão desencontrada. Quando se conhece uma pessoa, de quem se está afim, fantasia-se uma imagem, próxima da perfeição, e aí, quando ela aparece como é, e não como pensávamos que fosse, ficamos decepcionados. A esquerda fantasiou Obama, fazendo dele o que queria que fosse, um socialista, ainda que moderado, quando o presidente norte-americano governa um império, o Império — é um misto de Júlio César e Cleopatra dos tempos contemporâneos —, inteiramente capitalista. O presidente dos Estados Unidos é o gerente de uma economia extremamente agressiva, que, para se reproduzir e beneficiar o público interno, altamente consumista, precisa de enfrentamentos frequentes. Podem ser guerras meramente comerciais ou guerras bélicas mesmo. A função de Obama, portanto, não é fazer charme e posar de esquerdista para plateias revolucionárias. Seu papel básico é manter os Estados Unidos como potência dominante, mas claro que, como o indivíduo tem importância histórica, movendo o mundo, ainda que às vezes lentamente, Obama tende a melhorar as condições de vida dos pobres americanos.
O título do livro é perfeito: “Cartas Extraordinárias — A Correspondência Inesquecível de Pessoas Notáveis” (o preço, R$ 99,90, é salgado; 368 páginas), de vários autores, com tradução de Hildegard Feist e organização de Shaun Usher. São 125 cartas. Há cartas de Virginia Woolf (o bilhete suicida), Elizabeth II, Fidel Castro, Gandhi (pedindo calma a Hitler), Iggy Pop, Leonardo da Vinci, Zelda Fitzgerald, Dostoiévski, Amelia Earhart, Charles Darwin, Albert Einstein, Elvis Presley, Dorothy Parker, John F. Kennedy, Charles Dickens, Katharine Hepburn, Mick Jagger, Steve Martin, Emily Dickinson, entre outros.
O que esperar de 2015? Quem acredita em economistas, videntes com diploma, não faz investimentos, exceto se o mar estiver para peixe. A se aceitar o que dizem, em artigos e entrevistas, deveríamos dizer assim aos amigos: “Adeus 2015 e feliz 2016”. Porém, como acredito mais nos videntes sem diploma, mesmo não sendo adepto do sistema panglossiano de ver o mundo, aposto que 2015 não será tão ruim. Portanto, continuo dizendo: “Feliz 2015”. Agora deram para dizer, tanto economistas quanto empresários (que, na verdade, não acreditam um milímetro no que dizem os economistas e, por isso, preferem, nos seus negócios, gerentes especializados em Administração, e não em Economia), que 2015 pode ser uma oportunidade só para grandes negócios. Não é assim que a economia real funciona. A integração econômica é tão intensa que, se a economia for positiva para os grandes, os médios e pequenos tendem a se beneficiar.
Há mais de uma década que li (e continuo lendo) a biografia de Dostoiévski escrita pelo americano Joseph Frank. O trabalho monumental saiu pela Editora da Universidade de São Paulo (Edusp) em vários volumes. Vale a pena ler e estudar “Dostoiévski — Os Anos de Provação/1850-1859”, “Dostoiévski — Os Efeitos da Libertação/1860-1865” e “Dostoiévski — O Manto do Profeta/1871-1881”. Com sorte, é possível encontrar um ou outro exemplar nas livrarias. Mais provável é achá-los nos sebos físicos ou virtuais. Por se tratar de uma obra-prima, de um trabalho exaustivo, leitores-admiradores do autor de “Crime e Castigo” e “Os Irmãos Karamázov” (publicados no Brasil pela Editora 34, com tradução rigorosa de Paulo Bezerra) raramente vendem seus exemplares e, por isso, há poucos volumes à venda no Estante Virtual ou no Livronauta.
