Por Euler de França Belém
O livro de Matias Spektor “18 Dias — Quando Lula e FHC se Uniram Para Conquistar o Apoio de Bush” é cheio de revelações. Hugo Chávez chamava o presidente Fernando Henrique Cardoso de “mi maestro” e o considerava um grande aliado. O governo americano desconfiava desta relação. FHC também não apoiou, com o devido empenho, o combate americano ao narcotráfico colombiano. FHC foi o primeiro a sugerir Celso Amorim para chanceler numa conversa com Lula. O petista não conhecia o diplomata. Spektor mostra um Celso Lafer, o discípulo de Hannah Arendt, trabalhando para controlar a opinião dos diplomatas do Itamaraty. De maneira intransigente, apesar das críticas dos, entre outros, embaixadores Rubens Barbosa e Sebastião do Rego Barros. Na página 96 há um erro: “Sarney e Renan Calheiros eram ícones civis do regime militar”. O primeiro sim, o segundo não. Há mais alguns erros mas nada que empane o brilho deste excelente livro. A pesquisa é de primeira e Spektor escreve muito bem. Nuança e contrasta os fatos, contextualizando-os, extraindo mais deles do que meras declarações. Spektor consegue mostrar uma elite política e diplomática com mais espírito de estadista do que se costuma verificar nas reportagens publicadas em jornais e revistas. *Leia Mais Lula da Silva diz que relação com George W. Bush era “muito boa” George W. Bush gostava mais de Lula da Silva de que de Fernando Henrique Cardoso Livro revela que Fernando Henrique ajudou Lula a se aproximar do presidente George Bush
Roberto Campos, estrela de vários governos — da gestão democrática de Getúlio Vargas aos governos de Juscelino Kubitschek e João Goulart, até se tornar a peça-chave da equipe do general Castello Branco —, era um economista erudito. Na época da ditadura, apelidaram-no de Bob Fields. Ele não deu a mínima, mas, quando o socialismo ruiu, entre as décadas de 1980 e 1990, apelidou-se de Robarchev. Porque quase tudo que dizia sobre o socialismo, sobre sua incompatibilidade com o sucesso econômico, comprovou-se quando a União Soviética e os países satélites desmoronaram.
Roberto Campos tinha um humor ferino, tão cortante quanto o de Bernard Shaw, H. L. Mencken e Karl Kraus. “Lanterna na Popa” talvez seja o melhor livro de memórias da história brasileira. Só não é apresentado assim porque o autor permanece visto como o “economista que serviu à ditadura”. É mais honesto dizer que serviu ao País e que, na ditadura, chegou a defender civis importantes, como o presidente Juscelino Kubitschek.
No site do Comunique-se, o jornalista Moacir Japiassu — ótimo escritor, por final — listou dez frases menckenianas ou, aqui e ali, nelsonrodriguianas de Roberto Campos:
— A burrice no Brasil tem um passado glorioso e um futuro promissor.
— A diplomacia é como filme pornográfico: é melhor participar do que assistir.
— A inveja é o mau hálito da alma.
— Em nossa religião camarada, Deus é quase um membro da família. Um pai tolerante, muito ocupado com outras coisas, mas a quem se recorre num aperto.
— Sou chamado a responder rotineiramente à pergunta: haverá saída para o Brasil? Respondo dizendo que há três: o aeroporto do Galeão, o de Cumbica e o liberalismo.
— Estatização no Brasil é como mamilo de homem: não é útil nem ornamental.
— Apesar de intransigentemente privatista, advogaria a estatização da pena de morte, que é hoje indústria rentável em Alagoas e na Baixada Fluminense.
— A burrice é o único símile do infinito.
— Os índios brasileiros são os maiores latifundiários pobres do planeta.
— Os artistas brasileiros são socialistas nos dedos ou na voz, mas invariavelmente capitalistas nos bolsos.
Alex Silveira é repórter fotográfico e, como tal, tem a obrigação de levar as melhores fotografias para a publicação na qual trabalha. Em 2000, quando fazia uma cobertura de uma manifestação dos professores da rede pública de ensino para o jornal “Agora”, foi atingido no olho esquerdo por uma bala de borracha disparada pela Tropa de Choque da Polícia Militar de São Paulo. Ao recorrer à Justiça com um pedido de indenização, Alex Silveira descobriu que, no Brasil, a vítima às vezes é a culpada. O Estado de São Paulo não precisa indenizá-lo. O desembargador Vicente de Abreu Amadei culpou Alex Silveira por ter ficado cego. Trecho da sentença do magistrado: “Permanecendo no local do tumulto, dele não se retirando ao tempo em que o conflito tomou proporções agressivas e de risco à integridade física, mantendo-se, então, no meio dele, nada obstante seu único escopo de reportagem fotográfica, o autor colocou-se em quadro no qual se pode afirmar ser dele a culpa exclusiva do lamentável episódio do qual foi vítima”. Além de não receber a indenização e de ter ficado cego, o repórter-fotográfico terá de pagar as custas processuais e honorários do advogado do Estado. Kafka vive.
