Bastidores
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Renato de Castro: pelo PT, sai do processo; pelo PMDB, é forteFoto: Marcos Kennedy / Alego[/caption]
Goianésia tem uma política qualitativa e não raivosa. Os grupos do prefeito Jalles Fontoura, do PSDB, e do ex-prefeito Gilberto Naves, do PMDB, elevaram o nível político do município. As campanhas têm críticas sólidas e firmes, mas raramente há baixarias. Agora, o tucanato deve bancar Robson Tavares, médico conceituado e popular, para prefeito.
Robson Tavares é aliado fiel de tucano Jalles, mas mantém certo grau de autonomia. Não é, por assim dizer, teleguiado.
Gilberto Naves, de 64 anos, não pretende disputar mais eleições. Avalia que chegou o momento de abrir espaço para políticos mais jovens e que tenham vontade de disputar eleições. Porém, sem Gilbertinho, o PMDB se torna menor. O que fazer?
Renato de Castro foi eleito deputado estadual pelo PT. Na verdade, sem o apoio decidido do PMDB de Gilberto Naves, que colaborou na articulação de sua campanha, dificilmente teria sido eleito. A rigor, o petismo não contribuiu com sua vitória. Portanto, o parlamentar “está” mas “não é” do PT.
Se a janela for aprovada, Renato de Castro se filiará ao PMDB e vai disputar a prefeitura pelo partido. Mesmo assim, não perde o apoio do PT, que sabe avaliar contingências e especificidades locais.
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Iris Rezende e Edward Madureira: dobradinha fica? | Fotos: reprodução / Facebook[/caption]
Iris Rezende tentou assumir o comando do PMDB por intermédio do preposto Nailton Oliveira.
Achou que todos se submeteriam ao seu jogo, mas não contou com a pertinácia do deputado federal Daniel Vilela, que o enfrentou, conseguiu derrotá-lo e deverá ser o presidente da comissão provisória (ele ou o deputado Pedro Chaves).
Mas o confronto interno do PMDB, ao enfraquecer Iris, gerou uma contradição: o irismo, que estava reticente em relação a uma aliança com o PT, agora começa a aceitá-la. O peemedebismo avalia que o ex-reitor da UFG Edward Madureira, dado ao fato de não ter desgaste, seria o vice ideal para a disputa da Prefeitura de Goiânia.
O deputado Waldir Soares é um mesmo fenômeno político e eleitoral. Em Goiânia, as pesquisas de intenção de voto mostram-no em segundo lugar, colado em Iris Rezende. Mas o delegado tem condições de ultrapassar o postulante do PMDB? No momento, está a cerca de 10 pontos atrás do peemedebista-chefe. Waldir cresceu muito, mas estabilizou-se. O que precisa fazer para crescer e se tornar uma ameaça efetiva a Iris? A popularidade de Waldir, na disputa contra um peso pesado como Iris, tem um limite. Chega o momento em que os dois ficam “tirando” eleitores um do outro, com certa vantagem para Iris, que tem menos rejeição nas classes médias. Teme-se nas classes médias que, embora bem-intencionado, Waldir não tenha condições técnicas de gerir uma cidade complexa como Goiânia. Acredita-se que falta-lhe conteúdo político e administrativo. Então, para sair do lugar e se aproximar, perigosamente, de Iris, e logo no início de 2016 — para criar a expectativa de “virada” —, Waldir precisa de pelo menos uma providência. “Encorpar” a estrutura de sua pré-campanha. Para tanto, precisará ampliar seus apoios políticos, agregar valores para ampliar seu próprio valor. O problema é que, no lugar de agregar, Waldir funciona como um elemento desagregador. Aos poucos, orientado pelo craquíssimo Marcus Vinicius — um dos marqueteiros patropis que mais entendem de política, e não só de marketing —, Waldir vai entender que todo apocalíptico um dia precisa aparentar, ao menos aparentar, ser um pouco integrado.
Uma campanha eleitoral de 45 dias, com 35 dias de exposição na televisão e no rádio, é tida como curta pelos políticos. Mas é um grande problema? Não é, admitem. Qual é o jogo? Os políticos sublinham que a campanha curta esconde uma questão favorável. A pré-campanha será a mais longa da história. A pré-campanha é uma campanha estendida. Se na campanha há regras rígidas, com punições exemplares para quem não cumpri-las, na pré-campanha afigura-se uma verdadeira selva, com liberação quase total. Os pré-candidatos só não podem se apresentar como candidatos e, portanto, não podem pedir votos. Mas podem fazer discursos, arregimentar apoios e até organizar festas.
