Bastidores

O vice-governador e secretário de Segurança Pública de Goiás, José Eliton, saiu amplamente fortalecido em seu projeto de disputar o governo em 2018.
Além de ter se revelado um articulador político de primeira linha, inclusive na resolução de conflitos, José Eliton venceu no Nordeste goiano de ponta a ponta, contabilizando 25 prefeitos eleitos pela base do governo do Estado. Em Posse, por exemplo, seu candidato, Wilton Barbosa, do PSDB, deu um banho no prefeito José Gouveia, do PMDB. Barbosa obteve 57,01% dos votos válidos, enquanto que Gouveia, mesmo com o controle da máquina, conquistou apenas 33,48% dos votos.

Com a derrota do DEM nas eleições municipais em Goiás — coisa, aliás, cada vez mais frequente —, o senador Ronaldo Caiado passa a depender cada vez mais da vitória de Iris Rezende em Goiânia.
Acredita-se que só há uma possibilidade de o democrata conseguir ser candidato a governador de Goiás com o apoio do PMDB: se Iris Rezende for eleito prefeito. Aí, com força política, o peemedebista poderia atrair Ronaldo Caiado para o PMDB e seria mais fácil bancá-lo para governador.
O que se sabe é que, apesar de Maguito Vilela e Daniel Vilela estarem participando da campanha peemedebista em Goiânia, notadamente no segundo turno, Iris Rezende perdeu o apreço por Maguito Vilela e seu principal aliado hoje é Ronaldo Caiado.
Ganhando a prefeitura, Iris Rezende começa, rapidamente, a trabalhar para minar a força política de Maguito Vilela, que avalia como um “marconista disfarçado”. Ah, claro, neste momento, no qual o decano peemedebista precisa de todos para enfrentar Vanderlan Cardoso, do PSB, todos vão dizer que se amam.
Agora, se Iris Rezende for derrotado, Caiado estará, como se diz em Nova Crixás, no mato sem cachorro.

O prefeito de Jataí, Humberto Machado, tem dito aos seus aliados que, embora se sinta lisonjeado por um possível convite para participar do governo de Marconi Perillo, num cargo de diretoria e até secretaria, não está muito interessado em mudar de sua cidade.
Humberto Machado, gestor de primeira linha, tem condições de deslanchar politicamente, mas precisa sair de sua Paságarda.

Em campanhas políticas passadas, o empresário Victor Priori atacou o prefeito de Jataí, Humberto Machado, do PMDB, com críticas pesadas. As cicatrizes permaneceram e o gestor peemedebista nunca perdoou o milionário e, como vingança é um prato que se come frio, esperou o momento certo para a desforra, que chegou.
Este ano, quando Maguito Vilela impôs Victor Priori como candidato a prefeito de Jataí, atropelando o candidato de Humberto Machado — que, de fato, não conseguiu deslanchar —, provocou uma crise na política local.
Victor Priori levou o apoio de Maguito Vilela e do PMDB. Mas não levou o apoio do maior general eleitoral do município — exatamente Humberto Machado. Resultado: perdeu as eleições.
Humberto Machado nem mesmo precisou pedir votos para Vinicius Luz. Bastou ficar quieto, na prefeitura e em sua casa, que os eleitores entenderam: não estava apoiando Victor Priori e, daí, logo inferiram que estava apoiando o postulante do PSDB.

O inimigo número do milionário Victor Priori, de Jataí, não são seus adversários políticos. Não verdade, são os eleitores. O empresário, embora gaste com fartura nas suas campanhas, nunca ganhou uma eleição. Consta que vive perguntando: “Como é ganhar uma eleição?” Sim, porque é um atleta da derrota. Do seu currículo constam cinco derrotas consecutivas, entre disputas para prefeito de Jataí e para deputado.
Porém, na disputa deste ano, Victor Priori compartilha a derrota com o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, e com o senador Ronaldo Caiado. Aliados do empresário sugerem que não teve o apoio político necessário. Seus patronos teriam ficado longe do pleito de Jataí.
Um integrante do PMDB, que participou da campanha do empresário, sustenta que ouviu dele que, além e desfiliar-se do DEM, com o qual não tem identidade, vai abandonar a atividade política para cuidar, unicamente, de seus negócios. Nas atividades econômicas, Victor Priori altamente eficiente. Detalhe: o empresário continuará apoiando um político — o governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB.

