Resultados do marcador: Cartas

Preso desde 2002, Gordo é apontado como braço direito de Andinho, uma das lideranças decretadas por Marcola após racha no PCC

Homem de 34 anos é comerciante e estava preso por tentativa de homicídio

Naturalista alemão que viveu até sua morte em Blumenau (SC), após deixar o continente europeu, manteve uma amizade epistolar com o autor de “A Evolução das Espécies” por quase 20 anos

Aluna do Colégio Estadual Jalles Machado, em Goianésia, Maria Vitória foi destaque; o aluno Gilberto, da mesma escola, ficou em terceiro

Lourival Batista Pereira Júnior Em relação à PEC 55/2016 [número, no Senado, da proposta de emenda constitucional 241/16, que foi aprovada na Câmara dos Deputados na semana passada], assim como as famílias e empresas, o governo federal, governos estaduais e municipais devem viver dentro de um limite de gastos, ou seja, dentro de um orçamento que objetive diminuir o déficit fiscal e, finalmente, um dia eliminá-lo. A recessão mais longa que o Brasil está vivendo agora é causada principalmente pelo descontrole total dos gastos públicos, que só neste ano causará um déficit de R$ 180 bilhões, em previsões otimistas. Isso significa que o governo federal, sozinho, gastará R$ 180 bilhões a mais do que arrecadará. Esse rombo é fechado com mais empréstimos contraídos pelo governo federal, aumentando a dívida pública da União, que, por sua vez, mantém os juros do Brasil nas alturas, reprimindo a atividade produtiva de todo o País. O raciocínio é muito simples. Quando uma família ou empresa gasta além das suas receitas, o remédio é gastar menos, viver dentro das suas possibilidades, equilibrando as contas; e em um segundo momento, quando a receita aumentar, o padrão de gastos pode ser aumentado.O governo federal deve seguir a mesma receita, pois não pode se endividar ilimitadamente, comprometendo toda a saúde da economia nacional, como já está acontecendo há três anos. Não aprovar a PEC de limite de gastos do governo é equivalente a chamar de volta os causadores de todo esse desastre econômico – Dilma e o PT –, pois significa manter a mesma política irresponsável de gastar muito acima da capacidade arrecadatória do governo e condenar famílias e empresas a financiar um governo perdulário, inconsequente e criminoso. Há três, anos famílias e empresas vêm reduzindo suas despesas em função do quadro de profunda recessão, que vem reduzindo a receita dessas famílias e empresas, enquanto o governo federal gasta muito além das suas receitas e atua como principal causador do pior momento econômico que o País já atravessou em sua história. O momento é de equilíbrio de contas, receitas e despesas para o governo. Famílias e empresas já vêm fazendo sua parte ajustando as contas e se sacrificando há tempos. Agora é hora de governo federal, governos estaduais e municipais fazerem sua parte. Haverá sacrifícios de todos os setores do governo. A verdade é que o governo federal se tornou muito maior do que o Brasil que trabalha consegue sustentar. O que temos hoje é um governo doente, que sangra com o descontrole de gastos e arruína a economia nacional. É hora de ajustar o tamanho do governo ao tamanho do Brasil. Somente com essa etapa vencida é que poderemos almejar um crescimento sustentável para o nosso tão combalido País. Lourival Batista Pereira Júnior é empresário.
“O ‘Capita’ era a segurança moral da defesa da seleção”
Leandro Tex Sobre a morte de Carlos Alberto Torres, o curioso é que seu irmão gêmeo morreu há um mês. Seria uma programação do DNA? Com relação ao jogador, assisti à Copa de 70, fazia bolão (não para saber se o Brasil ia ganhar, mas qual seria a goleada). O “Capita” era, digamos, a segurança moral da defesa. Ele, Piazza e Brito “espantavam” qualquer ataque. O gol dele contra a Itália na final era ensaiado exaustivamente. O montinho artilheiro deu o toque final. [“Carlos Alberto, o ‘Capita’, num time de feras, como Pelé e Tostão, conseguiu se destacar”, Jornal Opção Online] Leandro Tex é jornalista e corretor de imóveis.“O futebol brasileiro deve sua fama àquele time da Copa de 70”
Everaldo Leite Eu não consigo sentir a emoção que os torcedores da época sentiram ao assistir aquela seleção da Copa de 70, principalmente nos estádios. Nasci em 1971 e meu nome é Everaldo, um tipo de homenagem a um dos que fizeram a alegria do país. O que foi bom, porque a outra chance era a de me chamar Emílio, por conta da outra alegria que foi o chamado “milagre brasileiro” [o general Emílio Garrastazu Médici foi o presidente do Brasil entre 1969 e 1974, considerados os “anos de chumbo” da ditadura militar]. Tenho certeza que o futebol brasileiro deve sua fama atual àquele time (o de Zico, em 1982, também foi muito amado, mas perdeu feio), que ainda chama a atenção quando falece algum dos grandes nomes que vestiram a camisa amarela. Everaldo Leite é economista e professor nas Faculdades Alves Faria (Alfa).“O coronel Edson Araújo não aceita irregularidades”
Luiz Gonzaga Barros Carneiro O coronel Edson Araújo é um homem público respeitado. Na gestão dele, não aceita irregularidades, manda apurar e punir, não tem medo de represálias no exercício da função pública. Quem já trabalhou com ele, como eu, sabe muito bem de seu perfil profissional, de honestidade e de rigor com o zelo da coisa pública. O pessoal que com ele trabalha deve ter cuidado, trabalhar com seriedade, probidade e de forma rigorosa, pois ele não brinca em serviço. Se derem condições para ele, podem ter certeza de que ele resolve tudo. Conheço-o desde quando chegou ao Centro do Formação e Aperfeiçoamento (CFA) para frequentar o Curso de Formação de Oficiais (CFO). É alguém que fala sério, cobra, é exigente e duro nas suas tomadas de decisões. Aprendi a ler até mesmo seus pensamentos, quando dava ordens; com isso, aprendi muito com ele e trouxe comigo, agora na reserva, muitos ensinamentos. Um governo que se preza não desfaz de sua capacidade. [“Servidores são presos por esquema de corrupção na penitenciária de Aparecida de Goiânia”, Jornal Opção Online] E-mail: [email protected]“Padre Ruy, um ser humano de muito valor”
Gilvane Felipe Ruy Rodrigues da Silva, o Padre Ruy, era um ser humano de muito valor, muito prestativo e sempre disposto a orientar a todos que buscavam o conhecimento. Eu o admirava demais e o tinha como mentor e amigo. Infelizmente, só soube de seu falecimento após o sepultamento, por um amigo comum que mora em Palmas. Nunca me esquecerei de seu exemplo. [“O humanista Ruy Rodrigues lutou pela educação em Goiás, África, França e Tocantins”, Jornal Opção Online] Gilvane Felipe é superintendente de Desenvolvimento Urbano, Políticas Habitacionais e de Saneamento da Secretaria Estadual de Cidades e Meio Ambiente (Secima).