O “Pop” publicou na sexta-feira, 12, a capa de mais impacto da semana. Na parte de cima, o jornal informa: “Bruno chega ao Cais com a perna quebrada”. E exibe uma fotografia com a foto do jovem, com a perna direita enfaixada, e com aparência saudável. Ele estava no Cais de Campinas na segunda-feira, 8. Em seguida, o jornal apresenta o desfecho da história: “Depois de peregrinação, Bruno está morto” (na quinta-feira, 11). “Jovem morreu de embolia pulmonar, no Hugo. Para a família, morte de Bruno Henrique não foi fatalidade, mas o resultado de uma sequência de omissão e desrespeito”. Há, claro, a tendência de responsabilizar o Estado, porque o motoqueiro de 17 anos, que trabalhava como entregador, morreu numa dependência do Hospital de Urgências de Goiânia. Mas o primeiro atendimento, possivelmente malfeito, ocorreu num cais da Prefeitura de Goiânia. Com a desculpa de que têm de atender todo o Estado e até pessoas de outros Estados, o que é um fato, os responsáveis pela saúde pública em Goiânia têm negligenciado o atendimento aos pacientes.
Um livro interessantíssimo saiu no Brasil recentemente — “Batalha de Amor em Sonho de Polifilo”, de Francesco Colonna (Editora Paulo Masuti Levy, 120 reais), com tradução de Claudio Giordano —, mas não mereceu a devida acolhida crítica. A autoria do livro, de 1499, é atribuída a Collona (1433/1434-1527), mas não se tem certeza. O “Hypnerotomachia” é apontado como um dos incunábulos mais encantadores e importantes. O design gráfico, visto como revolucionário, foi feito por Aldus Manutius (tido como o “primeiro impressor profissional” da Itália). O autor das xilogravuras é desconhecido. Retirei do Google: “Existem algumas pistas sobre a identidade do autor. Por exemplo: alinhadas, as letras iniciais de cada capítulo formam a frase ‘Poliam frater Franciscvs Colomno peramavit’ que, traduzido do latim, significa ‘o irmão Francisco Colono amava Polia intensamente’. Acredita-se que se trata do monge dominicano Francesco Colonna que, segundo os anais dominicanos, solicitou um empréstimo para ajudar na publicação de um livro por volta do ano 1500”.
“O livro conta a história do jovem Polipilo que, dentro de um sonho, procura por sua amada, a ninfa Polia. Para alcançar seu destino, ele precisa passar por misteriosas florestas, cidades e labirintos, presenciando todo tipo de cena bizarra e deparando com deuses, ninfas e outros seres mitológicos e árcades. Além da sua qualidade gráfica, o que torna o livro tão célebre é o fato de ser um dos mais incompreensíveis de todos os tempos. Escrito em várias línguas (latim, grego, hebraico, árabe e hieróglifos egípcios) ao mesmo tempo, a narrativa mistura pesadelos, aventuras, passagens eróticas, tudo em meio a comentários sobre literatura, arquitetura, música”, anota a Wikipédia.
A tradução (feita a partir do castelhano) de Claudio Giordano — também tradutor de “Tirant lo Blanc” (Prêmio Jabuti de Tradução), de Joanot Martorell — é apontada pelo tradutor Bruno Costa como de uma perícia ímpar. “A empreitada foi colossal, dificílima, mas muito bem-sucedida”, afirma o editor da Ex Machina. “Trata-se de uma obra-prima, de um livro, por assim dizer, ‘inaugural’ e que merece ser lido, resenhado e comentado”, afirma Bruno.
A jornalista Cristina Grillo deixou a “Folha de S. Paulo” e é a nova diretora da sucursal da revista “Época” no Rio de Janeiro. Seu antecessor, Leonardo de Souza, voltou para a “Folha” como repórter especial. No jornal paulista, Cristina foi substituída por Fernanda Godoy na secretaria de redação.
A revista “Piauí” traz um dos mais equilibrados perfis de Delfim Netto. Ministro da ditadura, mas sobretudo um liberal, depois deputado federal por São Paulo, na democracia, poucas vezes o cultíssimo economista foi perfilado com tanta independência e distanciamento. O autor da façanha é o repórter Rafael Cariello. O repórter não tem nenhuma intenção de diminuir ou engrandecer seu personagem. Na verdade, apresenta-o na sua dimensão exata. As qualidades de Delfim Netto, sua capacidade de entender a economia nacional e internacional, levaram-no a sobreviver à ditadura.

