Nilo Alves

Na semana passada, vésperas das eleições, passei por momentos de terror, enquanto eu revisava material para a próxima edição do Jornal Página Aberta. Não sei se foi por causa de uma edição grande que soltamos, desmentindo sobre o caso do avião com R$ 500 mil, que começaram uma sucessão pedradas no telhado do jornal por volta de 1h da manhã e sucessivamente ligavam em todos os meus números de telefones me ameaçando de morte e dizendo que iríamos perder as eleições e que, após as eleições, iriam fazer churrasquinho do meu corpo e incendiar o jornal.

Liguei para a polícia, ninguém veio me socorrer, e, enfim, amigos mandaram duas pessoas para passar o resto da noite comigo. Não consegui falar com ninguém da assessoria da campanha de Marcelo Miranda naquela noite, pois, mesmo se eu tentasse ligar, eles não atenderiam ao telefone, pois todos os celulares e computadores da imprensa que acompanhava as eleições de Marcelo Miranda estavam grampeados, era uma dificuldade para comunicarmos uns com os outros — até mesmo através de mensagens tínhamos que economizar palavras. Terrorismo total.

Os milicos da turma do Siqueira e Sandoval botaram quente em nível de perseguição. Eles seguiam a gente nas ruas, filmavam e fotografavam os nossos movimentos. Meu Deus, até parecia que se repetia-se a ditadura militar do golpe de 64. Foi uma guerra psicológica cruel que eles adotaram desta vez, através de meios tecnológicos no Tocantins, principalmente em Palmas.

Às 2h da madrugada passaram numa camionete plotada com cartazes do candidato a governador, Sandoval Cardoso, e jogaram mais pedras e uma garrafa cheia de querosene no telhado do jornal. Foram quebradas 25 telhas, chovia muito e tivemos prejuízos consideráveis naquela noite macabra. Tive medo no início, porém um dia após foi selada a vitória de Marcelo Miranda governador e tudo voltou a normalidade. Será que já está tudo normal, ou eles vão repetir a dose?…

Nilo Alves é músico e jornalista.