Beth Silva
Sobre a matéria “Raquel Teixeira: ‘Reforma do ensino médio é a pauta mais importante para a Educação’” [Jornal Opção Online, 2150]: Para mim, como sempre, a fala da professora e secretária da Educação, Raquel Teixeira, ficou clara. Ela resume tudo muito bem na conclusão de seu discurso. Tudo o que é novidade, e nos tira do que estamos acostumados, pode até assustar. Mas da forma responsável e comprometida que já conhecemos dela, vamos enfrentar nossas dificuldades com muita coragem e a certeza de estarmos no caminho certo.
Email: [email protected]
“Permissibilidade escolar é a verdadeira responsável pelos índices do ensino médio”
Antonio Alves “Hoje, eles evadem do ensino médio por falta de interesse no que está sendo oferecido.” Isso é uma doce ilusão de quem acha que vai fazer reforma de ensino sem acabar com as aberrações do Sistema. A partir do momento em que a escola proíbe o uso do celular em sala de aula, mas permite que o celular entre na escola, não terá competência para controlar a disciplina do aluno. A permissibilidade dentro da escola é a verdadeira responsável pelos maus índices no ensino médio. Há alunos que trabalham a semana toda em um sistema de horário revezado, tendo apenas um dia de folga de seis em seis dias, mesmo assim a escola permite que o aluno esteja matriculado. Frequentando a escola uma vez por semana, ele já começou evadido. O Sistema faz suas graças e dentro da escola sempre tem alguém que quer fazer esmola com o chapéu do outro. Entrar na segunda aula, por exemplo, só desqualifica a escola e o discente, pois são 200 aulas perdidas e, assim, o aluno acaba esbarrando na evasão porque há contas que não fecham. Essas permissões acabam por estimular a corrupção daqueles que querem sim dar um jeitinho brasileiro. Email: [email protected]“Alicerçado em Sônia Braga, ‘Aquarius’ é um bom filme”

“Homenagem à obra de Maurício de Sousa é simplesmente genial”
Marcos Juliano Sobre “Turma da Mônica mostra para o mundo a força das HQs brasileiras” [Opção Cultural, 2148]: Adquiri a coleção completa recentemente (incluindo “Mônica – Força”, lançada há pouco tempo). A homenagem à obra de Maurício de Sousa é simplesmente genial! Cada artista transmite autenticidade, com seus traços únicos, e ao mesmo tempo resgata a nostalgia nos antigos leitores da Turma da Mônica. Vale a pena investir nessa coleção! Ainda não li todos, mas garanto que sempre fica a sensação de “quero mais”.“Fusão de Bayer e Monsanto muda muita coisa no cenário do agrobusiness”
Adalberto de Queiroz Sobre “Bayer compra a Monsanto por 66 bilhões de dólares. Juntas, faturaram 23 bilhões de euros em 2015” [Jornal Opção, Coluna Bastidores, 2149]: Vi um respeitável analista dizendo que “não muda nada”. A fusão muda, sim, muita coisa no cenário da produção agrícola de impacto (quando a necessidade de alimentos para uma população crescente é imperativo de altas pesquisas de produtividade). Muda também o cenário da geopolítica do business agrícola – a empresa nova, nascida do casamento feito em Washington, pode significar perdas de impostos e taxas pagas nos Estados Unidos e Alemanha (e Índia). É um viés a analisar também para concluir que, novamente: sim, muda muito o cenário do agrobusiness. Adalberto de Queiroz é empresário.“Ou mudamos o sistema agrícola brasileiro ou vamos viver em uma zona desértica”
Antônio Gonçalves Rocha Júnior Parabéns pela entrevista “O Cerrado está extinto e isso leva ao fim dos rios e dos reservatórios de água” [Jornal Opção, 2048]. Simplesmente chocante. Mas o pior é que sabemos que não existe alternativa no atual cenário político e econômico. No meu ponto de vista, a única solução possível e urgente é o estabelecimento de um modelo econômico que possa controlar o “mercado”, que possa substituir o agronegócio por um tipo de agricultura sustentável, que não esteja voltada para a exportação e plantação intensiva, mas que respeite os limites da terra, sustentável e não voltada prioritariamente para a produção de alimentos para o mercado interno brasileiro. Para que isso aconteça, é necessário romper com o agronegócio e com o atual modelo econômico. Precisamos de um sistema que não aja de acordo com os interesses do grande capital urbano e rural. O professor Altair toca em muitas questões importantes, mas a central é a discussão sobre o modelo agrícola brasileiro, que passa por muitas intervenções, desde a desapropriação de áreas perto de rios e córregos, deslocamento de cidades, criação de corredores ambientais, reforma agrária, entre outras medidas. Ou fazemos isso ou vamos viver em uma zona desértica. A discussão é urgente e envolve todo o Brasil. Antônio Gonçalves Rocha Júnior é advogado.
