Por Euler de França Belém
O professor André Luiz da Silva, do IFG, é um dos políticos mais respeitados do município
Mesmo em busca de visualizações multiplicadas, jornais e sites deveriam alertar seus leitores de que há uma batalha comercial entre a cantora e o guitarrista do Calypso
Jovair Arantes e os deputados estaduais do partido se unem para bancar um nome para a disputa na capital
Chapa de Nailton Oliveira, bancada por Iris Rezende, perde um aliadoconsistente

[caption id="attachment_45415" align="aligncenter" width="620"] Iris Rezende: seu projeto é disputar a Prefeitura de Goiânia, em 2016, manter o controle do PMDB, mas não necessariamente dirigi-lo | Foto: Alexandre Parrode / Jornal Opção[/caption]
O ex-prefeito de Goiânia e ex-governador de Goiás Iris Rezende confidenciou a pelo menos três políticos, com e sem mandato, que seu projeto número um não é assumir o comando do PMDB. Porque, se indicado para dirigir o partido, seu projeto número um — disputar a Prefeitura de Goiânia pela quarta vez — ficará comprometido.
Se eleito para presidir o PMDB, Iris Rezende terá de frequentar o interior e, sobretudo, organizar as campanhas dos candidatos a prefeito pelo menos nos principais municípios do Estado. Se fizer isto, sendo cobrado a todo momento pelos líderes interioranos, terá de descuidar de sua própria campanha para prefeito de Goiânia. A saída? Escolher um vice-presidente representativo para, no interior, representá-lo. Funciona? Não. Porque os candidatos vão cobrar a presença não do preposto, e sim do titular, Iris Rezende.
Porém, para evitar a disputa pelo comando do partido, é provável que Iris Rezende aceite dirigi-lo? Pode até aceitar, se o PMDB não sair “fraturado”. O peemedebista-chefe não aceitaria concorrer com nenhum outro nome do partido. Teria de ser ungido por todos. O deputado José Nelto e Nailton Oliveira admitem que apoiam Iris Rezende para comandar a legenda. O deputado Daniel Vilela disse, inicialmente, que iria para a disputa. Mas seu pai, o prefeito de Aparecida de Goiás, Maguito Vilela, por certo o forçaria a apoiar o peemedebista-chefe.
Iris Rezende no comando do partido pode evitar a crise interna? Pode, ao menos circunstancialmente. Mas o recado de que manda tanto para os políticos jovens quanto para os eleitores goianos é um só: a velha cúpula do PMDB não aceita a renovação e os políticos jovens são cordeirinhos e não têm tutano para confrontá-lo. Basta Iris Rezende bater o pé e todos recuam e começam a incensá-lo. Quando cobrarem mudanças — renovação —, alternância de poder, os peemedebistas decerto serão lembrados de que só cobram modificações substanciais na “casa” dos outros.