O deputado federal Marcos Abrão, que está sendo bem-sucedido em Brasília, deve apoiar o pré-candidato do PSB a prefeito de Goiânia, Vanderlan Cardoso. Presidente do PPS, Marcos Abrão talvez tenha mais o perfil do candidato que o goianiense quer. É jovem, arrojado, moderno, tem vontade de “crescer” na política. Se candidato, sairia bem atrás, mas, se expuser um discurso avançado para a capital — na área de habitação popular, por exemplo —, talvez crescesse rapidamente. Vanderlan Cardoso, embora tenha sido candidato a governador duas vezes, patina em terceiro lugar, atrás de Iris Rezende e do deputado Waldir Soares, e sem perspectiva de crescimento. Porque não está nem estagnado — está caindo. O motivo: está sendo solapado por Waldir Soares, que, aos poucos, está sendo visto como “a” a alternativa eleitoral possível a Iris Rezende.
As prévias do PSDB para definir o candidato a prefeito de Goiânia serão realizadas em março ou abril, afirma o presidente do partido, Afrêni Gonçalves. “Elas terão algumas variáveis. Os pré-candidatos precisam ter um projeto para a sociedade e pesquisas serão consultadas. Outras variáveis ainda vão ser definidas.”
O comentário na base do governador de Goiás, Marconi Perillo, em Anápolis é um só: o deputado federal Alexandre Baldy, do PSDB, precisa assumir que é, de fato, pré-candidato a prefeito. Políticos locais, inclusive tucanos, dizem que não são procurados por Alexandre Baldy. Pelo contrário, são olimpicamente ignorados.
O pré-candidato a prefeito de Goiânia pelo PSB, Vanderlan Cardoso, tem comentado que precisa de uma vice que robusteça sua campanha ou pelo menos tenha tempo de televisão.
O nome de Simeyzon Silveira tem a simpatia, mas o tempo de televisão de seu partido é quase nada. O PPS tem mais tempo de tevê, mas não tem um nome de destaque na capital, excerto o deputado federal Marcos Abrão, que não quer ser vice.
O que fará Vanderlan? Por certo, vai aguardar a definição da chapa tucana. Digamos que o vice de Jayme Rincón, ou de outro candidato do PSDB, não seja Virmondes Cruvinel, do PSD. Excluído da disputa da chapa governista, resta ao PSD dois caminhos. Lançar candidato próprio — Cruvinel, Thiago Peixoto ou Francisco Jr. — ou compor com outro candidato.
É provável que, conforme o quadro político do início de 2016, Vanderlan Cardoso ofereça sua vice ao PSD do ex-deputado federal Vilmar Rocha. Uma chapa com Vanderlan e Cruvinel não é nada fraca.
Se Vanderlan é visto como um outsider em Goiânia, Cruvinel é apontado como insider.
Vale acrescentar que o PSD vai jogar para si e por si, não para reforçar a musculatura do PSDB, nas disputas de 2016 e 2018.
Do deputado Sandes Júnior: “Eu não sei se o deputado Waldir Soares vai deixar o PSDB, mas estou convicto de que vai disputar a Prefeitura de Goiânia”. Qual o motivo de tanta convicção. “Ser candidato em Goiânia, onde obteve mais de 170 mil votos, é a verdadeira obsessão do delegado. Ele não esconde isto de ninguém.” Líderes dos principais partidos da base do governador Marconi Perillo desconfiam que há uma tentativa, nada sutil, por parte da cúpula de fortalecer exclusivamente o PSDB para a disputa eleitoral de 2016. Os líderes não apresentam publicamente suas desconfianças sobre a “hegemonia excessiva” do tucanato. Porém, internamente, as discussões começam a pipocar.
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Candidatos em Aparecida[/caption]
O presidente do PSDB em Goiás, o ex-deputado Afrêni Gonçalves, afirma que a parceria administrativa entre o governador Marconi Perillo, do PSDB, e o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, do PMDB, é sólida. “Mas trata-se de uma parceria administrativa, porque gestor não faz oposição a gestor. Nós vamos lançar candidato a prefeito e não vamos compor com o PMDB de maneira alguma.”
Afrêni sublinha que o PSDB de Aparecida tem quadros políticos e técnicos qualificados. “Um partido que conta com Ozair José [vice-prefeito], Silvio Benedito [comandante-geral da Polícia Militar], Alcides Ribeiro [empresário], Cybelle Tristão [vereadora] e Manoel Nascimento [vereador] não pode pensar em lançar vice do PMDB. Um deles vai disputar a prefeitura. Agora, se o PMDB quiser nos apoiar, aceitaremos de bom grado.”
O tucano frisa que o presidente da comissão provisória do PSDB em Aparecida é indicado pelo deputado Waldir Soares.
“Waldir Soares certamente pedirá votos para nosso candidato em Aparecida. Ressalte-se que é forte eleitoralmente no município”, frisa Afrêni Gonçalves. “O deputado federal João Campos e o deputado estadual Mané de Oliveira também subirão no palanque tucano no município. Como Maguito Vilela não será candidato, a tendência é o PSDB eleger o próximo prefeito da cidade. Nós temos os melhores nomes. Basta, portanto, fazermos uma campanha azeitada.”