Rafael Macedo Mustafé Sobre “Assassinato de jornalista deve gerar debate sobre imprudência e maldade e não sobre sua sexualidade” [Jornal Opção, Coluna Imprensa, 2149]: Concordo plenamente que o foco não deve ser desviado. Ao focar na sexualidade da vítima, estaríamos esquecendo o grande e preocupante foco de discussão. A sexualidade em si não tem importância. Ter sua própria sexualidade é um direito humano. O debate e o combate devem ser contra qualquer fator que ameace tais direitos. O grande debate é de como punir e com isso evitar ao máximo possível a maldade humana e o seu desrespeito à liberdade individual. Não só punir eu creio, acho que a educação também tem seu papel em diminuir essa “maldade humana”. Rafael Macedo Mustafé é médico.
“Sempre é aconselhável a não exposição a perigos desnecessários”
Isabel Valverde Excelente texto! Concordo que nada tem a ver com a sexualidade da pessoa, mas com a forma que encara e leva sua vida. Do outro lado, a maldade é humana. Não interessa o gênero, a opção, a sexualidade de alguém, sempre é aconselhável a não exposição a perigos desnecessários! E seja lá quem for e do jeito que for, uma morte aconteceu e é isso que deve ser relevante: a apuração e a punição dos culpados.“Professor Pasquale dá aulas a Cármen Lúcia”
Wilmar Valente Júnior Sobre a matéria “Professor Pasquale corrige Cármen Lúcia e prova que termo presidenta está correto” [Jornal Opção Online, 2145]: O simpático Professor Pasquale Cipro Neto, ao explicar que a forma é usada há décadas e devidamente dicionarizada, dá duas aulas à ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia. A primeira, de Português: “‘Data venia’, Excelência, o cargo é de presidente ou presidenta”. A segunda, de boa educação: “Tenho profundo respeito pela ministra Cármen Lúcia, não só pela liturgia do cargo, mas também e sobretudo pela altivez com que o professa. Justamente por isso, ouso dizer que teria sido melhor ela ter dito simplesmente “Prefiro presidente”. Quer dizer, ministra, que todas as coisas têm limites e que para além e aquém deles não se pode manter a virtude. Seja juiz ou juíza, mais ainda o presidente ou a presidente/a do Supremo, mais limites tem e o gracejo grosseiro certamente está além deles. Wilmar Valente Júnior é advogado.“Num mundo de redes sociais, as pessoas só leem títulos”
Cristiano Vieira Sobre “O que está por trás das 11 demissões da Folha de S. Paulo? Um mercado que jornais ainda não entendem” [Jornal Opção, Coluna Imprensa, 2148]: Num mundo de redes sociais, onde as pessoas estão lendo só títulos, percebemos que o conteúdo realmente pouco tem importado. Vejo publicações de manchetes tendenciosas no Facebook, com títulos polêmicos. As pessoas reagem (curtem, amam, odeiam etc.) e comentam sem ler. A leitura é ignorada. Vejo ainda que muitos portais trazem textos extensos e sem objetividade, o que afasta o leitor. Os goianos “Diário da Manhã” e “O Popular” publicam notícias superficiais, sem informações suficientes, com excessos de erros de digitação, de concordância e de gramática. Isso tudo pode afastar leitor e anunciantes e determinar a morte do meio de informação, somando-se a isto a parcialidade jornalística que é notória na maioria dos jornais. Email: [email protected]“Vou procurar livros do Yuri Kazakov aqui em S. Petersburgo”
Adalberto de Queiroz Li o artigo “Um conto magnífico de Yúri Kazakov sobre um (quase) encontro entre Liérmontov e Púchkin” [Jornal Opção, Contraponto, 2149] e, eis uma feliz coincidência: ainda nesta semana postei (em minha página no Facebook) e no grupo Literatura Goyaz poemas de Pushkin e Lermontov do mesmo tradutor, o zeloso poeta Jorge de Sena. Parabéns! Vou procurar livros do Yuri Kazakov aqui em S. Petersburgo. Obrigado por compartilhar. Adalberto de Queiroz é empresário e está em São Petersburgo, na Rússia.“Os governantes acionaram a contagem regressiva para caos generalizado”
Simone Signoretti Após terminar a leitura da entrevista “O Cerrado está extinto e isso leva ao fim dos rios e dos reservatórios de água” [Jornal Opção, 2048], com o professor Altair Sales Barbosa, me dei conta de que nunca tinha me deparado com um texto que expusesse tão profundamente sobre esse assunto. Fiquei estarrecida de saber a que ponto chegamos. Muitíssimo se fala de florestas e matas e de sua preservação. Como cidadã comum, nunca sequer sonhei que o Cerrado tivesse essa importância crucial para a preservação das águas, do ar e que fosse um sistema tão antigo e impossível de ser reproduzido artificialmente. Estou indignada que isso não seja ensinado em nossas escolas e que a população no geral vive sem ter acesso a essas informações. Por isso, essa situação se tornou irreversível. Os governantes inescrupulosos deste País acionaram a contagem regressiva para o colapso e o caos generalizados e a população nem sabe o que os espera. E-mail: [email protected]
“Mau gestor é um mau negócio para o bolso do eleitor”
Gilberto Marinho O eleitorado não pode ser analisado de forma global. Por alto, deve ser dividido em, pelo menos, dois tipos: o primeiro, a maioria, vota por fatores emocionais e, dessa forma, vota sem levar em conta fatores racionais e sem perceber que, no fim das “contas”, ele é que vai pagar o pato. O outro tipo é o leitor esclarecido e bem informado que tem os meios intelectuais para perceber os benefícios e/ou malefícios de uma escolha. É evidente que nesse segundo tipo de eleitor há aqueles que votam ideologicamente. Mas os demais têm condição de perceber que o principal objetivo do mau gestor é aumentar a arrecadação (impostos) para manter privilégios e uma corte de correligionários. E aumentar impostos, direta e indiretamente. Exemplo de aumento indireto: o anúncio de que o boleto do IPTU deixará de ser enviado – e que caberá ao contribuinte imprimi-lo – criará confusão e dificuldades para o contribuinte, resultando no aumento do volume de multas, aumentando, portanto, a arrecadação. Ou seja, o mau gestor é um mau negócio para o bolso do eleitor. Gilberto Marinho é jornalista.“Será que experiência é realmente importante?”