Simulação mostra que Marconi, se não vencer no primeiro turno, ganha no segundo turno. Caiado permanece em primeiro lugar para o Senado
O governador Marconi Perillo disse que ele e a base aliada estão muito satisfeitos com o crescimento da candidatura ao Senado do deputado federal Vilmar Rocha (PSD), apontado na terceira rodada da pesquisa Ibope/TV Anhanguera, divulgada na quarta-feira, 10. No levantamento, Vilmar teve um crescimento de 8 pontos em relação à pesquisa anterior, publicada em agosto. Um salto grande nas intenções de voto a seu favor, passando de 8% para 16% (aumento de 100%). Para Marconi, o sucesso de Vilmar dará um gás a mais na militância da base e vai acelerar a onda que vai levar o candidato ao Senado a vitória. "Estamos muito felizes porque o Vilmar não cresceu apenas, ele dobrou as intenções de voto dele, enquanto o principal adversário caiu. Isso vai motivar demais a nossa militância", afirmou Marconi. "Estamos fazendo um grande trabalho para que o Vilmar cresça em todas as regiões, de forma homogênea, e estamos colando as nossas campanhas e acho que isso vai ser um impulso mais significativo ainda", completou o governador.
Tucano candidato a deputado federal vai à cidade de Goiás e visita hospital que ele reabriu quando secretário de Saúde
O candidato do PR a governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, mesmo sob pressão da Justiça Eleitoral, que o aponta como ficha suja, portanto com a candidatura cassada, permanece como líder nas pesquisas. O último levantamento do Datafolha aponta Arruda com 37% das intenções de voto, enquanto o segundo colocado, o governador Agnelo Queiroz, do PT, tem 19% – um ponto mais do que o senador Rodrigo Rollemberg (foto acima), do PSB, que tem 18%. Na prática, os dois estão empatados. Juntos, têm o mesmo percentual de Arruda – 37%. Toninho (PSol) tem 4%; Luiz Pitiman (PSDB), 4%; branco/nulo, 8%; não sabe/não respondeu, 10%. Os dados garantem o segundo turno.
O Datafolha simulou o segundo turno. Arruda ganha de Agnelo no segundo turno – 49% a 30%. Mas Arruda perde de Rollemberg, por 43% a 42%. Curiosamente, trata-se de um quadro parecido com o nacional. No momento, a presidente Dilma Rousseff, do PT, lidera, com Marina Silva, do PSB, em segundo lugar. No entanto, no segundo turno, as coisas se invertem e Marina aparece na liderança.
A margem de erro da pesquisa do Datafolha é de 4%. Foram ouvidos 765 eleitores do DF, entre os dias 8 e 9 de setembro. A TV Globo encomendou a pesquisa, que está registrada na Justiça Eleitoral.

Ronaldo Caiado permanece na liderança e Vilmar Rocha consolida-se em segundo lugar na disputa para o Senado
Iris Rezende já não faz mais segredo para ninguém: se derrotado na disputa para governador de Goiás, deve ser candidato a prefeito de Goiânia, em 2016, aos 83 anos. Mas pode enfrentar uma pedreira no PMDB: o empresário Júnior Friboi.
Integrantes do PMDB —, como Maguito Vilela, Leandro Vilela, Sandro Mabel, Barbosa Neto, Robledo Rezende, Frederico Jayme, Pedro Chaves, Daniel Vilela, Waguinho Siqueira, Kowalsky Ribeiro — devem apostar todas suas fichas em Júnior Friboi. Eleger o prefeito de Goiânia seria o início da organização do partido para a disputa para o governo do Estado em 2018.
Se José Roberto Arruda — do PR do presidiário Valdemar Costa Neto — for candidato a governador do Distrito Federal este ano, por meio de alguma chicana jurídica, pode-se abolir o Poder Judiciário no Brasil. Arruda poderá ser “nomeado” para presidente do Supremo Tribunal Federal. Porém, se depender do Superior Tribunal de Justiça, o ex-governador permanece como ficha suja. Na terceira, 9, o STJ manteve sua condenação por improbidade administrativa.
Arruda foi um dos articuladores do chamado mensalão do DEM. Ele nega, apesar das fortes evidências, ter participado ou coordenado do mensalão “democrata”.
A candidatura de Arruda a governador foi barrada pela Justiça Eleitoral, mas ele recorreu. Agora depende do Tribunal Superior Eleitoral a decisão se mantém ou não a campanha. Se mantiver, o sistema judiciário brasileiro vai mal, muito mal.
O jornalista Lauro Jardim, editor da coluna “Radar”, da revista “Veja”, afirma que o doleiro Alberto Youssef (foto acima) — mais conhecido como Homem Bomba — está disposto a abrir o jogo sobre o jogo sobre os bastidores dos governos do PT e a Petrobrás.
Com a delação premiada, ele falaria tudo — ou quase —, dando as informações elementares sobre como fazia para lavar os milhões de reais extraídos de negócios com a Petrobrás e para quem repassava reais “limpinhos”.