O livro de Joseph Frank é citado porque li uma nota, com o título de “Crime e Castigo”, na coluna do ótimo Ancelmo Gois, que transcrevo integralmente: “A Companhia das Letras comprou os direitos da mais importante biografia de Dostoievski [“O Globo” não usa acento, contrariando tradutores categorizados como Paulo Bezerra, Boris Schnaiderman e Aurora Fornoni Bernardini] já escrita. O autor é o americano Joseph Frank. O livro, uma espécie de referência mundial no gênero, sai aqui em 2016”.
Mais não disse o bem informado Gois, a quem leio com prazer. Se a notícia for verdadeira, e deve ser, a Companhia das Letras não estará publicando a obra pela primeira vez no Brasil. Trata-se de um relançamento, possivelmente com nova tradução. E, claro, é uma ótima notícia.
1 — “Sábado”, romance de Ian McEwan. 2 — “Alegria”, de Georges Bernanos, é hors-concours. Uma releitura (havia lido em francês). 3 — “O Poder do Hábito”, de Charles Duhigg. 4 — “ Matéria da Alma”, de Sonia Maria dos Santos. Grande revelação como poetisa. Livro acima da média. 5 —“A Era de T. S. Eliot — A Imaginação Moral do Século XX”, de Russell Kirk. Crême de la crême.
O quadro “Em Defesa do Consumidor”, apresentado pelo deputado federal e radialista Sandes Júnior, tem sido um dos sucessos do programa “Chumbo Grosso”, da TV Goiânia. O que se vê no vídeo é um Sandes Júnior bem à vontade, dominando o meio tevê quase tão bem quanto domina o rádio. O programa, no qual o quadro está inserido, vai ao ar de segunda a sexta-feira, de 12h30 às 14h15. “Estou há duas semanas no ar e a repercussão é impressionante”, afirma o líder do PP. O quadro de defesa do consumidor também é apresentado — há 15 anos — na Rádio Serra Dourada/99,5 FM. “A rádio, por sinal, é líder em audiência”, afirma Sandes Júnior.
Mesmo com o Google à mão, percebo que a ignorância continua sendo a maior multinacional do mundo. Às vezes escrevo os nomes de Bernard Shaw, de Isaiah Berlin (um grande filósofo) e de John Gray (o filósofo vivo que leio com mais prazer, dada sua desconfiança nas certezas do iluminismo) em artigos e notas, e algumas pessoas perguntam: “Quem são?” Desconfio que a maioria só sabe mesmo, de cor e salteado, nomes de atores de cinema e televisão. Aliás, mesmo pessoas civilizadas, até professores universitários, não citam mais livros para sustentar seus argumentos; citam filmes. O Google, deus da internet, deveria servir, e não raro serve, aos que não têm preguiça, para consultas básicas. Eu, mesmo tendo uma memória de elefante, consulto o sistema de busca com frequência. Há informações desencontradas, mas quase sempre minhas consultas são produtivas.
Um leitor diz que o nome do presidente da Assembleia Legislativa, Helio de Sousa, sai de três formas no “Pop”. De fato. O jornal escreve “Hélio de Sousa”, “Helio de Sousa” e “Helio de Souza”. Falta padrão editorial ao jornal. Fica-se com a impressão de que os repórteres escrevem como querem, sem o mínimo de padronização.
O “Pop” demitiu, no fim de 2014, seu correspondente em Rio Verde, Fernando Machado (foto acima. De seu Facebook). A editora-chefe Cileide Alves informou que o cargo de correspondente na capital econômica do Sudoeste foi extinto.
Em dois anos e meio, Fernando Machado fez um trabalho qualificado, mostrando que a economia da região é maior do que parece aos que moram em Goiânia — há uma espécie de muro de Berlim, ainda que invisível, entre a capital e o interior — e publicando reportagens nas quais apontou problemas no uso do dinheiro público.
O Sudoeste, por sua importância econômica, além de política, merece uma cobertura mais atenta aos personagens e fatos locais. Extinguir o cargo de correspondente pode ser uma medida de contenção de despesas, mas, em termos estritamente jornalísticos, trata-se de um equívoco. O curioso é que a redação não defendeu a manutenção de um correspondente em Rio Verde — concordando inteiramente com a visão “administrativa” da nova equipe que dirige o Grupo Jayme Câmara.
