Bastidores
O tucano Valmir Pedro pode comandar a maior frente política da história de Uruaçu. É favoritíssimo para derrotar a prefeita Solange Bertulino (PMDB).
A cidade inteira diz que, se não ganhar este ano, Valmir Pedro não ganha nunca mais. Os eleitores querem renovar e não querem nem Lourenço Filho (nem seu rebento) nem Solange Bertulino. Noutras palavras, a prefeitura está praticamente nas mãos do tucano — que é o candidato do governador Marconi Perillo.
Renato Bernardes pode trocar o PP pelo PRB. Ele está decidido a acompanhar o deputado federal Sandes Júnior, que está empolgado com o convite do partido para disputar a Prefeitura de Goiânia. Vários integrantes do PP pretendem acompanhar o deputado, se confirmada sua saída até o fim de março deste ano.
O PP se tornou “propriedade” do senador Wilder Morais. Não há espaço para os deputados federais Sandes Júnior e Roberto Balestra.
Aliás, se não conseguir disputar a reeleição ou se não conseguir ser suplente do governador Marconi Perillo, em 2018, Wilder Morais provavelmente será candidato a deputado federal. Não vai dizer isto agora, ou mesmo até 2018, e por isso continua fingindo que vai disputar mandato de senador.
Miller Assis pode disputar a reeleição pelo PDT, apoiado pela deputada federal Flávia Morais. Seria excelente para o PSD, que se livraria de um dos piores da história de Goianira.
Se configurar a mudança de partido, Miller Assis vai ficar com a imagem de o político jovem que mais muda de partido em Goiás.
O prefeito de Goianira, Miller Assis, assedia Christian Pereira, do PT do B, para que seja seu vice. É o que os políticos experimentados chamam de “millicídio”.
Carlão Alberto, pré-candidato a prefeito de Goianira pelo PSDB, espera, por certo, que Christian Pereira sinta o “cheiro” de decadência e fim de festa que cerca tanto Miller Assis quanto seus aliados.
Christian Pereira, perseguido pela tropa de choque de Miller Assis durante três anos, estaria acometido da Síndrome de Estocolmo? Seus aliados, que leram suas críticas contundentes à gestão do prefeito do PSD (a caminho do PDT), ficariam desconcertados e certamente diriam: “É um político como os outros!”
O prefeito de Águas Lindas, Hildo do Candango (PTB), quer Geraldo Messias (PP) na vice, mas este não quer, pois pretende ser candidato a prefeito.
Dada a baixa popularidade de Hildo do Candango, Geraldo Messias tem chance de ser eleito prefeito da cidade cuja população mais cresce (ou cresceu) no país.
O problema de Hildo do Candango é que prometeu muito na campanha e cumpriu pouco no mandato. Ressalve-se que as demandas de um município como Águas Lindas, com uma população imensa e crescente, são mesmo superiores aos recursos da prefeitura.
“O mais capitalista dos socialistas goianos, Vanderlan Cardoso deve ser candidato a prefeito de Caldazinha em 2020 e de Bela Vista em 2024”, ironiza um deputado peemedebista.
Trata-se de uma ironia. O peemedebista acrescenta que Vanderlan Cardoso pula muito de “galho”. “Já esteve em vários partidos, disputa eleição em Senador Canedo e agora tenta ser candidato em Goiânia.”

[caption id="attachment_55000" align="aligncenter" width="620"] Secretária Ana Carla Abrão | Foto: Fernando Leite[/caption]
O presidente do PSDB de Goiânia, Rafael Lousa, convidou a secretária da Fazenda do governo de Goiás, Ana Carla Abrão Costa, para se filiar ao partido e, se quiser, disputar mandato eletivo em 2018.
“Ana Carla disse que admira o governador de Goiás, Marconi Perillo, sente-se ‘lisonjeada’ com o convite, mas assegura que não tem projeto político-partidário”, afirma Rafael Lousa.
A família de Ana Carla já tem dois políticos: a senadora Lúcia Vânia, presidente do PSB, e o deputado federal Marcos Abrão, presidente do PPS. Lúcia Vânia é mãe de Ana Carla. Marcos Abrão é primo da secretária.
O deputado estadual Diego Sorgatto, filiado à Rede mas a caminho do PSDB, deve apoiar a candidatura de Marcelo Melo (PSDB) a prefeito de Luziânia. Em 2018, o deputado federal Célio Silveira (PSDB) deve apoiar sua reeleição.
Detalhe: Diego Sorgatto é primo do prefeito de Luziânia, Cristóvão Tormin. Possivelmente, como os eleitores do município, quer vê-lo mais bem administrado.
