Por Nathália Barros

[caption id="attachment_1118" align="alignleft" width="620"] Antônio Gomide: o petista avalia que é o “novo” com capacidade de gestão. Resta saber se o PMDB não vai brecar a sua candidatura | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Na semana passada, com articulações a mil por hora, processou-se uma curiosidade: os adeptos de Iris Rezende passaram a elogiar o pré-candidato do PT a governador, Antônio Gomide, e os aliados de Júnior Friboi, suposto pré-candidato do PMDB, começaram a criticar o petista. Os iristas sugerem que o prefeito de Anápolis retira sua candidatura se o PMDB lançar Iris candidato a governador. Os friboizistas sustentam que Gomide acabará apoiando qualquer candidato do PMDB — por amor ou a fórceps —, dada a fragilidade política da presidente Dilma Rousseff (PT).
O que se passa realmente pela cabeça de Gomide? O prefeito é um enigma. Quem o conhece bem afirma que não é de blefar e que se trata de um político de extrema coragem. “Gomide não é de fazer jogo duplo. Ele joga limpo e, quando diz que vai fazer uma coisa, costuma fazê-la”, diz um petista. “Trata-se de um político determinado e, por representar o novo, será, se disputar, um candidato muito forte”, admite o presidente nacional do PHS, Eduardo Machado.
Em várias conversas com repórteres do Jornal Opção, Gomide sempre diz a mesma coisa: só deixa a Prefeitura de Anápolis, até o dia 5 de abril, para disputar o governo de Goiás. Cotado para ser candidato a senador, numa possível composição com o PMDB de Iris Rezende, reafirma: planeja ser candidato a governador.
Gomide não é um político meramente intuitivo, da velha escola. É um político que aprecia examinar detidamente as pesquisas para interferir na realidade de modo mais planejado e, portanto, com mais eficácia. As pesquisas sugerem que, como símbolo do novo e da mudança, pode ser o fato novo destas eleições. O PT de Goiás tem a má fama de não produzir bons administradores, mas Gomide é uma exceção. Por isso, está se apresentando, em todo o Estado, como o novo que sabe gerir de maneira eficiente. Sua tendência política avalia que é o único que realmente tem condições de derrotar o governador Marconi Perillo (PSDB). O PMDB, tanto o de Iris quanto o de Friboi, não pensa o mesmo.
De um peemedebista ligado a Júnior Friboi: “O prefeito Antônio Gomide (PT) pode até se desincompatibilizar, mas não será candidato a governador de Goiás. Ele vai compor com o PMDB e deve ficar na chapa como vice ou candidato a senador”. O friboizista garante que o PT vai mesmo priorizar a eleição para senador.
Júnior Friboi só não será candidato a governador se não quiser, disseram Jader Barbalho e seu filho, Helder Barbalho, do PMDB do Pará, a um político de Goiás. A cúpula nacional tem dito que o PMDB, sob o comando de Iris Rezende, virou freguês do governador Marconi Perillo. São quatro eleições seguidas que o partido perde para o tucanato. Acredita-se que, como Friboi, cria-se uma nova expectativa. O PMDB nacional quer que o PMDB goiano envie mais deputados federais e senadores para Brasília. Hoje, o partido tem quatro deputados federais por Goiás. E nenhum dos três senadores.