Fernando Machado continua editando a “Revista King”, que está na décima edição. Em março, o jornalista lança um jornal em Rio Verde, com circulação quinzenal e, mais tarde semanal.

[caption id="attachment_24573" align="alignleft" width="620"] Patrícia Moraes Machado e Herbert Moraes: jornalistas e empresários responsáveis pelo amplo e histórico sucesso editorial do Jornal Opção / Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Não é qualquer dia que um jornal (ou uma empresa) completa 39 anos, quase meio século. O Jornal Opção, que fez 39 anos na semana passada, é uma criação do jornalista e economista Herbert de Moraes, hoje dirigido por sua filha, a jornalista Patrícia Moraes Machado. Leitor da imprensa alternativa, aquela que combatia a ditadura com inteligência, coragem e talento, o jornalista decidiu criar, não um simulacro, mas um jornal ativo, regional mas sem perder a universalidade.
Criado nos tempos da ditadura, que na época tinha 11 anos, o jornalismo comandado por Herbert Moraes enfrentava sua fúria ao fazer reportagens e análises inteligentes e sutis. Talvez tenha sido o jornal goiano que percebeu a oportunidade da distensão/Abertura, do governo Geisel ao governo Figueiredo, com mais perspicácia. Publicou reportagens questionadoras e abriu amplo espaço àqueles que defendiam a Anistia dos presos e dos exilados políticos.
Hoje, como antes, o forte do Jornal Opção é sua capacidade analítica. Durante a campanha eleitoral, enquanto as oposições combatiam um governador Marconi Perillo “mutante”, sem compreendê-lo, o jornal apresentou algumas ideias que nortearam o debate. Primeiro, o jornal disse que Marconi estava recuperando sua popularidade por intermédio da gestão. De fato, o gestor recuperou o político e, em seguida, o político potencializou o gestor. Segundo, o jornal frisou que Iris Rezende era o opositor “adequado” para o tucano-chefe. Porque, além de não ganhar dele, impedia a ascensão dos novos, dada sua estrutura partidária e nome cristalizado. Marconi Perillo derrotou Iris Rezende, mas foi este quem derrotou Vanderlan Cardoso e Antônio Gomide.
As 39 anos, com corpinho de 20, quer dizer, sempre novo, o Jornal Opção mantém o semanário impresso e o Jornal Opção Online. Na semana passada, o jornal obteve 526.605 visualizações únicas — mais de meio milhão.
O Jornal Opção se tornou um veículo de dimensão nacional. Na semana passada, obteve alta visualização nas principais cidades do país: São Paulo (só a capital) — 65 mil; Rio de Janeiro — 51.072; Brasília — 24.783; Belo Horizonte — 22.579; Porto Alegre — 12.920. Em Goiânia, sua base, foram 113.690 visualizações.

Quando o papa Francisco diz que há um “terrorismo do falatório” na Igreja Católica, nas suas várias seções, deve-se admitir que Marcelo Rossi, um padre pop, que canta e escreve livros, é uma de suas vítimas. Um bispo encaminhou “documentação” para o Vaticano informando que o religioso brasileiro “desvirtuava” a liturgia católica ao se apresentar como um pop star.
Como a sanha persecutória existe em qualquer lugar, o Vaticano iniciou uma investigação das ações de Marcelo Rossi. Durante o processo, em que várias pessoas foram ouvidas, novos documentos foram apresentados, e imagens do padre em programas de televisão foram enviadas para a Itália.
Depois de gastar dinheiro, e de deixar o padre doente — sofreu depressão, ficou magérrimo e chegou a pensar em suicídio —, o Vaticano descobriu o óbvio: Marcelo Rossi não oferecia risco algum à liturgia católica.
Marcelo Rossi é o típico religioso que — apesar de aparecer muito, por ser um comunicador nato — nada tem a ver com ideologias de esquerda e de direita. É um tradicionalista que usa meios modernos para se comunicar com os fieis.