O Jornal Opção perguntou para seis líderes partidários: qual vai ser o principal problema das eleições de 2016? Inicialmente, pensou-se que os políticos diriam que seria a campanha mais curta, pouco mais de 40 dias. Mas todos disseram que isto não será problema, porque se terá tempo, na pré-campanha, para expor nomes e projetos. O principal problema será, concordam os entrevistados, dinheiro. A campanha de 2016 tende a ser mais espartana. Por 2 motivos. Primeiro, há a crise econômico-financeira — que não será debelada em 2016. Há a possibilidade de se agravar. O empresário tende a colocar menos recursos na campanha. Segundo, e mais decisivo, na opinião dos políticos, é a questão de possíveis investigações tanto do Ministério Público quanto da Polícia Federal. Eles dizem que as prisões de empresários bilionários, como o presidente da Odebrecht, assustam empresários de grande, médio e pequeno porte. Os empresários temem que, mesmo colaborando como pessoa física, sejam convocados para apresentar explicações. É certo que não vão deixar de colaborar, pois muitos mantêm negócios e contatos com políticos, mas colocarão um pé atrás e vão se cercar de determinados cuidados. Noutras palavras, tentarão trabalhar mais na legalidade — se isto é inteiramente possível em campanhas eleitorais. O certo é que, desde já, vários empresários, afiançam os políticos, estão mais cuidadosos e, sobretudo, temerosos com o financiamento das campanhas. “No final, independentemente da mudança das leis, são os empresários que bancam as campanhas. Só quem tem excedente financeiro pode distribui-lo em campanhas eleitorais”, afirma um deputado federal.
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Misael Oliveira e João Gomes, prefeitos de Senador Canedo e Anápolis | Fotos: Jornal Opção[/caption]
Do experimentado Joaquim Liminha, ex-presidente da Câmara Municipal de Anápolis e presidente do PSC: “Anote duas coisas e me cobre depois. Primeiro, Misael Oliveira, do PSDB, vai ser reeleito prefeito de Senador Canedo. Segundo, João Gomes, do PT, vai ser reeleito prefeito de Anápolis”.
Liminha não costuma errar prognósticos sobre política e sobre futebol. Ele disse ao Jornal Opção: “O Goiás vai derrotar o Internacional de Porto Alegre”. O repórter, cético, não registrou a “profecia”. Resultado: o Goiás ganhou do Inter por 2 a 1, numa virada sensacional.
Em termos de futebol, Liminha é conhecido como “Magic”.
O governador Marconi Perillo tem pelo menos 2 jogos para a disputa da Prefeitura de Goiânia. No 1º turno, vai bancar o candidato do PSDB (quer o partido forte em Goiás para exibi-lo no país). No 2º, irá para o palanque de qualquer um dos candidatos de sua base política. Por isso, pode-se falar que o tucano-chefe tem vários players na capital: Jayme Rincón, Giuseppe Vecci, Thiago Peixoto, Vanderlan Cardoso, Luiz Bittencourt, Sandes Júnior e Virmondes Cruvinel.
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Henrique Jayme | Foto: Facebook[/caption]
Engenheiro formado pela USP, com mestrado iniciado em economia na Universidade de Brasília (UnB) e proprietário de uma empresa de alimentos, Henrique de Pina Jayme, um garoto de menos de 30 anos, pode ser o fenômeno eleitoral de Pirenópolis. Ele deve ser candidato a prefeito pelo PSDB.
O governador de Goiás, Marconi Perillo, e o prefeito Nivaldo Melo devem apoiá-lo. É uma aposta na renovação, sobretudo numa renovação consistente e arejada. Henrique Jayme está se revelando agregador, moderado e hábil nas articulações políticas.
Até seu pai, o experimentado Frederico Jayme, está surpreso com a desenvoltura política de Henrique Jayme. “Sua receptividade é extraordinária”, afirma o ex-chefe de gabinete do governador Marconi Perillo.
Frederico Jayme diz que não vai impedir a carreira política do filho. Mas diz que às vezes pega-se pensando se não seria melhor Henrique Jayme concluir o mestrado, fazer o doutorado e tocar seus negócios. “A política é um caminho quase sem volta. Sair, como eu fiz, não é fácil. E há os dissabores.”
O presidente do PSDB em Goiás, Afrêni Gonçalves, encontrou-se com o deputado federal João Campos e perguntou: “Procede que você saiu do páreo da disputa pela Prefeitura de Goiânia em 2016?” Afrêni, que está organizando as prévias, ficou surpreso com a resposta do deputado bancado pelas igrejas evangélicas e por parte da Polícia Civil de Goiás. João Campos disse que não saiu do páreo e que tem votado de disputar a prefeitura.
