Por Euler de França Belém
Os manifestantes disseram, com sua presença nas ruas e seus cartazes, que condenam a corrupção na Petrobrás e outros setores do governo
Jornal vai priorizar fotos grandes e abrirá menos espaço para opinião
“Os impostos das transações financeiras para a EMS foram efetivamente pagos pela FSB e por Zilmar Fernandes”, afirma Delcídio do Amaral

[caption id="attachment_60827" align="aligncenter" width="620"] Lúcia Vânia (PSB) e Magda Mofatto (PR) saíram na frente e articulam com muito mais eficiência do que a maioria dos políticos de Goiás[/caption]
Goiânia é o laboratório para os possíveis candidatos às duas vagas para o Senado em 2018. Por isso praticamente todos os grandes nomes que devem disputar mandato para senador estão bancando candidatos a prefeito de Goiânia: Marconi Perillo (Giuseppe Vecci), Lúcia Vânia (Vanderlan Cardoso), Magda Mofatto (Waldir Delegado Soares), Vilmar Rocha (Francisco Júnior), Jovair Arantes (Luiz Bittencourt) e Wilder Morais (Sandes Júnior, que tende a ser vice de Vecci).
Mas, entre todos os nomes — o governador Marconi Perillo, do PSDB, é o único considerado hors concours (todos acreditam que uma vaga será dele, portanto só uma vaga estará de fato em jogo) —, duas mulheres articulam com mais desenvoltura e energia em todo o Estado, não apenas em Goiânia: a senadora Lúcia Vânia, do PSB, e Magda Mofatto, do PR. Dos homens, mas sem a vitalidade das duas mulheres, o que mais articula, ao menos no interior, é o senador Wilder Morais, do PP.
A primeira grande sacada foi de Lúcia Vânia, que, ao perceber que, se ficasse no PSDB, não disputaria a reeleição, em 2018, migrou para o PSB, assumindo sua presidência — e, de quebra, ganhou o apoio do PPS, dirigido por um sobrinho, o deputado federal Marcos Abrão. Sua candidatura, portanto, está garantida. Não há quem a retire do páreo. Mas a senadora não comemora vitórias paralisando suas ações. Pelo contrário, quase sempre ao lado de Marcos Abrão, circula por todo o Estado preparando a montagem de uma base eleitoral tanto para 2016 quanto para 2018. Em Goiânia, aposta em Vanderlan Cardoso, do PSB, para prefeito. Ele pode não ser eleito, mas sedimenta o partido na cidade com o maior número de eleitores do Estado. No Sudoeste goiano, banca o deputado federal Lissauer Vieira para prefeito. Ele filiou-se ao PSB recentemente. Em Cristalina, deve bancar Daniel do Sindicato para prefeito. A ex-tucana articula em vários outros municípios, em todo o Estado. Sua presença é registrada com frequência no Entorno de Brasília e no Nordeste goiano.
A deputada federal Magda Mofatto, como Lúcia Vânia, articula em todo o Estado. Há notícias sobre peregrinações e articulações no Norte, no Sudoeste, no Nordeste, no Entorno do Distrito Federal. Enfim, em praticamente todos os municípios. Na sua base, Caldas Novas, banca a reeleição do prefeito Evandro Magal, do PP. Mas sua principal aposta é em Goiânia, com o deputado federal Waldir Soares. Mas aos poucos, trabalhando por vezes silenciosamente, está colocando os pés em vários municípios goianos. A deputada, além de ter dinheiro — é uma empresária poderosa do ramo de hotelaria de Caldas Novas —, tem uma capacidade de trabalho que impressiona até seus aliados.