Antônio Macedo O eleitorado é bem heterogêneo. Um número significativo de eleitores segue o partido político e é fiel a ele, mesmo quando não gosta do candidato. Outro número expressivo é influenciado pela mídia, pelas pesquisas. Temos ainda um bom número não ligado a partidos políticos e que avalia experiência e honestidade. Será que experiência é realmente importante? Iris Rezende e Marconi Perillo, respectivamente eleitos pela primeira vez para prefeito e governador, fizeram uma administração com uma ótima aprovação popular. E existem aqueles políticos com reiteradas passagens pelo poder que não conseguem atender os anseios da população. Antônio Macedo é médico dermatologista.“Novo prefeito eleito deverá ver economia e gestão acima da política”
João Bosco de Carvalho Freire A economia em si (Global) é apolítica, escolhendo seus caminhos por outros mecanismos independentes de quem está no governo A ou B. Ela manuseia, mas não se submete. Quando Fernando Collor de Mello deixou definitivamente o governo, houve um grande fluxo de investimentos externos que aguardavam a estabilidade política. Houve uma súbita melhora na economia e os investidores bem orientados tiraram proveito antes e após o momento. É possível que isso ocorra novamente quando Michel Temer assumir definitivamente. Enquanto houver mínimo risco, isso não acontece. Quero dizer com isso que é necessário, além de popularidade e ideologia, o traquejo com a economia e um razoável potencial para a gestão. Disso advirá ou não o sucesso do mandato. Uma visão macro e micro da situação e como reagir a ela são indispensáveis ao novo eleito, que deverá ver a economia e a gestão acima da política, uma vez instalado no poder. Temer sinalizou bem aos investidores, logo no primeiro dia, com a medida 727 e a indicação de Henrique Meirelles. Isso é válido também para os governos estaduais e municipais extensivamente, uma vez que a economia é a base para a realização, no campo social, da saúde, educação, segurança e demais áreas. João Bosco de Carvalho Freire é advogado.“Zé Mulato & Cassiano são ‘maiores’ que Pena Branca & Xavantinho”
Arnaldo Salu Muito boa a lista “As 13 maiores duplas sertanejas de todos os tempos” [Opção Cultural, 2089). Vai repercutir, e causar polêmica também. Muitos não vão concordar o artigo, apesar das ótimas (e engraçadas) justificativas do historiador Ademir Luiz. O resultado da “complexa equação envolvendo valor histórico, influência, permanência, proposta estética e representatividade em seu período de atuação” na ponta do meu lápis faz, por exemplo, com que não concorde com a inclusão de alguns nomes e a exclusão de outros. Nomes como Raul Torres & Florêncio, grandes intérpretes das músicas do lendário João Pacífico, que atuaram por 30 anos, até o ano de 1970, e eternizaram clássicos como “Cabocla Tereza”, “Pingo d’água” e “A moda da mula preta”, e que exerceu grande influência na origem estético-musical das duplas subsequentes, inclusive Tonico & Tinoco, não poderiam estar fora de uma lista de maiores de “todos os tempos”. Em sua equação, um elemento deve ser considerado: a regionalidade. A música batizada pela indústria fonográfica como sertaneja, e de fato a música caipira, antes das facilidades de comunicação tão comuns na atualidade, nos idos dos anos 30, 40 e 50 do século passado, contava somente com o comércio de discos, das apresentações musicais e do rádio ainda pouco difundido nos rincões do País para chegar aos ouvidos do público. Desse modo, muitas duplas tiveram grande repercussão, valor histórico e representatividade regional. Ainda nos tempos mais recentes acredito que esse fator deve ser considerado. Acredito, por exemplo, que Zé Mulato & Cassiano, dupla de Brasília com reconhecimento nacional (ganharam o Prêmio Sharp em 98 e o Prêmio da Música Brasileira em 2015, ambos na categoria música regional e eram considerados por Inezita Barroso como a dupla mais representativa da música caipira na atualidade) são “maiores” que Pena Branca & Xavantinho. De qualquer forma, gostei de observar Ademir Luiz interessado em um tema da cultura caipira para além do trabalho de orientação acadêmica. Gostei de ver também seu pai antenado nos novos talentos da viola, como Mayck & Lyan. Fale para ele procurar também por Lucas Reis & Thácio e também um tal de João Carreiro. Arnaldo Salu é cineasta.