[caption id="attachment_1112" align="alignleft" width="620"] Iris Rezende quer subordinar Júnior Friboi e este quer subordinar aquele | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
Até pouco tempo, todos avaliavam que seria fácil derrotar o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Parece que a euforia durou pouco. Hoje, embora não considere que é impossível derrotá-lo, a maioria dos pré-candidatos admite que é muito difícil. Há várias teses sobre como desafiá-lo. Há os que consideram que vão deixar para tentar derrotá-lo no segundo turno, quando, em tese, todos vão se juntar para enfrentá-lo.
O prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB), desenvolveu a tese de que, quanto mais candidatos no páreo, mais fácil será levar a disputa para o segundo turno. O peemedebista, espécie de cérebro da pré-campanha de Júnior Friboi, propõe que o prefeito de Anápolis, Antônio Gomide (PT), deve ser candidato a governador. Porque, como Anápolis tem sido uma das bases para Marconi ganhar eleições, Gomide dividirá os votos, com a tendência de superar o tucano-chefe ao menos no município. Maguito percebe o petista como um possível elemento desestabilizador do tucano-chefe.
Um apoiador de Vanderlan Cardoso disse ao Jornal Opção que, aconteça o que acontecer, o líder do PSB vai disputar a eleição e aposta que ele vai polarizar com Marconi. Na sua opinião, o socialista é o único que, no momento, está fazendo críticas consistentes à gestão do tucano. Chega a dizer que não entende porque as críticas de Friboi e, mesmo, de Iris Rezende — que avalia Marconi mais como inimigo do que como adversário — são tão cautelosas e perfunctórias. Cardoso sustenta que vai levar o debate para a campanha e a discussão sobre os mitos do governo tucano. O tucanato gasta muito, faz estardalhaço e faz pouco, na opinião do pré-candidato.
Iris Rezende insiste que não vai “atropelar” Friboi e que vai esperar sua viabilização eleitoral e que, em junho, toma uma decisão: se será candidato ou não. O mercado persa da política garante que o ex-prefeito de Goiânia só pensa naquilo... quer dizer, na candidatura a governador e que estaria dirigindo pessoalmente as manifestações de peemedebistas que afirmam apoiá-lo. Iris quer ser aclamado? Quer. Mas suas últimas movimentações indicam que, se necessário, vai partir para um enfrentamento mais cáustico com Friboi.
Na semana passada, indiferente às informações divulgadas pelo irismo — de que havia jogado a toalha e aceitado ser vice —, Friboi estava negociando novos apoios no interior. Chegou a pedir aos seus aliados para não confrontar Iris. Depois de um período de arrogância, agora diz que ganha de Iris em quaisquer instâncias — prévias e convenção —, mas admite que não tem qualquer chance de ser eleito se perder o apoio do líder histórico.
A tendência, a se avaliar pelo quadro atual, é que as urnas de 5 de outubro deste ano, na seção de candidatos a governador, apresentam os nomes de Marconi, Friboi (ou Iris), Vanderlan, Gomide, Marta Jane (PCB) ou Cláudio Maia (PSOL).
Um grupo se peemedebistas vai se reunir com o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, na segunda-feira, às 16 horas, para reafirmar que, a partir de agora, será o “diplomata” — a “ONU de Goiás” — para tentar resolver pendências entre Iris Rezende e Júnior Friboi, do PMDB. Ele é visto como o interlocutor qualificado e apropriado, porque é respeitado pelo partido, tanto pela corrente de Friboi quanto pela de Iris. Maguito, alegando que Iris sempre dizia que não seria candidato, se tornou o principal articulador — mentor intelectual — da candidatura do empresário, o que chegou a irritar Iris. Porém, recentemente se encontraram e lavaram a roupa suja sem constrangimento. Maguito admitiu que articula para Friboi, sobretudo por considerar que o partido não podia ficar sem um pré-candidato, até para fomentar o debate. Do encontro de segunda-feira, em Aparecida de Goiânia, participarão: Adib Elias, Naudiomar Elias, Ricardo Fortunato, Samuel Belchior, Marcelo Melo, Agenor Curado e José Nelto.

[caption id="attachment_1107" align="alignleft" width="240"] Vanderlan Cardoso: desidratado, pode compor com o PMDB?[/caption]
O Jornal Opção solicitou a marqueteiros, pesquisadores e cientistas políticos que, examinando o quadro político, definissem, dentro das possibilidades, quais são os reais candidatos a governador de Goiás em 5 de outubro deste ano. A maioria disse que um nome está absolutamente definido: o do governador Marconi Perillo (PSDB). Só um milagre pode tirá-lo do páreo, afirmam. Os entrevistados dizem que é fato que o tucano-chefe teme a consolidação de um nome novo, que se torne símbolo da mudança, como ocorreu com ele em 1998, há dezesseis anos. Aposta-se também que Vanderlan Cardoso, apontado como “obstinado” e “teimoso como uma mula”, será candidato. Com uma ressalva: se desidratado intensamente, caindo para último lugar nas pesquisas, é possível que se sinta compelido a compor com um candidato do PMDB (o chefão do PSB, Eduardo Campos, não aceita composição com o PT).
Sobre o PMDB e o PT quase todos os ouvidos sugerem que vão brigar e, depois, vão compor. Um não vive mais sem o outro, apostam.
O PMDB de Goiás vai lutar para ter o PT na chapa majoritária. E vai usar a cúpula nacional para pressões locais.
Na política aquilo que parece impossível é quase sempre possível. Por exemplo: o deputado federal Ronaldo Caiado pode apoiar o governador Marconi Perillo? Difícil, mas provável. Vanderlan Cardoso (PSB) afirma que será candidato a governador de qualquer maneira. Será? Pode ser que não. Se o PT ficar fora da aliança com o PMDB, a posição de Vanderlan pode mudar, sobretudo depois das novas pesquisas, que indicam que, mais do que estagnar, começa a cair (embora o resultado esteja na margem de erro) e tende a ser superado por Júnior Friboi e, mesmo, por Antônio Gomide. O peemedebismo avalia que Vanderlan pode aceitar ser vice tanto de Iris Rezende quanto de Júnior Friboi, nomes mais fortes do PMDB para o governo. Ressalte-se que o líder socialista insiste que será candidato.
Ex-governador do Distrito Federal, Rogério Rosso (PSD) planeja ser candidato a deputado federal. Mas há uma operação para que seja vice na chapa do candidato do PSDB a governador do DF, Luiz Pitiman. Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, e Aécio Neves, do PSDB, aprovam a composição.