[caption id="attachment_60825" align="aligncenter" width="620"] Giuseppe Vecci, Vanderlan Cardoso, Luiz Bittencourt e Francisco Júnior: políticos modernos, um deles deve descolar e tende a
disputar o segundo turno com Iris Rezende ou Waldir Soares[/caption]
Dois políticos descolaram dos demais pré-candidatos na disputa pela Prefeitura de Goiânia: Iris Rezende, do PMDB, e Waldir Delegado Soares, do PR. Quem quiser tirar um dos favoritos do páreo precisa crescer e se aproximar, cada vez mais. Ressalve-se que o favoritismo do peemedebista e do republicano é o que se pode chamar de inercial. Primeiro, porque são mais conhecidos. Segundo, porque os demais pré-candidatos são menos conhecidos. Terceiro, porque ainda não há campanha, quer dizer, exposição de projetos e debates.
Os populistas Iris Rezende e Waldir Soares são populares, mas não são craques na arte de debater. O peemedebista, por ser mais experimentado, tende a se sair melhor. Mas o republicano, se permanecer monotemático — sugando até os “ossos” o tema da segurança pública —, tende a ser “esquecido” pelo eleitorado de classe média. A impressão que se tem é que o delegado prega para convertidos, mas não se preocupa em adotar um discurso para “converter” novos eleitores.
Vanderlan Cardoso, do PSB, não é populista, mas também não é um grande debatedor. Ele é capaz de articular projetos que “ficam de pé”, mas raramente consegue fazer uma exposição dinâmica e convincente de suas ideias. É mais gestor do que político, mas parece mais político do que gestor.
Os que estão na “comissão de trás”, Giuseppe Vecci, Luiz Bittencourt e Francisco Júnior, são tecnicamente superiores a Iris Rezende e Waldir Soares e são mais preparados para o debate. Bittencourt tem a capacidade rara de transformar um discurso técnico e complexo numa fala simples, mas não banalizada. Giuseppe Vecci, de todos, certamente é o que tem mais experiência como gestor (participou dos governos de Marconi Perillo, como elemento de criação) e é um debatedor feroz e capaz. O verbo de Waldir Soares, para ficar num exemplo, não é páreo para o verbo de Vecci. Francisco Júnior, embora tímido, tem um discurso técnico afiado e moderno. Um deles pode descolar e, se isto acontecer, tende a ir para o segundo turno.

[caption id="attachment_59670" align="aligncenter" width="620"] Foto: Renan Accioly/Jornal Opção[/caption]
O prefeito de Caldas Novas, Evandro Magal, do PP, é um vencedor, mas não é imbatível. Ele já perdeu eleição para Nei Viturino. Agora, embora esteja bem avaliado como gestor, está sob ameaça.
O sargento e radialista Alison Maia — o Waldir Soares das águas quentes —, com escassa estrutura e sob ataque da mídia de Caldas Novas, aproxima-se perigosamente do favorito e, se não houver reação, pode superá-lo e ser eleito prefeito.
O grupo de Magal cometeu o equívoco de concentrar “fogo” em Alison e, longe de enfraquecê-lo, contribuiu para torná-lo mais conhecido. Pode-se dizer que a política de comunicação do prefeito — que o ataca sem nenhum critério — é responsável pela robustez política do militar.

O prefeito de Jataí, Humberto Machado (PMDB), estaria irritado com o ex-deputado federal Leandro Vilela. Segundo um peemedebista, Leandro afirma que será candidato a prefeito de manhã, anuncia que desistiu à tarde e confirma que voltou ao páreo à noite.
Na verdade, mesmo sofrendo pressão de Machado, do prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, e do presidente estadual do PMDB, deputado federal Daniel Vilela, o jovem político não estaria motivado — preferindo continuar na iniciada privada, ao lado do empresário Júnior Friboi. Como Jataí é uma das cidades mais importantes do Sudoeste de Goiás, com eleitorado razoável, seria, com um prefeito do PMDB, suporte para uma provável candidatura de Daniel Vilela ao governo de Goiás em 2018.
A indecisão de Leandro tem a ver com o fato de que não quer desagradar seus parentes e aliados. Se disputar, é o favorito, e conta com o apoio de um prefeito que, apesar de autoritário, é um gestor eficiente e sério.