[caption id="attachment_49511" align="aligncenter" width="620"] Jayme Rincón, prioridade do governador; Giuseppe Vecci pode entrar no páreo; Thiago Peixoto é consistente; Vanderlan Carsdoso tem se aproximado do tucano-chefe | Fotos: Jornal Opção / reprodução / Facebook[/caption]
A eleição para prefeito de Goiânia será realizada no dia 2 de outubro de 2016 — daqui a 11 meses. Parece muito tempo, mas não é, sobretudo porque a campanha, com as mudanças na legislação, será curta — pouco mais de 40 dias, com 35 dias de programa na televisão — e os recursos, para a maioria dos candidatos, não serão fartos.
O pré-candidato Iris Rezende, do PMDB, é o mais conhecido e, por isso, pode “mergulhar”. Mesmo assim, ao seu modo, recebendo pessoas no seu escritório e em sua casa, faz política em tempo integral. Já a base do governador Marconi Perillo (PSDB), apesar de certos movimentos, parece relativamente cautelosa — contribuindo para criar uma espécie de “vácuo”.
O presidente da Agetop, Jayme Rincón, é o nome preferido de Marconi Perillo. Primeiro, porque é do PSDB. Segundo, porque é um gestor consagrado. Terceiro, tem vontade. Quarto, seu discurso é afiado. Quinto, não tem receio de enfrentar vacas sagradas como Iris Rezende.
Depois de ter se posicionado de modo mais intenso, há alguns meses, Jayme Rincón “mergulhou” — concentrando-se mais na gestão das obras do governo. Mesmo com recursos escassos, trabalha de maneira incansável para entregar à sociedade obras no Estado e em Goiânia. Enganam-se aqueles que acreditam que está parado. Não está. Permanece articulando, sobretudo nos bastidores.
Jayme Rincón é a única alternativa do tucano-chefe? Não é, porque um político da estatura de Marconi Perillo não trabalha, jamais, com apenas uma hipótese. O presidente da Agetop é o primeiro da fila. Se quiser, será candidato e terá apoio integral do tucano-mor.
Mas há outros nomes a se considerar, tanto no PSDB quando em outros partidos da base governista.
Fala-se que Marconi Perillo está preparando Giuseppe Vecci (PSDB) para voos mais altos. Porém, como para 2018, o candidato a governador tende a ser o vice José Eliton (PSDB), o deputado federal e economista, no caso de desistência de Jayme Rincón, passa a ser a primeira opção.
No PSDB, há outros dois nomes consistentes: os deputados federais Waldir Soares e Fábio Sousa. Waldir está bem nas pesquisas — cada vez mais próximo de Iris Rezende —, mas tucanos sublinham que, ganhar com ele, não significa que o PSDB governará. O delegado “está” no PSDB, mas “não é” do partido. No fundo, quer que o partido submeta-se ao que pensa. É do PWS — Partido do Waldir Soares.
Comenta-se que o vice-governador José Eliton, ao ser atraído para o PSDB, pode ser candidato a prefeito. A hipótese, se não pode ser descartada, é repelida com veemência pelo jovem político.
Um nome sólido da base governista é o do secretário de Gestão e Planejamento, Thiago Peixoto, do PSD. Porém, disciplinado, sugere que respeita a fila, quer dizer, Jayme Rincón. Seu partido tem outro nome colocado — o deputado estadual Virmondes Cruvinel. O PP pode lançar o deputado federal Sandes Júnior.
Há pelo menos dois outsiders, quase no estilo de Waldir. São Vanderlan Cardoso, do PSB, e Luiz Bittencourt. Independentemente do apoio do tucano-chefe, os dois devem ser candidatos. O PHS pode emplacar Eduardo Machado ou Marcelo Augusto.

[caption id="attachment_41417" align="aligncenter" width="620"] Heuler e Lissauer: crise não deve ser superada | Foto: divulgação / Marcos Kennedy / Alego[/caption]
O deputado Lissauer Vieira, da Rede, diz que a divisão entre o deputado Heuler Cruvinel, do PSD, e o prefeito de Rio Verde, Juraci Martins, do PP, é “incontornável”. “É muito difícil, senão impossível, uma recomposição. As relações deterioraram-se. Mas depende do grupo, pois não se faz política sozinho. Se o nosso líder, o prefeito, disser que é possível ‘reverter’, tudo bem. A tendência é que a base governista tenha 2 candidatos”: Heuler e Lissauer. Este quer disputar? “Meu principal objetivo é cumprir bem meu mandato de deputado. Porém, se nosso grupo decidir que devo ser candidato, não fugirei da raia. Posso, portanto, enfrentar a batalha eleitoral de 2016.”

