Bastidores

Há indícios de que parte da imprensa não está entendendo com precisão o que o tucano Giuseppe Vecci está sugerindo sobre a disputa da Prefeitura de Goiânia, em 2016. O deputado federal e economista não está dizendo que não será candidato ou que não quer ser candidato. Sim, com certa nuance, ele pode ser o postulante do PSDB. “No momento, três nomes se destacam pelo PSDB — Jayme Rincón, Waldir Soares e Fábio Sousa. São os nomes colocados e o que posso dizer é que são consistentes. É uma fila. Pode-se ‘furá-la’? Não estou fugindo da raia, mas não estou colocando meu nome, até porque não pretendo contribuir para ‘exaurir’ os três pré-candidatos. Agora, se por um motivo ou por outros, eles se exaurirem, posso disputar. Insisto, porém, que não estou me lançando nem vou me lançar”, explica-se o tucano. Vecci sugere que o PSDB, junto com os pré-candidatos, elabore um plano de governo que possa aglutinar a base governista, não apenas o tucanato.

[caption id="" align="alignleft" width="266"] Foto: Renan Accioly / Jornal Opção[/caption]
Há sempre histórias dando conta de que o sogro do deputado federal Alexandre Baldy, Marcelo Limírio, estaria dizendo que o genro não será candidato a prefeito de Anápolis. “Meu sogro não se interessa por política, mas sempre me apoia”, sublinha o tucano. “O que posso dizer, mais uma vez, é que, sim, pretendo disputar a Prefeitura de Anápolis, em 2016, e estou começando a organizar uma equipe e a pensar na formatação de uma ampla aliança. Se o governador de Goiás, Marconi Perillo, quiser, serei candidato. Ele é a única pessoa interfere na minha candidatura, ou minha não-candidatura. Nenhuma outra pessoa interfere.”
A conversa com o repórter do Jornal Opção continuou, mas Baldy, que estava em São Paulo, voltou ao assunto: “Minha pré-candidatura está mantida. Só retiro minha candidatura se Marconi quiser”. A mulher de Baldy, Luana, o apoia integralmente. “Em 2014, ela coordenou minha campanha.” O deputado frisa que não tem receio de enfrentar o prefeito João Gomes ou o deputado Carlos Antônio.
Um jovem empresário, filho de um político nacional, comprou uma fazenda que pertencia a Célio da Cunha Bastos — falecido há alguns meses —, na região de São Luís de Montes Belos, em Goiás, e pretende produzir energia eólica. O projeto, que ainda não está em execução, supostamente terá financiamento do BNDES. O empresário, que ficou rico de uma hora para outra, esteve no local e conversou com algumas pessoas. Mas a fazenda, adquirida dos herdeiros, não estaria em seu nome.

O deputado federal-delegado Waldir Soares pôs duas ideias na cabeça e não as retira nem com fórceps. Primeira: vai ser candidato a prefeito de Goiânia de qualquer maneira. É incontornável. Segunda: as prévias do PSDB “terão cartas marcadas”, quer dizer, foram articuladas para bancar o presidente da Agetop, Jayme Rincón, ou o deputado federal Giuseppe Vecci. Não é assim que pensam o governador de Goiás, Marconi Perillo, e o presidente do PSDB, Afrêni Gonçalves. Mas é assim que pensa o campeão de votos do Estado. A tese de Waldir Soares é a seguinte: se disputar as prévias e perder não poderá disputar a prefeitura. Porque, se sair do PSDB após disputar prévias, será apontado como traidor. Por isso não vai para as prévias. Vai, isto sim, sair do partido.

Há quem aposte que, se expurgado da presidência da Câmara dos Deputados, sobretudo se perder o mandato, Eduardo Cunha poderá aceitar a delação premiada. Não é sua primeira opção. Ele vai lutar, até quando der, para manter-se no comando do Legislativo — de onde retira forças para enfrentar o petismo e o Ministério Público. Porém, dependendo do desenrolar do quadro, estaria disposto a conversar abertamente com os procuradores e com o juiz Sérgio Moro. Se isto acontecer, cai a República — com as elites política e empresarial sangrando intensamente. Cunha tem gordura para queimar e não vai discutir delação premiada agora. Mas ela está no seu horizonte e cada vez menos distante. *Leia mais Eduardo Cunha teme a prisão de sua mulher, a jornalista Cláudia Cruz, ex-Globo, e de sua filha
A aliados e amigos, Eduardo Cunha estaria dizendo que o que mais teme não é sua queda da presidência da Câmara dos Deputados, e sim a possível prisão de sua mulher, a jornalista Cláudia Cruz, ex-apresentadora da TV Globo, e de sua filha Danielle. A detenção seria uma maneira de fazê-lo jogar a toalha. Aos aliados, Cunha afirma que tem certeza de que há um conluio entre o governo da presidente Dilma Rousseff, o PR e a Procuradoria da República para tentar destruí-lo. *Leia mais Eduardo Cunha pode aceitar o esquema da delação premiada? Difícil, mas opção está no seu horizonte