Muita gente quer abandonar Cristóvão Tormin, mas depende de empregos públicos ou mantém negócios com a prefeitura.
O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, é do PT mas não está rezando pela cartilha do partido: está atrasando os salários dos trabalhadores públicos. Lá, o PT fica caladinho.
Em Goiás, embora o governo tucano esteja pagando os salários, o petismo reclama que nem todos os salários são pagos dentro do mês.
Paulistanos avaliam que o apresentador de telejornal José Luiz Datena (PP) pode “ser o prefeito que vai combater a criminalidade e melhorar a segurança pública”. Mas têm dúvida sobre sua capacidade de administrar. Ele é visto como uma espécie de novo Paulo Maluf. O problema é que os eleitores não percebem que o problema da segurança pública não tem como ser resolvido unicamente por um prefeito. É um problema municipal, estadual e federal. Portanto, precisa-se de um trabalho integrado. A ideia de um prefeito justiceiro é um mito populista.
João Dória, possível candidato do PSDB, é apontado como elitista. Há sempre alguém que diz que se trata de um político de proveta, quer dizer, inventado de última hora como solução milagrosa.
Celso Russomanno é mencionado como um político “problemático”. Mas é bom de voto, ainda que muitos o avaliem como cavalo paraguaio: sai na frente, mas não ganha.
Marta Suplicy (PMDB) é citada como corajosa, mas ainda é associada com o PT pelos eleitores. Está tentando se distanciar da imagem de petista, mas os eleitores temem substituir um petista por outra quase-petista.
O prefeito Fernando Haddad é rejeitado pela maioria da população. As pessoas dizem que piorou a cidade. Além do desgaste pessoal, da falta de carisma, é filiado ao PT. O PT em São Paulo está destruído. Até Lula da Silva é visto como um político que usou a política para se dar bem.
De um taxista de São Paulo para um repórter do Jornal Opção: “O Haddad? Nem ‘daddo’!” A rejeição do prefeito Fernando Haddad impressiona porque é generalizada. Ricos, pobres e classe média não querem saber do petista.
As pessoas dizem, nas ruas, que São Paulo está funcionando no piloto automático. Quer dizer, parece que não tem prefeito.
Mesmo uma boa ideia, como a abertura da Avenida Paulista exclusivamente para pedestres, aos domingos, é atacada por vários indivíduos e segmentos organizados da capital. Mas não há a menor dúvida de que sem os carros, e apenas num dia da semana, a bela avenida ficou mais democrática e tranquila, possibilitando convivência e lazer às pessoas.
Há indícios de que, mesmo quando acerta, Fernando Haddad não consegue comunicar isto às pessoas.
O vereador Vinicius Luz, do PSDB, afirma que vai disputar a Prefeitura de Jataí. “Vou mesmo para a disputa. Estou cada dia mais disposto a ser candidato. Recebo muitas manifestações espontâneas de apoio, todas sugerindo que é preciso renovar a política do município. Portanto, não há como recuar.”
Vinicius Luz diz que está costurando apoio, pois pretende constituir uma ampla frente política. “Estou afinado com o PR, o PSD e o PP. Cilene Guimarães afirma que pode disputar a prefeitura, mas, se desistir, pode me apoiar. Trata-se de um dos melhores valores políticos do município.” O PTB, dirigido por uma comissão provisória, ainda não decidiu quem vai apoiar — se Leandro Vilela, do PMDB, ou se Vinicius Luz. O presidente do partido tem dito que vai acompanhar o candidato da base marconista.
A incógnita é o ex-deputado federal Leandro Vilela (PMDB). Há peemedebistas — entre eles o prefeito Humberto Machado — que falam que será candidato e há peemedebistas que sugerem que não está animado com a disputa. “Conversei recentemente com Leandro Vilela e ouvi dele que ainda não tomou uma decisão. Frisou que está cuidando de sua vida, de sua família”, afirma Vinicius Luz. Ao Jornal Opção, há pouco tempo, disse que não iria disputar. Em seguida, o deputado federal Daniel Vilela, seu parente, garantiu que será candidato.
O empresário Vitor Priori estaria dizendo, nos bastidores, que pretende ser candidato a prefeito. No entanto, não aparece, não articula. Está apenas cuidando de seus vários negócios. Ele é milionário. “Vitor Priori é um dos nossos bons valores políticos”, afirma Vinicius Luz. “Uma campanha nasce forte quando o partido está unido. Quero o apoio de Vitor Piori para minha candidatura.” Se Vinicius Luz for o candidato a prefeito, a tendência é o empresário disputar mandato de deputado estadual ou federal em 2018. Ou até a suplência de Marconi Perillo, se este disputar mandato de senador.