Um jornalista político fez um diagnóstico curioso sobre a tragédia de Itumbiara (o ex-prefeito José Gomes da Rocha e o cabo da PM Vanilson Pereira foram assassinados por Gilberto Ferreira do Amaral): “Notaram que a imprensa falou de todos os políticos que estavam no veículo em que o prefeito foi morto e o vice-governador José Eliton foi ferido. No entanto, havia lá um senador, Wilder Morais, e dele ninguém fala?”
Por que o senador foi ignorado, inclusive pela imprensa. O jornalista explica: “Por que, no fundo, Wilder não é visto como político. Ainda é o grande empresário, dos mais ricos, mas não é visto como político nem mesmo pelos políticos e pela imprensa”. Como dizem os colunistas sociais, faz sentido.

Quando o atirador Gilberto Ferreira do Amaral começou a atirar, com o objetivo de matar sobretudo o ex-prefeito e ex-deputado Jose Gomes da Rocha, o senador Wilder Morais jogou-se no chão do veículo em que estavam fazendo carreata.
Ao se jogar ao chão, para não ser ferido, Wilder Morais, do PP, foi pisoteado pelas outras pessoas e chegou a ficar com uma perna e um pé machucados.
Deitado, Wilder Morais chegou a pensar, num primeiro momento, que o atirador havia matado todos ou quase todos que estava no veículo.

[caption id="attachment_8732" align="aligncenter" width="620"] ACM e Caiado durante evento de campanha em Goiânia | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Além de não ter crescido nas eleições deste ano em Goiás, Ronaldo Caiado perdeu espaço, em termos nacionais, para o prefeito de Salvador, ACM Neto, que foi reeleito, no primeiro turno, com uma votação consagradora.
Embora diga que apoia Ronaldo Caiado para presidente, porque pretende disputar o governo da Bahia em 2018, ACM Neto agora é o verdadeiro líder do DEM no plano nacional.
Como estrela nacional do DEM, dependendo do cenário de 2018, ACM Neto pode trocar uma disputa pelo governo da Bahia pela vice de Geraldo Alckmin ou mesmo pode disputar a Presidência da República.
O sonho de Antônio Carlos Magalhães, o ACM, era que seu filho, Luís Eduardo Magalhães, que morreu jovem, fosse candidato a presidente da República. ACM Neto provavelmente quer, um dia, disputar a Presidência...

Os luas vermelhas (agora não tão vermelhas) do PT contam que o ex-prefeito de Anápolis Antônio Gomide esperava obter pelo menos 30 mil em Anápolis. Porém, com todo o esforço de sua base e o apoio do prefeito João Gomes, do PT, conseguiu apenas 11 mil votos. A votação, claro, é expressiva — foi o mais votado —, mas não é consagradora como era de se esperar de um político que, além de ter sido prefeito por duas vezes, foi candidato a governador de Goiás.
Antônio Gomide não conseguiu, também, eleger João Gomes no primeiro turno. Um petista local contrapõe: o prefeito seria pesado e, só chegou à frente de Roberto do Orion — que a cidade já chama de prefeito —, graças ao apoio do ex-prefeito. Ele seria o candidato-mochila, quer dizer, teria sido carregado por Antônio Gomide, que estaria com problema de coluna.