Adalberto de Queiroz A santa Hillary é desmascarada pelo bom-moço Julian Assange, fundador do WikiLeaks. No segundo mandato de Barack Obama [presidente dos Estados Unidos (EUA)], a secretária de Estado Hillary Clinton autorizou o carregamento de armas fabricadas nos EUA e Qatar, um país em dívida com a Irmandade Muçulmana, e amigável para os rebeldes da Líbia, em um esforço para derrubar o governo Gaddafi da Líbia e, em seguida, enviar essas armas para a Síria, a fim de financiar a Al Qaeda, e derrubar Assad na Síria. Clinton assumiu o papel principal na organização dos chamados “Amigos da Síria” (aka Al Qaeda / ISIS) para apoiar a insurgência liderada pela CIA para mudança de regime na Síria. Sob juramento, Hillary Clinton negou que ela sabia sobre os carregamentos de armas durante testemunho público no início de 2013, após o ataque terrorista Benghazi. Em entrevista ao Democracy Now, Julian Assange está agora afirmando que 1.700 e-mails contidos no cache de Clinton conectam diretamente Hillary à Líbia à Síria, e diretamente a Al Qaeda e ISIS. Aqui está a revelação de Assange, transcrita: “Juan González: Julian, eu quero mencionar outra coisa. Em março, você lançou um arquivo pesquisável de mais de 30.000 e-mails e anexos de e-mail enviados para e do servidor de e-mail privado de Hillary Clinton, enquanto ela era secretária de Estado. As 50,547 páginas de documentos abrangem o tempo a partir de junho de 2010 a agosto de 2014; 7.500 dos documentos foram enviados por Hillary Clinton. Os e-mails foram disponibilizados na forma de milhares de PDFs pelo Departamento de Estado dos EUA como o resultado de um ‘Freedom of Information Act’. Por que você fez isso, e qual é a importância, a partir de sua perspectiva, de ser capaz de criar uma base pesquisável? “Julian Assange: Bem, WikiLeaks tornou-se a biblioteca rebelde de Alexandria. É a coleção mais significativa e única de informações que não existe em outros lugares, em uma forma pesquisável e acessível, citável, sobre como as instituições modernas realmente se comportam. E é para libertar as pessoas da prisão, pois os documentos foram utilizados em seus processos judiciais. Também é para alimentar ciclos eleitorais, que resultaram no desligamento e contribuiu para a rescisão dos governos. Então, você sabe, as nossas civilizações só podem ser tão boas quanto o nosso conhecimento sobre o que elas são. Não podemos esperar para reformar aquilo que nós não entendemos. “Os e-mails de Hillary Clinton se conectam em conjunto com os casos que temos publicados dela, criando um retrato rico de como o Departamento de Estado dos EUA opera. Assim, por exemplo, a intervenção absolutamente desastrosa na Líbia e a destruição do governo Gaddafi, que levou à ocupação pelo ISIS de grandes segmentos desse país, armas indo para a Síria, sendo empurradas por Hillary Clinton para jihadistas dentro da Síria, incluindo ISIS, tudo está lá nesses e-mails. Há mais de 1.700 e-mails da coleção de Hillary Clinton, que temos lançado, apenas sobre a Líbia”. [Comentário sobre o artigo “O jornalista que vendeu a alma ao diabo e Donald Trump à América”, Coluna Imprensa, 2143].
Adalberto de Queiroz é empresário e escritor
“O paciente deve ter sua saúde e integridade resguardadas por um atendimento global e multidisciplinar adequado”
Bruno Machado Trabalho com saúde pública e privada há quase 12 anos, em sintonia com equipes de profissionais médicos e não-médicos, e concordo que os assuntos abordados pela reportagem “Possível revisão da Lei do Ato Médico retoma velhas polêmicas em relação à saúde no Brasil” [Jornal Opção, 2142] merecem total atenção. O paciente, por sua vez, deve ter sua saúde e integridade resguardadas por um atendimento global e multidisciplinar adequado. Ainda assim, o inesperado pode acontecer, seja nas mãos de médicos ou não-médicos. O que tem ocorrido, por exemplo, na realidade de consultórios dermatológico e de cirurgia plástica, é a chegada de complicações não solucionadas por aqueles que se responsabilizaram por sua execução, mas covardemente visam apenas o “bônus” (sem o possível “ônus”). O ônus, por vezes, é representado por uma complicação que requer diagnóstico e intervenção técnica super especializada, desde a identificação de quais estruturas anatômicas foram danificadas, saber se há a necessidade de antibióticos endovenosos e, em alguns casos, até mesmo enxerto de pele. Ora, a quem caberá essa responsabilidade de tentar remediar o problema? Respondo: ao médico. Então, a lei merece ser revista e se adequar às possíveis situações em que a saúde do cidadão for colocada em risco. O governo não pode tirar de si essa responsabilidade e jogar nas costas de toda uma classe médica que, nos últimos anos, tem servido de “bode expiatório” das ações governamentais mal empregadas ou mal geridas. Chega!Email: [email protected]
“Estamos muito longe de Portugal de seu português europeu”
Mari Sobre a entrevista “O português brasileiro precisa ser reconhecido como uma nova língua. E isso é uma decisão política” [Jornal Opção, 2084]: Finalmente alguém se pronunciou sobre esse assunto! Sou professora de português e fico irritada ao esbarrar em provas que testam alunos em conjugações verbais como vós falais, vós quereis, e assim por diante. Quem conversa dessa maneira? Ensino português para estrangeiros e deixo bem claro que na nossa língua, o português brasileiro, isso não se usa! Ensino que a segunda pessoa do singular é “você” e não tu. E que o plural é “vocês” e não vós, e que nossa conjugação verbal tornou-se mais simples. Escrevemos “estou”, mas falamos e cantamos “tô”. A língua é viva, e transforma-se de acordo com a cultura e com a região. Estamos muito longe de Portugal, da sua política e costumes, para continuar falando o Português que trouxeram para o Brasil há séculos atrás, e que, por sinal, nem usam o gerúndio “falando”. Afora isso, a pronúncia é como um outro dialeto. Como intérprete, frequentemente recebo ligações da Europa para traduzir para o inglês, e, muitas vezes, tanto eu quanto a outra pessoa, as quais supostamente estariam falando o mesmo idioma, não nos entendemos e até sentimos a necessidade de interromper a conversa e pedir a ajuda de um intérprete que fale português europeu.“Elemento português é, de longe, o principal na formação cultural brasileira”