[caption id="attachment_1100" align="alignleft" width="240"] Luiz Pitiman: o deputado tucano tenta ampliar coligação em Brasília[/caption]
O quadro eleitoral de Brasília é um dos mais caóticos do país. O governador Agnelo Queiroz (PT) tem um cartel de obras considerável, mas sua imagem está desgastada. As pesquisas de intenção de voto apontam dois políticos também desgastados como líderes — Joaquim Roriz (PRTB) e José Roberto Arruda (PR). Roriz, com sérios problemas renais e mal conseguindo andar, não será candidato. Por isso vai tentar emplacar uma filha, a deputada distrital Liliane Roriz, como vice de Arruda. O problema é que o eleitor cativo de Roriz não aprova a aliança com Arruda, que é apontado como “traidor”.
Quase 60% dos eleitores de Brasília não definiram seus candidatos (até porque não há candidatos definidos). A surpresa, se Arruda for impedido pela Justiça, será a candidatura de Liliane Roriz a governadora. O pré-candidato do PSDB a presidente da República, Aécio Neves, banca a candidatura do deputado federal Luiz Pitiman (PSDB) para governador e já frisou que não sobe no palanque de Roriz e Arruda. Há a possibilidade de Pitiman compor com o PPS de Eliana Pedrosa (quer ser candidata a governadora) e com o PSB do senador Rodrigo Rollemberg. O DEM, embora ligado a Arruda, estuda compor com Pitiman, Pedrosa e Rollemberg.
O principal problema de Pitiman é o baixo índice nas pesquisas. Fica atrás de Arruda, Pedrosa, Rollemberg e “Agnulo”.

[caption id="attachment_1096" align="alignleft" width="228"] Prefeito de Palmeiras de Goiás, Alberane Marques apoia Marcos Abrão para deputado federal[/caption]
O prefeito de Palmeiras de Goiás, Alberane Marques (PSDB), decidiu apoiar Marcos Abrão (PPS) para deputado federal. Amigos de longa data, Alberane e Abrão estudaram economia juntos.
Ao anunciar seu apoio, Alberane frisou que Abrão tem serviços prestados para Palmeiras e região vizinha. Na Goiasindustrial e na Agehab, destacou o prefeito, Abrão deu atenção à sua região.
Ao comunicar o apoio ao governador Marconi Perillo e à senadora Lúcia Vânia, ambos do PSDB, Alberane disse que Palmeiras dará uma grande votação ao líder do PPS.
Alberane, popular e competente, também apoia a reeleição do deputado estadual José Vitti.
Com receio de perseguição, porque se trata de empresa poderosa, os integrados da Perdigão de Rio Verde não se manifestam publicamente. Privadamente, as reclamações estão esquentando. Os produtores dizem que a Perdigão, depois da fusão com a Sadia, que gerou a empresa Brasil Foods S.A. (BRF), passou a tratá-los com “desrespeito”, pagando preços aviltantes pela produção. Há quem recomende que possíveis benefícios fiscais e apoio do FCO sejam revistos.
A Câmara Municipal de Catalão rejeitou as contas do Adib Elias (PMDB). O ex-prefeito recorreu à Justiça, alegando que seu direito de defesa foi cerceado. O juiz do município mandou, então, que os vereadores organizem nova sessão e deem o espaço adequado para o peemedebista se defender. Porém, ao contrário do que dizem aliados de Adib, a Justiça não disse que os vereadores não podem julgar as contas, que, por sinal, devem ser julgadas e rejeitadas em abril. Com as contas rejeitadas, Adib não poderá se candidatar a cargo eletivo nos próximos anos.
Adriano Avelar, assessor do deputado federal Sandro Mabel (PMDB), está pedindo votos para Alexandre Baldy (PSDB), pré-candidato a deputado federal. Este teria reservado entre 15 e 20 milhões de reais para a campanha. Baldy decidiu, depois de longa hesitação, que vai jogar pesado para se eleger em 5 de outubro deste ano. Ele está montando uma equipe gigantesca, inclusive está preparando um site para sua campanha online.
Nas suas múltiplas viagens, para conversar com prefeitos, vereadores, líderes municipais, integrantes de associações empresariais, Giuseppe Vecci tem conquistado aliados um tanto porque é, ao lado de Antônio Faleiros, o candidato a deputado federal apoiado pelo governador Marconi Perillo. Mas não é só isso, não. Vecci tem agradado o homem do interior tanto pelo seu preparo intelectual quanto por sua franqueza. De tanto visitar o interior, já se julga quase um interiorano. Não é à toa que alguns políticos já chamem de Vecci do Interior. Ele não sabe, mas descobriu-se municipalista de primeira linha. Poucos sabem, aliás, mas grande parte dos projetos para atender os municípios, nos três governos de Marconi, foi criação do economista, um desenvolvimentista.
A pedido do ex-presidente Lula da Silva, o marqueteiro João Santana pode, se não participar diretamente, orientar parte da campanha de Antônio Gomide para governador de Goiás. No geral, Gomide deverá contar com um marqueteiro local. Mas toda ajuda externa será bem-vinda. O próprio Lula mostra grande entusiasmo com a candidatura do prefeito de Anápolis. Se tiver que sacrificá-lo, devido às aliança nacional com o PMDB, o ex-presidente vai sentir muito.