Por Euler de França Belém
A eleição do Rio Grande do Sul assistiu a maior virada destas eleições. A senadora Ana Amélia, do PP, começou na campanha liderança. Depois, a 10 dias das eleições, deu-se a primeira virada, com o governador Tarso Genro, do PT, saltando para primeiro lugar. Mas com uma novidade: o candidato do PMDB, José Ivo Sartori, começou a crescer e foi se aproximando de Ana Júlia. Apuradas as urnas, a tendência de ascensão de José Sartori confirmou-se e ele se tornou o primeiro colocado, superando inclusive Tarso Genro. Ele vai para o segundo turno como favorito. José Ivo Sartori teve 40,40% dos votos válidos. Tarso Genro obteve 32,57%. Ana Amélia Lemos recebeu 21,79%.
A deputada federal Iris Araújo pretendia aposentar-se apenas em 2018 — ao completar 75 anos. Mas os eleitores se anteciparam e decidiram mandar a decana do PMDB mais cedo para casa, aos 71 anos. A peemedebista não conseguiu se eleger, recebendo uma votação pífia — menos de 70 mil votos. Pode ser que, além da renovação geral no PMDB, ocorra também uma renovação na família Rezende, com a possível aposentadoria tanto de Iris Rezende, de 81 anos (em dezembro) e Iris Araújo. É provável que a família banque a herdeira Ana Paula, casada com o empresário da construção civil Frederico Peixoto, sócio da FGR, para prefeita de Senador Canedo, ou até de Goiânia, em 2016. Se não for eleita, tende a ser candidata a deputada federal em 2018.
Um dos ícones do Senado, o já lendário gaúcho Pedro Simon, do PMDB, ficou em terceiro lugar nas eleições deste ano. Ele havia decidido abandonar a política, mas renunciou da renúncia e resolveu disputar a reeleição. Porém, praticamente não fez campanha. Lasier Martins, do PDT, foi eleito senador, com Olívio Dutra, do PT, ficando em segundo lugar. A derrota do petista é um mau sinal para o candidato a governador do partido, Tarso Genro. O PMDB tende a eleger o governador do Estado, no segundo turno.
A gestão de quatro anos do governador Agnelo Queiroz praticamente liquidou o PT do Distrito Federal. Na eleição deste ano, o PT não elegeu o governador e o senador. Agnelo, candidato à reeleição, ficou em terceiro lugar — bisonhamente. Geraldo Magela, candidato a senador, também ficou em terceiro lugar. Não era um nome ruim, mas Agnelo, que o brasiliense chama nas ruas de Agnulo — tornou-o muito pesado.
Para deputado federal, o PT elegeu apenas a médica Érika Kokay.
Eleita deputada federal, Dulce Miranda recebeu, proporcionalmente, uma das maiores votações do país
O marqueteiro goiano Marcus Vinicius Queiroz (foto) — o Midas que deu certo — está se especializando numa grande arte: derrotar o marqueteiro baiano Duda Mendonça. Não, os dois não disputaram eleições. Porém, na Colômbia, Duda articulou a campanha de Óscar Zuluaga, o mais votado no primeiro turno, e Marcus Vinicius assumiu a campanha do presidente Juan Manuel Santos no segundo turno. Parecia tudo perdido e Zuluaga já estava se preparando para encomendar o terno da posse.
Marcus Vinicius, misturando otimismo e realismo, disse a Juan Manuel que era possível “virar” o jogo. Em poucos dias, com algumas mudanças no marketing, o presidente colombiano saltou para primeiro e ganhou as eleições. Duda saiu da Colômbia com mais uma derrota nas costas. Ele teria dito: “Esse Marcus Vinicius ainda vai me pagar!”
Em seguida, Duda passou a atuar na campanha de Sandoval Cardoso (Solidariedade), na disputa pelo governo do Tocantins. Ele teve uma atuação pública mais ou menos discreta; entretanto, como eminência parda, orientou com firmeza o governador. O publicitário, que é apresentado como uma espécie de “mago”, teria dito que seria mamão com açúcar “virar” e ganhar a eleição do peemedebista-chefe. Marcus Vinicius, dirigindo a campanha de Marcelo Miranda — com sua calma habitual, meio zen —, articulou um marketing simples, mas criativo e perceptivo. Com grande habilidade, desarmou as “bombas” da equipe de Duda, transformando-as em traque, e devolveu mísseis de longo alcance. Consta que “Sandomal” está irritadíssimo com Duda.
Resultado: Marcelo Miranda foi eleito governador e Marcus Vinicius derrotou, no mesmo ano, Duda Mendonça pela segunda vez. O que será que o mago baiano vai dizer desta vez? Uma dica: “Esse Marcus Vinicius precisa me ensinar o pulo do gato!”
[Adib Elias, fênix de Catalão, surpreende até o PMDB]
Se for reeleito, o governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, vai enfrentar dois pesos-pesados da crítica na Assembleia Legislativa: Adib Elias e Ernesto Roller, ambos do PMDB. Os dois peemedebistas são duros — além de experimentados — no combate. Falam bem, são articulados e não têm papa na língua.
Até a cúpula do PMDB foi surpreendida com a vitória de Adib Elias, que era apontado como quase morto politicamente. Agora, ressurge como forte candidato a prefeito de Catalão, em 2016.
[Ernesto Roller: fortíssimo para prefeito de Formosa]
Ernesto Roller enfrentou uma campanha pesada em Formosa — com torpedos e mísseis disparados pelo conselheiro Tião Caroço, do Tribunal de Contas dos Municípios —, mas provou que está vivíssimo e se elegeu. Articulado, conhecedor das filigranas jurídicas, dará trabalho na Assembleia.
Em 2016, Ernesto Roller deve disputar a Prefeitura de Formosa. Será muito difícil derrotá-lo.