Fabio Tomaz “Nós, brasileiros, não temos a mínima obrigação de falar o português PT, uma vez que os portugueses invadiram essas terras, roubaram ouro daqui, estupraram índias além de movimentar o tráfico negreiro. É claro que Portugal é um elemento importantíssimo para a nossa identidade nacional, mas não é o único, tampouco o principal.” Não há relação de causa e efeito entre aprender a gramática da língua portuguesa (sem PT ou BR, apenas língua portuguesa) e os pormenores da colonização lusitana (inclusive os míticos que muitos acredita, ignorando, por exemplo, que o tráfico negreiro não seria possível sem a atuação maciça de... outros negros, lá na África). E o elemento português é, de longe, sim, o principal na formação cultural brasileira. A influência ibérica é de longe hegemônica no campo linguístico, no campo cultural, no campo religioso, no campo da forma de pensamento. Os elementos indígenas, africanos e de outros povos europeus são apenas superstratos sobre uma base totalmente ibérica, com exceção de povoados e comunidades que se encerram na cultura de seus antecessores, como certas comunidades ítalo-alemãs do sul, aldeias indígenas, etc.“Valorizamos tanto a língua do colonizador quanto a nossa”
Daniela Fontes Moura Acho que o que mais difere o português do Brasil do português de Portugal é o fato de termos a influência do tupi-guarani e dos vários dialetos trazidos pelos negros da África. Só isso já é um bom motivo para criar essa alteração de nomenclatura. Assim como acontece no espanhol, a língua falada na América não é exatamente a mesma da Europa. Isso não quer dizer que neguemos nossa origem, muito pelo contrário: estamos valorizando não só a língua do colonizador, mas também a do colonizado, a língua original da terra, e todas as que chegaram depois e tiveram igual importância na nossa formação cultural.“Nós homens, sejamos gays, bi ou héteros, nunca saberemos o que é sofrer da cultura machista”
Chris Monteiro Sobre o artigo “Sim, precisamos falar sobre o feminismo” [Jornal Opção, 2135]: A cultura machista prejudica a nós, homens? Sim, cobra de nós muita coisa injusta. Mas N-U-N-C-A chegará aos pés do que as mulheres sofrem. E digo isso como homem cis, mas gay. O problema é que nós, homens, independente de gay, bi ou hétero, nunca saberemos o que é sofrer da cultura machista da forma como as mulheres sofrem. Portanto, nunca vamos saber quando nossa opinião/nossa fala estará fortificando o movimento ou quando estaremos assumindo um lugar de fala que não é nosso (mesmo sem querer). Por isso eu entendo, depois de muito tempo também refletindo sobre o meu papel no movimento feminista, o porquê de muitas mulheres resistirem à presença de homens em certos momentos. E aprendi isso por meio dxs amigxs que tenho, feministas e aliados, cis e trans. O fato das feministas dizerem que todos os homens são "estupradores em potencial" reflete esse dia-a-dia machista do qual nós, homens, nunca saberemos como é. Reflete que nem sempre nas ações, mas nos ideais os homens estupram mulheres, despem mulheres de sua existência como pessoas, as objetificam, as reduzem. Isso é violência. Essa reação das mulheres é reação, não é opressão. Portanto, muito cuidado ao comparar em nível de igualdade homens falarem que feminismo é “mimimi” e mulheres falarem que todo homem é uma ameaça em potencial. São patamares completamente diferentes, contextos completamente diferentes, relações de poder completamente diferentes.Email: [email protected]
“A sensação de que o vinho brasileiro é ruim está mudando”
Douglas B.C. Esta sensação de que o vinho brasileiro é ruim da qual fala o artigo “O Brasil tem excelentes vinhos; o que falta é divulgação de qualidade” [Jornal Opção, 2135], vem de um paradigma infindável, que parece não ter fim. Mas isto está mudando, de forma lenta e passível. Muito se deve, além da falta de publicidade de produtores e adegas, também ao sommelier e aos enófilos responsáveis por indicarem e orientarem aos consumidores rótulos de bons vinhos. O fato de os rótulos nacionais serem vistos como ruins advém muito de vinhos muito populares e da falta de orientação para maturar o paladar dos futuros enófilos, estes que pré-julgam um vinho seco como muito amargo e “horrível”. Como um discurso que ouvi outro dia, começou a simplificar o modo de entendimento da maturação de paladar pessoal: “Pode ser grosso o modo como vou exemplificar ao senhor, mas é simples a compreensão desta comparação, o vinho é como um café dado a uma criança, se você oferecer um café amargo, forte e encorpado a ela, pode ser que nunca mais mude sua concepção de que existem bons cafés. Comece com algo mais fácil, simples e suave, sem agredir o paladar dela. Assim sendo como a indicação do vinho. Nós apreciadores, assim como literários, somos responsáveis por fazer mudar a cultura de nossos grupos sociais; façamos isto com amor”. O comentário extenso foi no intuito de, apenas, apresentar meu ponto de vista. A coluna ficou ótima. Meus parabéns Francisco Araújo, e parabéns ao Jornal Opção, pelo belíssimo trabalho.Email: [email protected]
“Voltaire elevou a ironia a um estado de arte poucas vezes superado”
Arnaldo B. S. Neto Se tivesse de fazer a lista dos dez livros que mais me causaram impressão e condicionaram minha maneira de pensar, seria uma injustiça não colocar “Cândido, ou o Otimismo” entre os primeiros. Diria que Voltaire foi o meu primeiro professor de realismo, apesar dessa palavra não ser comumente associada ao famoso escritor francês, que elevou a ironia a um estado de arte poucas vezes superado. Sua mordacidade e cinismo fizeram escola: há muito de Voltaire em mestres como Millôr Fernandes [desenhista, humorista, escritor, jornalista e tradutor brasileiro] e H. L. Mencken [jornalista norte-americano], só para mencionar dois autores indispensáveis para uma educação humorística. Este pequeno tratado contra a ingenuidade, escrito como uma diatribe sofisticada contra Leibniz, coloca Voltaire como um grande mestre do realismo. Todo jovem deveria ler.Arnaldo B. S. Neto é professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutor em Direito Público pela Universidade Vale dos Sinos (Unisinos-RS).