Dois pesquisadores experimentados disseram ao Jornal Opção que a situação de Iris Rezende, apesar de líder nas pesquisas de intenção de voto, não é das melhores. Eles frisam que um político com sua experiência — foi prefeito de Goiânia — teria de aparecer com no mínimo 45% das intenções de voto. Cerca de 30% é pouco, porque significa que o peemedebista não tem “gordura” para queimar. Os pesquisadores sugerem que os atuais índices mostram que Iris Rezende perdeu força em relação à disputa de 2014. Ele obteve mais votos na eleição para governador, em Goiânia, do que está obtendo agora. Os pesquisadores frisam que o peemedebista é um candidato consistente, tem popularidade e prestígio, mas deveria encomendar pesquisas qualitativas para entender o que está acontecendo com seu eleitorado. Os dados atuais sugerem que está perdendo eleitores.

[caption id="attachment_59511" align="aligncenter" width="620"] Adib Elias: ex-prefeito tem duas
pendências insanáveis no TCM| Foto: Y. Maeda[/caption]
O Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) vai entregar, no mês de abril, a listas dos políticos que são fichas sujas ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Políticos consagrados que estão se apresentando candidatos a prefeito terão uma surpresa: não poderão disputar mandato eletivo no dia 2 de outubro deste ano. A lista ainda está sendo finalizada, mas já se sabe que alguns figurões estão mais “sujos” do que “limpos”.
O deputado estadual e ex-prefeito de Catalão Adib Elias é tido como certa na lista dos fichas sujas. Com duas pendências insanáveis no Tribunal de Contas dos Municípios, Adib Elias não terá como disputar a Prefeitura de Catalão. Um advogado afirma que Adib Elias vai se apresentar como vítima de perseguição. “Mas não há nada disso: o trabalho do TCM é eminentemente técnico, como poderá avaliar a Justiça Eleitoral.”
Em Catalão, peemedebistas começam a se movimentar. Há dois nomes que podem substituir Adib Elias: o ex-prefeito Velomar Rios e a ex-deputada Adriete Elias.
Ressalte-se que Adib Elias insiste, em entrevistas, que não é ficha suja e que será candidato a prefeito de Catalão.

[caption id="attachment_27032" align="aligncenter" width="620"] Foto: reproduão / Facebook / Renan Accioly / Jornal Opção[/caption]
De adversários figadais, o ex-prefeito de Itumbiara Zé Gomes da Rocha (PTB) e o ex-vereador Gugu Nader se tornaram aliados viscerais. “Se Zé Gomes for candidato a prefeito, a tendência é que eu seja o seu vice. Somos uma dupla imbatível”, aposta o popular Gugu Nader.
“Zé Gomes, como um fenômeno político e uma força da natureza, é praticamente impossível de ser derrotado. Álvaro Guimarães, que é um bom nome, não ganha dele de jeito nenhum e o mais provável é que, se confirmada a candidatura do ex-prefeito, o deputado estadual não concorra ao pleito de 2 de outubro deste ano.Zé Gomes, favoritíssimo, queria que eu me filiasse ao PTB, mas, dados meus contatos estaduais, decidi me filiar ao PSB da senadora Lúcia Vânia.”