Quem elege é o povo, mas foi o prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), quem bancou a candidatura de Adriana Accorsi para deputada estadual. Procede que a delegada tem seu próprio capital político, mas o petista-chefe deu-lhe uma base ampla na capital. Tanto que ela obteve mais de 40 mil votos e foi a mais bem votada do PT, superando o segundo colocado do partido, o deputado Humberto Aidar, que não chegou a 30 mil votos.
Filha do ex-prefeito de Goiânia, Adriana Accorsi é conhecida por sua competência como delegada da Polícia Civil de Goiás, mas também por sua simpatia.
O PSD de Rio Verde fez cabelo, barba e bigode ao reeleger o deputado federal Heuler Cruvinel (foto) e eleger Lissuaer Vieira para deputado estadual. Os dois foram apoiados pelo prefeito Juraci Martins, do mesmo partido. Um dos deles devem ser candidato a prefeito do município, em 2016.
Para piorar a situação da oposição, Paulo do Valle e José Henrique, candidatos a deputado federal e estadual, foram derrotados. O petista Karlos Cabral, com pouco mais de 15 mil, não foi reeleito. Ele também ser candidato a prefeito em 2016.

Com quase todas as urnas apuradas, Marcelo Miranda, do PMDB, é o governador eleito do Tocantins — derrotando, além do governador Sandoval Cardoso, do Solidariedade, o Siqueirismo, que é uma espécie de Sistema que paira acima de todos os poderes no Estado como se fosse uma espada de Dâmocles. Com uma campanha com poucos recursos financeiros, andando por todo o Estado e visitando casa por casa, Marcelo Miranda fez uma espécie de cruzada cívica contra o Siqueirismo, uma democradura — que controla inclusive setores poderosos da imprensa. A senadora Kátia Abreu, do PMDB, foi reeleita.
O Distrito Federal apurou mais de 60% de seus votos. Rodrigo Rollemberg (foto), do PSB, é o primeiro colocado com 45,71% dos votos. Jofran Frejat, do PR, tem 27,07% e é o segundo colocado. O governador Agnelo Queiroz, terceiro colocado, tem 20,44%. O segundo turno terá Rollemberg e Frejat.
Para senador, José Antônio Reguffe, o Mr. Ética ou Rei Guffe, confirma o favoritismo e foi eleito com 58% dos votos. Geraldo Magela, do PT, com 18,80%, é o segundo colocado. O senador Gim Argello, do PTB, tem 18,14% e aparece na terceira posição. Foram apuradas quase 65% das urnas.
Numa prova de que o DEM não está morto em Brasília, Alberto Fraga é o primeiro colocado para deputado federal, com 10% dos votos.

Com pouco mais de 50% dos votos apurados no Estado do Tocantins, Marcelo Miranda, do PMDB, tem 52,1% dos votos válidos, contra 44,04% do segundo colocado, o governador Sandoval Cardoso, do Solidariedade. Trata-se de uma vitória acachapante, considerando que foi uma batalha de Davi, em termos financeiros, contra Golias. Marcelo Miranda fez uma campanha modesta, praticamente sem recursos, contra uma campanha milionária de Sandoval Cardoso. A vitória de Marcelo Miranda indica que o Siqueirismo — espécie de sistema de poder que envolve outros poderes — perdeu energia no Tocantins. Mesmo usando de todas as formas de pressão, o Siqueirismo não conseguiu demover o tocantinense de escolher que avalia como mais adequado para garantir a retomada do desenvolvimento do Estado.
Em menos de 10 dias, o Rio Grande do Sul assistiu uma das maiores, senão a maior, viradas eleitorais de sua história. A senadora Ana Amélia, do PP, era considerada a favorita e os jornais da região já a apresentavam como governadora eleita. No entanto, o governador Tarso Genro, do PT, a ultrapassou e, como se fossem em algumas corridas de Fórmula 1, levou o terceiro colocado junto, deixando Ana Amélia em terceiro lugar. Pesquisa de boca de urna do Ibope divulgada logo depois de terminar a votação mostra Tarso Genro em primeiro lugar, com 35% dos votos válidos, José Ivo Sartori (foto), do PMDB, em segundo lugar, com 29%, e Ana Amélia em quarto, com 26%. Confirmada a boca de urna, irão para o segundo turno Tarso Genro e José Sartori.
Como está em ascensão, embora possivelmente chegue ao segundo turno como segundo colocado, José Sartori credencia-se fortemente para se eleger governador do Rio Grande do Sul.
Para senador, Olívio Dutra aparece em primeiro, com 37%. Lasier é o segundo colocado, com 31%.
A tucana Sirlene Borba (foto) foi presa em Rubiataba, no interior de um colégio, quando cumprimentava alguns amigos. Adversários políticos alegaram que ela estava fazendo boca de urna e a Polícia Civil a prendeu.
Falando da delegacia, Sirlene disse ao Jornal Opção que, para comprovar que não estava pedindo voto, bastava a polícia ter ouvido as pessoas com as quais estava conversando. “No interior, todos se conhecem e estávamos apenas batendo papo. Eu não estava fazendo ‘boca de urna’.”
Sirlene, que foi derrotada na disputa pela Prefeitura de Rubiataba, em 2012, afirma que, no município, “o governador Marconi Perillo (PSDB) ganha de lavada”.

O livro “O Serviço Secreto Chinês”, do jornalista francês Roger Faligot, aponta que, da extrema direita, Georges Rémi pode ter se tornado um instrumento político da esquerda da China