VALÉRIA RAMOS Quero reclamar da falta de estrutura dos ônibus do Eixo Anhanguera, que é minha linha de uso diário. Minha lamentação, além daquela que já faço em relação aos governantes, é em especial pela falta de educação das pessoas que usam esse meio de transporte. Por toda a concepção do sistema, é compreensível em alguns momentos a selvageria que existe nas plataformas na hora de entrar em uma condução dessas e que, no momento de ir para casa, todos querem embarcar ao mesmo tempo. Mas, esses dias, fiquei me perguntando se em algum momento da vida alguém pensou ou pensa em agir diferente. Em ter um pouco mais de paciência, em ser um pouco mais delicado, em ser um pouco mais solidário. Na segunda-feira, 9, como sempre, me levantei às 5 horas da matina para me ajeitar e tomar o Eixo por volta de 6h15. Mas havia certa mudança na viagem. Meu pai, que nasceu no dia 8 de setembro de 1942 – no dia da Natividade de Nossa Senhora —, um senhor de quase 74 anos, estava comigo. Coitado, experimentou o gosto amargo de viajar de Eixo! E que gosto amargo, para mim e para ele. Às 6h23 entramos. Meu pai sentou-se? Adivinhem: não! Por um milagre, o ônibus não estava daquela forma em que não se consegue nem respirar; estava até com certo espaço a mais. Deu para ficar em pé a viagem toda sem muitos empurrões. Porém, para o meu pai, que mora numa pacata cidade de 30 mil habitantes, foi simplesmente o fim da vida entrar naquele ônibus. Para ele, a quantidade de pessoas era absurda. E inúmeras vezes reclamou: “Deus me livre, como você aguenta?”. Eu respondi: “Nem, eu não aguento isso não!”. Ele retrucou: “Valéria, é a última vez que venho aqui para fazer essa manutenção (referindo-se à manutenção no aparelho do ouvido, pois com a idade ele perdeu quase toda a audição e a cada 6 meses precisa vir a Goiânia fazer ajustes), não volto mais de jeito nenhum! Deus me livre, como você consegue vir cinco dias por semana neste ônibus?” A cada reclamação do meu pai, meu coração cortava. E eu tentava consolá-lo dizendo: “Papai, hoje está bom: nem tem empurrões, eu sempre venho espremida.” Mas isso não amenizou em nada a situação. Com sérios problemas de coluna e dores no joelho, ele não aguenta ficar muito tempo de pé, tampouco caminhar muito. No entanto, todos viram seus cabelos brancos, seu rosto já conta a idade que tem. Mas ninguém, ninguém mesmo, se ofereceu para se levantar e ceder-lhe o assento. E nós também não pedimos. Fomos educados de forma diferente: se virmos alguém que precise se ajuda, não esperamos que nos peça; com isso, também não aprendemos a pedir. Somos do tipo que acha que a pessoa precisa ter “desconfiômetro”. Infelizmente, a maioria não é assim. Eu me senti triste, magoada, impotente. Ainda mais neste momento de crise, essa sensação de impotência é ainda maior. Quando eu olhava para o rosto do meu pai a fazer caretas de dor, eu pensava: meu Deus, quanta falta faz um carro! Não é justo que meu pai, depois de tanto trabalho que teve na vida, não possa ser conduzido com o mínimo de conforto a uma clínica para cuidar da sua saúde. Não é justo meu pai ter tido que levantar às 5 horas para sair comigo. Mas eu não tive alternativa: ou o levava comigo ou o levava comigo. A consulta era às 15 horas, mas como ir para Goiânia trabalhar de manhã e voltar para busca-lo? E, de todo jeito, o buscaria de ônibus. Então, o jeito foi pular da cama cedo. Com relação à atitude das pessoas, penso que estamos precisando rever certos conceitos. No ônibus de hoje, havia muitas pessoas jovens – sentadas nos bancos destinados aos idosos, inclusive. Entre os que tinham direito, não era só o meu pai que estava em pé. É triste isso. Como nossas crianças e jovens estão sendo educados? Ninguém mais ensina a eles que é preciso ser solidário e respeitoso de vez em quando? Dormindo sentados estavam, dormindo sentados permaneceram. E só no terminal do Dergo meu pai conseguiu uma vaga. Na praça A, trocamos de ônibus. E querem ouvir uma novidade? Contarei: é claro que meu pai não se sentou, o que só ocorreu ao chegar à plataforma da Avenida Goiás. Mas no próximo ponto já desceríamos. Mesmo assim, ele disse: “Já serve, não estou aguentando de dor nas pernas e nas costas, qualquer tanto que eu me sentar está bom!”. Tive vontade de desaparecer do mapa naquele momento. Ver meu pai se conformar de se sentar por um segundo foi dolorido demais. Mas, fazer o quê? É a triste realidade do nosso transporte público, que não prioriza nada. É a triste realidade da educação que está sendo dada aos novos. Paciência. Valéria Ramos é secretária.
“Temos de respeitar quem pensa diferente da gente”
ADRIANA ACCORSI
Minha gratidão ao jornalista Euler de França Belém pela gentileza em momento tão difícil. Suas ponderações nos chamam a atenção para o ódio e a intolerância que estão permeando as relações, sobretudo nas redes sociais. Todos nós temos de combater esse ódio e respeitar quem pensa diferente da gente. Muito obrigada, em nome de minha família. [“Desejar a morte da deputada Adriana Accorsi mostra o nível do debate ‘político’ nas redes sociais”, Jornal Opção 2131, coluna “Imprensa”]
Adriana Accorsi (PT) é deputada estadual.