[caption id="attachment_29610" align="alignleft" width="620"] Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil[/caption]
O Jornal Opção perguntou a cinco deputados federais: “O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, emplaca 2016 no cargo?” Os cinco, consultados em momentos diferentes, disseram a mesma coisa: Levy já “caiu”, mas ainda “não sabe”. Com escassa experiência nacional, e enfrentando um adversário poderoso e perigoso, Lula da Silva, dificilmente terá condições de continuar no cargo. O ex-presidente insiste que é um ministro negativo e sugere que Henrique Meirelles é o nome certo para o lugar certo.
A ressalva é que Dilma Rousseff desenvolveu uma estranha antipatia por Henrique Meirelles. Talvez seja ciúme. Porque, quando ele era presidente do Banco Central e Lula da Silva era presidente, às vezes era mais ouvido pelo PR do que a então ministra .

[caption id="attachment_29012" align="alignleft" width="620"] Foto: Geraldo Magela[/caption]
O presidente do PSD de Goiás, Vilmar Rocha, diz que o partido fez uma opção pela candidatura do deputado federal Heuler Cruvinel a prefeito de Rio Verde, o que provocou a ruptura com o prefeito Juraci Martins e com o deputado Lissauer Vieira. “Temos apreço por Juraci e Lissauer, mas o nosso candidato é Heuler Cruvinel. Desde o início, era ele que se posicionava como postulante.”

[caption id="attachment_29059" align="alignleft" width="620"] Foto: Fernando Leite[/caption]
Um aliado do prefeito de Inhumas, Dioji Ikeda (PDT), diz que Abelardo Vaz quer disputar a prefeitura. Mas vários problemas podem impedir o registro de sua candidatura. Duas prestações de contas de convênios de sua gestão como prefeito foram rejeitadas. O Ministério Público denunciou a construção do Centro de Convenções. Há uma ação civil pública para que o líder do PP ressarça o Erário com recursos próprios. É apontado como o responsável por uma ilegalidade que provocou prejuízo ao cofre público. Adversários apontam ilegalidade que envolve a Creche Vó Fia. Trata-se de prestação de contas (recusada) junto ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.
O secretario de Governo da gestão do governador Marconi Perillo, o advogado Henrique Tibúrcio, afirma que é cedo para fazer uma avaliação enfática do quadro político de Goiânia. “O que posso dizer é que Jayme Rincón é o nome mais cotado. Ele e gestor, é competente. Conhece bem a cidade, tem vontade, energia e é ousado”.
O PSD de Goiás já tem uma safra de prefeitos ruins — Luiz Carlos Attié, de Cristalina; Cristóvão Tormin, de Luziânia; e Itamar Barreto, de Formosa — e, para piorar a situação, aceitou a filiação do “alcaide” de Goianira, Miller Assis. Miller Assis foi expurgado do PP pelo senador Wilder Morais, que vai apoiar Carlão Oliveira para prefeito de Goianira. Carlão, ex-prefeito, é o favorito.
Pré-candidato a prefeito de Uruaçu, o decente Valmir Pedro, finalmente procurou boas companhias. Empresários e políticos experimentados de Uruaçu vão trabalhar em sua campanha. A gestão da prefeita Solange Bertulino é tão ruim que, durante a campanha, terá de gritar todos os dias: “Não me deixem só!” Um dos problemas de Solange Bertulino é que, por pirraça, não procura benefícios para o municípios. Não fosse Valmir Pedro, com seu jeitão pacífico, levar obras do Estado para o município, Uruaçu estaria bem pior. Mas o governo do Estado precisa terminar a construção do hospital regional no município. A população já está reclamando da demora. A obra está paralisada.
A oposição em Goianira tem três nomes consistentes para a disputa da prefeitura em 2016. O favorito é o ex-prefeito Carlão Oliveira — seguido de Christian Pereira, do PT do B, e Ercy Rodrigues do Nascimento, sem partido.
Ercy Rodrigues perdeu o comando do DEM para um aliado do prefeito Miller Assis. O senador Ronaldo Caiado teria sido iludido pelo millerista, que é ligado ao secretário Vilmar Rocha, inimigo figadal do democrata. Com o millerista no comando, o DEM continua na base do governador Marconi Perillo. Tudo aquilo que Caiado não queria.
Ercy Rodrigues pode ser vice de Carlão Oliveira para prefeito de Goianira ou mesmo pode disputar a prefeitura. Ele já foi prefeito do município e é um político experimentado, ainda que da velha guarda.