Carlão da Fox, eleito prefeito de Goianira, terá, a partir de 2017, uma missão inglória. Primeiro, terá de organizar a prefeitura, que é rica unicamente numa coisa: dívidas. Segundo, terá de organizar o corpo de funcionários, que o prefeito Miller Assis bagunçou e está bagunçado. Terceira, terá de contratar uma auditoria com o objetivo de verificar os desmandos possivelmente cometidos pelo líder do PSD e, em seguida, denunciá-lo ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas dos Municípios e à Justiça.
Mas Carlão da Fox, segundo o jornalista Nilson Gomes, não tratará apenas de pautas negativas. Ele quer se tornar uma espécie de Vanderlan Cardoso de Goianira, quer dizer, o político que, de fato, modernizou Goianira. Se ficar preocupado com caça às bruxas, sairá do seu eixo e perderá tempo, por isso deverá deixar Miller Assis por conta de promotores, juízes e, se necessários, policiais. Ele quer manter o pé firme no presente, mas sempre de olho no futuro.
Carlão da Fox pretende, entre outras coisas, construir um centro cultural em Goianira e aumentar seu parque industrial.

Sabe aquele lutador que terminou nocauteado. Está-se falando do PT. O partido que praticamente virou pó em Goiás, conseguiu eleger apenas três prefeitos. Antes eram 17 prefeitos.
Detalhe: dois foram eleitos porque contaram com o apoio da base do governo do Estado. É o caso de Selma Bastos, do PT, que contou com um vice do PSDB.
Em Goiânia, considerada “a praia do PT”, o partido não elegeu nenhum vereador, nem mesmo Carlos Soares, irmão de Delúbio Soares. Os irmãos torraram uma grana alta em Goiânia, mas não adiantou. O eleitor quis banir o PT da capital e conseguiu. Motivos: a gestão considerada de baixa qualidade de Paulo Garcia (mais uma vítima de Iris Rezende) e a debacle nacional do PT.

Políticos de Goiás que circulam noutros Estados têm ouvido com frequência que governadores de outros Estados têm acionado o governador Marconi Perillo como interlocutor junto ao governo do presidente Michel Temer.
Além da ligação pessoal com Michel Temer, o tucano goiano mantém contato com outros integrantes do governo, e não apenas com os ministros José Serra e Bruno Araújo, que são do PSDB.
Detalhe: Marconi Perillo é interlocutor político e administrativo de Michel Temer. O presidente gosta de ouvir um político que, com apenas 53 anos, foi eleito quatro vezes governador, uma vez senador e uma vez deputado federal. Além da experiência como administrador, há a experiência puramente política.

Analistas, pesquisadores, marqueteiros e jornalistas políticos avaliam Marconi Perillo como uma espécie de força da natureza. O governador tucano enfrenta crises sucessivas e, quando se avalia os resultados das eleições, esteja ou não no poder, verifica-se que é um vencedor.
Agora, depois de ampla vitória político-eleitoral de suas bases nas eleições para prefeito e vereador, Marconi Perillo cacifou-se, ainda mais, para voos políticos nacionais. É o que tem ouvido, com frequência, de deputados, senadores e governadores, que o aconselham a entrar de sola no jogo federal.
Por enquanto, dada sua habilidade política e foco n governo de Goiás — a crise, mesmo quando se administra bem, afeta as contas dos Estados —, Marconi Perillo, embora de olho no plano nacional, não discute de forma ampla o assunto. Mas, que é um player nacional, não há mais a menor dúvida.

O vereador Carlos Soares, irmão do mensaleiro Delubio Soares — tudo indica que será promovido a petroleiro —, viu sua votação cair pela metade em Goiânia.
Em alguns bairros de Goiânia, candidatos do PT se apresentavam como candidatos, mas omitiam que eram do PT. Eles tinham medo de apanhar.

De um integrante do PR: “A senadora Lúcia Vânia foi excluída de todas as negociações de Vanderlan Cardoso, candidato a prefeito de Goiânia pelo PSB, das negociações om o PTB de Jovair Arantes, o PSD de Vilmar Rocha e o PR de Magda Mofatto. A pedido dos presidentes dos três partidos”.
Motivo: 2018 está mais à vista do que parece.