O empresário e professor Alcides Ribeiro diz que deve ser o candidato do PSDB a prefeito de Aparecida de Goiânia e que seu nome deve ser definido no fim desta semana. “Mas estou respeitando o ‘tempo’ do vice-prefeito Ozair José. Ele afirma que precisa ter uma conversa com o governador Marconi Perillo. Depois, acredito que vai apoiar a minha candidatura. Trata-se de um companheiro de valor e será fundamental na nossa campanha.”
Quanto ao coronel Silvio Benedito (deve ser filiar ao PP), Alcides Ribeiro pontua que se trata de “um companheiro extraordinário” e “um homem de bem”. “O coronel Silvio, se tudo der certo, deverá ser o meu vice. Tenho certeza que uma chapa com o meu nome e com o nome de Silvio ganhará a eleição para prefeito de Aparecida. O tema da segurança pública é muito forte em Aparecida, dada a violência, e o coronel Silvio sabe tudo a respeito e é um oficial firme.”
Alcides Ribeiro afirma que Gustavo Mendanha acredita que será o candidato de Maguito Vilela. “Os peemedebistas mais ligados ao prefeito dizem que seu candidato é o economista Euler Morais. Maguito vai fazer uma mise-en-scène, mas, ao final, deve bancar seu amigo Euler Morais.” Mendanha estaria sendo iludido.

O prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, está ouvindo as bases do PMDB e, no final do mês, anuncia quem será o candidato a prefeito. Na parada estão Euler Morais — o político e técnico mais afinado com o peemedebista-chefe — e o presidente da Câmara Municipal, Gustavo Mendanha, o político local mais sintonizado com o deputado federal Daniel Vilela, filho de Maguito Vilela e presidente do PMDB. Um pode ser vice do outro? Difícil, porque o PT pleiteia a vice. Aliados de Gustavo Mendanha avaliam que, como Maguito Vilela está ouvindo as bases do partido, a tendência de que possa ser o candidato é grande.

O senador Wilder Morais confidenciou para dois políticos que o vice do pré-candidato do PSDB a prefeito de Goiânia, Giuseppe Vecci, será o deputado federal Sandes Júnior, do PP. O presidente do PP disse que seu objetivo, para tentar disputar a reeleição em 2018, é “colar-se” ao projeto do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Apoiar a candidatura de Vecci faz parte de sua estratégia de reeleição. Como Vecci tem um discurso eminentemente técnico, por vezes tendo dificuldade de traduzi-lo numa linguagem mais popular, é importante ter como vice um político mais popular, que fala a linguagem do povo — caso de Sandes Júnior.

O deputado José Nelto diz que não conversa com Iris Rezende há dois meses, desde as articulações que levaram Daniel Vilela a derrotar Nailton Oliveira pelo comando do PMDB. Nelto frisa que chegou a pensar que o ex-prefeito de Goiânia o apoiaria para o comando do partido. “Mas acabei percebendo que estava sendo iludido e que Iris Rezende e Iris Araújo tinham outro nome, Nailton Oliveira.” Perguntado sobre se Iris Rezende vai disputar a Prefeitura de Goiânia, José Nelto usou as palavras com criatividade quase criacionista: “Só tenho certeza de duas coisas no mundo — que Deus existe e que Iris Rezende é candidatíssimo a prefeito de Goiânia”. José Nelto diz que basta olhar as movimentações dos outros partidos. “Todos definiram seus candidatos a prefeito de Goiânia. O PMDB não fala em outros nomes, não fala em prévias e em disputa na convenção. Por quê? Simples: porque tem um candidato mais do que definido — Iris Rezende Machado.”

O ex-prefeito Iris Rezende usa sua superfazenda do Xingu para descansar e pensar sobre seu futuro político. Mas ele não fica isolado do mundo, não. De vez em quando, entra em contato com Goiânia e pergunta sobre as articulações políticas. O velho cacique sempre pergunta sobre Waldir Delegado Soares — se disputaria mesmo fora do PSDB — e sobre “a menina Accorsi”, como ele chama Adriana Accorsi. Iris Rezende torce por uma candidatura do PT por dois motivos. O (ou a) petista terá de defender a gestão do prefeito Paulo Garcia — e não ele, patrono do petista em 2012. Ao final das contas, a fazenda do Xingu acaba se tornando uma espécie de segundo escritório político. Por vezes, Iris Rezende até convida aliados políticos para acompanha-los.