[caption id="attachment_49505" align="aligncenter" width="620"] Ozair José e Silvio Benedito: fusão de experiência política com segurança pública[/caption]
Há quem aposte que PMDB e PSDB vão organizar uma dobradinha na disputa pela Prefeitura de Aparecida de Goiânia. O primeiro bancaria o candidato a prefeito — Euler Morais, o preferido do prefeito Maguito Vilela, ou Gustavo Mendanha, o preferido da base peemedebista na cidade — e o segundo, o vice, possivelmente Ozair José ou o coronel Silvio Benedito. Tudo certo? Nem tanto.
O alto tucanato, numa operação para ampliar a base governista no entorno de Goiânia — para contrabalançar uma possível derrota em Goiânia —, tende a bancar candidato a prefeito em Aparecida. Ozair José não foi “arrancado” gratuitamente do PT e, sobretudo, dos braços do PMDB. Acredita-se que, se o PMDB bancar Gustavo Mendanha — como parte da política de devolver o poder no município a um líder local —, é vital o PSDB apoiar um postulante local, como Ozair José ou o empresário Alcides Ribeiro.
No momento, o nome preferido do tucanato é mesmo o de Ozair José, porque aparentemente agrega mais e é um nome consolidado no município. Seu vice seria Silvio Benedito, dado o apelo do tema segurança pública. Alcides Ribeiro, que quer disputar, seria o coordenador da campanha.

[caption id="attachment_39869" align="aligncenter" width="620"] Caiado e Iris: dependência | Foto: Leandro Vieira[/caption]
Na semana passada, um caiadista explicou a um peemedebista porque o senador Ronaldo Caiado deve disputar o governo de Goiás: “Em 2018, se perder a eleição para governador, o líder do DEM permanecerá como senador. Por isso a tendência é que dispute o governo. Se disputar em 2022, quando acaba seu mandato de senador, se for derrotado, ficará sem mandato”.
O caiadista sugere que Ronaldo Caiado vai lidar com um problema “grave” em 2018. “Ele é presidente de um partido que quase não tem prefeitos e vereadores, quer dizer, falta-lhe bases eleitorais. Portanto, resta-lhe um único caminho: ser o candidato do PMDB, com o apoio de Iris Rezende, especialmente se este for eleito prefeito de Goiânia em 2016. Iris quer apostar num candidato anti-Marconi Perillo”.
É provável que, se o PMDB bancar Daniel Vilela para governador, Ronaldo Caiado não será candidato. Há quem recomende, como o caiadista ouvido, que se filie ao PMDB. “O DEM acabou em Goiás e se tornou base do governador Marconi Perillo. Pode-se dizer que Caiado mantém o controle do poder, mas não sobre a maioria dos líderes e aliados.”

[caption id="attachment_48185" align="aligncenter" width="620"] Luis Cesar Bueno e Adriana Accorsi: um deles deve ser candidato a prefeito ou a vice de Iris Rezende | Fotos: Marcos Kennedy[/caption]
O PT tem cinco pré-candidatos a prefeito de Goiânia — Adriana Accorsi, Luis Cesar Bueno, Edward Madureira, Humberto Aidar e Marina Sant’Anna.
Rigorosamente, ao menos dois nomes já estão praticamente fora do processo. A Marina Sant’Anna faltam disposição pessoal e apoio das tendências políticas. Portanto, deve ser considerada carta fora do baralho. Humberto Aidar, um dos mais qualificados deputados estaduais do PT, quer disputar, mas não tem quem o banque. Seu grupo político não tem força política na capital (tem em Anápolis).
Edward Madureira é um outsider — está filiado ao PT, mas não é tido como petista. Não participa de nenhuma tendência, o que, no partido, é apontado como um equívoco político. Ele quer disputar.
Rigorosamente, os dois nomes mais sólidos são os de Adriana Accorsi e Luis Cesar Bueno. Os dois estão em campo em busca de apoio interno e externo. Se falta pegada a Adriana Accorsi, sobra para Luis Cesar.
A capacidade de articulação de Luis Cesar impressiona. Ele saiu bem atrás da relutante Adriana Accorsi, mas pôs seu bloco na rua, é incansável nas articulações e pode-se dizer que já “empatou” com a pupila do prefeito de Goiânia. Aliás, Paulo Garcia tem simpatia pelo deputado e, sobretudo, admira e respeita sua vontade de ocupar espaço.
Inicialmente, Luis Cesar queria ser vice de Iris Rezende. Primeiro, porque o peemedebista-chefe é o favorito para prefeito de Goiânia e, segundo, para manter a aliança com o PMDB. Devido ao desgaste do PT, que estaria contaminando tudo, Iris Rezende procurou se afastar dos petistas e, inclusive, da gestão de Paulo Garcia. A partir desta posição, Luis Cesar passou a defender candidato pelo PT.
Uma composição com Iris Rezende está inteiramente descartada? Não. Mas, curiosamente, o PT de Goiânia, por intermédio do prefeito Paulo Garcia, hoje está mais próximo do governador Marconi Perillo do que do peemedebista-chefe.