Há pouco tempo, acompanhado do vereador Thiago Maggioni, Vinicius Luz esteve com o governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB. “Marconi me incentivou e disse para colocar o meu nome em discussão e que o PSDB terá candidato próprio em Jataí. Ele nos disse: ‘Não vou costurar nenhuma aliança sem consulta-los’.”
No dia 21 de fevereiro, o PSDB vai eleger o novo comando do diretório municipal.

Prefeitos que não podem disputar a reeleição, mas que os eleitores de seus municípios gostariam de eleger para um terceiro mandato: Maguito Vilela (Aparecida de Goiânia) e Humberto Machado (de Jataí).
Mas uma diferença crucial entre os dois. Maguito Vilela é apontado como democrata e agregador. Humberto Machado (foto) é citado como desagregador e autoritário. Ele raramente aceita críticas. Mas, como Maguito, é tecnicamente competente.
Parte da esquerda é especialista em criar, a partir de contrainformação e distorção das informações reais, “fatos falsos” — sonegando a verdade e substituindo-a pela mentira. É quando a mentira se torna verdade. De repente, muitos começaram a repetir a cantilena: o governo de Goiás “vai” privatizar a Educação. Pessoas menos informadas mas bem intencionadas ficaram preocupadas e decidiram se posicionar contra a adoção de organizações sociais na rede pública estadual de ensino de Goiás. Acreditava-se, inicialmente, que a Educação seria privatizada. Porém, aos poucos, a verdade, restaurada, foi se impondo e a manipulação foi cedendo. Os pais e os alunos sabem, agora, que o objetivo do governo de Marconi Perillo é sobretudo melhorar e requalificar a Educação pública do Estado — aproximando-a, cada vez mais, da qualidade do ensino das melhores escolas particulares. E tudo continua público e gratuito. O que vai mudar é o gerenciamento das escolas. Vai se tornar mais eficiente, mais produtivo... para os alunos e, também, para os professores.
Na semana passada, vários pais de alunos, agora mais bem informados sobre o que significam as organizações sociais na Educação, mostraram-se preocupados com os filhos que estão acampados nas escolas (por falar nisso, em São Paulo, os acampamentos resultaram num prejuízo para o governo, sobretudo para a sociedade, que é quem financia as escolas, de mais de 1 milhão de reais). As redes sociais mostraram garotos seminus — fala-se, até, numa República Livre do Sexo e alto consumo de drogas, como maconha, e álcool. Pode ser haja algum exagero, e jovens se divertem mesmo de maneiras às vezes pouco ortodoxas, mas os pais estão preocupados.
(A pintura é de Almeida Júnior)
Comenta-se entre militantes esquerdistas que a esquerda vive e respira o dissenso, raramente o consenso. Dois trotskistas juntos, por mais de duas horas, logo surge uma dissidência — o trotskista do b e o trotskista do c. No Brasil, ao menos durante algum tempo, quase havia mais partidos comunistas — PCB, PC do B, PCBR, PCR, VPR, VAR-Palmares, ALN, Ala Vermelha, Molipo, Colina (alguns não eram partidos, e sim organizações revolucionários, guerrilheiras), entre outros — do que comunistas. Cinco esquerdistas articulados fazem tanto barulho que observador que estiver distante pensa que se tratam de 200 esquerdistas. Em Goiás, não é diferente.
Na Secretaria de Educação, Cultura e Esporte, na quarta-feira, 6, em Goiânia, militantes políticos e estudantes tentaram, mas não conseguiram esconder as divisões do movimento. Sindicalistas e militantes de partidos políticos hostilizavam abertamente a secretária Raquel Teixeira — que pode até ser tachada de vaidosa, mas é tolerante, civilizada e sempre aberta ao diálogo. A educadora queria conversar, mas tais militantes, pegos no contrapé, deixaram exposta a contradição: não querem o diálogo. Eles sugeriram, o tempo todo, que o diálogo não é eficaz. Porém, vários estudantes — que foram utilizados como massa de manobra nas invasões das escolas, mas não são alienados — mostraram-se interessados em conversar e entender de fato a proposta de compartilhamento da gestão da Educação por intermédio das organizações sociais. Curiosamente, muitos ficaram surpresos ao saber que não há, no projeto, nenhuma linha sobre privatização e que não se fala, em nenhum momento, em demissão de professores. Os estudantes, que estão mais preocupados com o ensino do que com militância política, deram uma lição de civilidade aos integrantes da esquerda.