[caption id="attachment_49499" align="aligncenter" width="620"] Adib e Iris em 2014 | Foto: reprodução / internet[/caption]
Para o espanto de muitos peemedebistas, até de iristas empedernidos, ficou-se sabendo, na semana passada, que, quando sugeriram o nome de Adib Elias para presidente do PMDB estadual, Iris Rezende teria se posicionado contra. Um irista explicou: “Adib Elias só pensa em Catalão.
O presidente do PMDB precisa pensar em todo o Estado de Goiás”. Na verdade, o irismo considera que o ex-prefeito do município do Sudeste é “muito independente e agressivo”.
Iris Rezende quer que o fundo partidário de 180 mil reais por mês fique sob o controle de seu grupo político. Hoje, a grana é administrada com mão de ferro por Iris Rezende, Iris Araújo e, por vezes, Samuel Belchior, que se comporta como preposto do casal.

[caption id="attachment_34814" align="aligncenter" width="620"] Foto: Fernando Leite - Jornal Opção[/caption]
Senador Canedo deve ter uma das campanhas mais competitivas de 2016. Quatro nomes despontam: o prefeito Misael Oliveira, do PDT; Zélio Cândido, do PSB; Divino Lemes, do PSD, e Sérgio Bravo, do PROS. Lemes tende a sair na frente, porém a polarização mais provável deverá ser entre Misael e Zélio. O prefeito tem estrutura e é eficiente em campanha. O segundo tem o apoio de Vanderlan Cardoso.
O problema de Zélio Cândido não aguenta um debate com Misael e Divino, que, experimentados, o levarão à lona.

[caption id="attachment_45371" align="aligncenter" width="620"] Foto: Renan Accioly[/caption]
Aliados de Vanderlan Cardoso estão tentando, a fórceps, demovê-lo da ideia de que deve passar a maior parte de seu tempo articulando em Senador Canedo. Eles querem convencê-lo de que, se não fizer política em tempo integral em Goiânia, os políticos e os eleitores não acreditarão que seu projeto para a capital é sério.
Integrantes do PSB e do PPS avaliam que Vanderlan Cardoso parece não ter percepção de que Iris Rezende, do PMDB, e Waldir Soares, do PSDB, estão descolando cada vez mais.
“Vanderlan parece que vive no mundo da lua, como se fosse um líder incontestável”, diz um aliado. “O eleitor goianiense o respeita, por aquilo que fez em Senador Canedo, mas quer saber, de maneira clara, o que fará, se eleito, para melhorar sua vida aqui, e não no município vizinho.”

[caption id="attachment_41939" align="aligncenter" width="620"] Foto: Marcos Kennedy[/caption]
Não se acredita que será aprovado, dada a resistência dos lobbies, mas o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), enviou para a Assembleia Legislativa um projeto solicitando que 20% dos rendimentos dos cartórios sejam investidos na construção de presídios. Vinte e nove deputados estaduais da situação e das oposições receberam apoio financeiro dos cartórios. O petista Humberto Aidar, um político íntegro, lidera o grupo que é contrário ao projeto.