“É provável é que Delegado Waldir tire Iris do 2° turno”
GILBERTO MARINHO Em relação ao Editorial “Iris Rezende e Waldir Soares podem ficar fora do 2º turno na disputa pela Prefeitura de Goiânia?” (Jornal Opção 2131), tenho a dizer que, como a campanha eleitoral ainda não começou só é possível cogitar, pois não há dados para uma abordagem mais científica. Mas ressalto que há algo de premonitório na pergunta, pois se há alguém que tira votos de Iris Rezende (PMDB) é justamente Delegado Waldir (PR). Assim, o mais provável é que o delegado tire Iris do 2° turno, repetindo, assim, o que fez com Dona Iris (PMDB) na eleição para deputado federal, pois parcela considerável dos eleitores do casal Iris é da população de baixa renda, mais sensível ao discurso e às práticas populistas. Gilberto Marinho é jornalista.Ercília Macedo-Eckel Em relação ao tema da redução da maioridade penal, abordado na entrevista do professor Dijaci David de Oliveira (Jornal Opção 2075), sou contra. Nossas penitenciárias já são uma vergonha hoje, com superlotação, estrutura inadequada, desgraça de toda ordem etc., tudo que não permite ao criminoso ser recuperado, isto é, sair dos presídios melhor do que lá entrou. Penitenciária vem da palavra “penitência”, permitindo ao criminoso penar e penar para arrepender-se, redimir-se. Sabemos que raramente alguém sai de lá um cidadão, pronto para o mercado de trabalho, no Brasil de hoje. Imagine com essa multidão de jovens em formação e desinformação chegando aos montes nessas cadeias já abarrotadas? Será o caos maior dentro do caos atual. Repito: Sou contra a redução da maioridade penal. Ercília Macedo-Eckel é professora e escritora.
“Acadêmicos desconhecem a realidade das ruas”
Viviânia Medeiros Os menores já bebem para cair, já fazem sexo desde os 12 anos e engravidam meninas novinhas, matam, roubam. O que a redução da maioridade vai piorar nesse quadro? Interesses da indústria? Parece brincadeira, é proibido, mas ninguém cumpre. Menores pegam o carro dos pais e andam sem carteira. Vai ter uma diferença: eles vão poder tirar a carteira aos 16 anos, ao invés de dirigir sem carteira. Vão saber que podem encher a cara, mas serão responsabilizados e presos pelas besteiras que fizerem. Consumir mais álcool ainda? Mais do que já consomem? Na certa, o professor não vai para a noite, não sabe o que é uma balada. Por isso que é complicado pegar opinião com professores acadêmicos: eles desconhecem a realidade das ruas, da noite, nem circulam para ver a realidade. Viviânia Medeiros é jornalista.“Sandra Annenberg fala como se de fato estivesse ao nosso lado”
Raniele Dutra O choro de Sandra Annenberg ao noticiar a morte dos colegas Beatriz Thielmann [repórter] e Luiz Quilião [cinegrafista] mostra o quanto é humana. Na transmissão das notícias, Sandra consegue de uma forma ímpar se aproximar da gente, como se fôssemos seus vizinhos. Quando vejo estou respondendo seu “boa tarde” e muitas vezes retribuindo seu desejo de bom fim de semana. Ela fala como se estivéssemos de fato ao lado dela. Sua simpatia é contagiante. Grande jornalista. Grande mulher! E-mail: [email protected]“O amor por acaso pode ser explicado pela razão?”
Carolina Foglietti O amor feminiza tanto homens quanto mulheres. A posição de amante, bem distinta daquela do amado, implica um deslocamento das posições defensivas de ambos os sexos: o homem não precisa mais temer a perda da sua virilidade; a mulher, por sua vez, já não precisa “bancar o homem” para se garantir junto ao parceiro. Afinal, amar é dar o que não se tem e, nesse terreno, não há garantias. Para a psicanálise, o feminino representa o indizível, aquilo que não tem nome nem nunca terá. Ocupar uma posição mais feminina significa estar mais próximo do sem sentido, do que não se encaixa na ordem “natural” das coisas. Afinal, isso não se aproxima do amor? O amor por acaso pode ser explicado pela razão? É mais ou menos isso que o texto “Para amar de verdade, é preciso ser muito homem. E então se tornar feminino” (Jornal Opção 2069) nos traz. Carolina Foglietti é psicanalista.Idelma Lucia Chagas Ribeiro Vendo as propostas para a educação no Estado de Goiás na reportagem “O ensino público pode se igualar ao privado? Goiás tenta descobrir” (Jornal Opção 2064), percebemos a necessidade de que essas discussões saiam do papel e passem a ser materializadas, pois a educação precisa, com urgência, estar em outro patamar de prioridades por ser fundamental na formação de uma sociedade. E repensar como tem sido a realidade dos cursos de licenciatura na formação docente e como tem sido o processo formativo dos professores dentro da universidade são coisas que não podem mais ser adiadas. Quando nos deparamos com declarações como “precisamos pensar muito antes de fazer uma mudança, pois, não apenas na educação, há escassez de profissionais de ponta no País”, percebemos, sim, uma realidade. No entanto, nossos questionamentos ainda permanecem na intenção de chegar à raiz dos problemas. Por que não temos profissionais de ponta? Ou também o que fazer com os profissionais que não estão correspondendo às expectativas almejadas? Buscam- se resultados, porém, não é percebida a materialização de ações para se chegar à raiz do problema, que é sempre ocultada. Concordo plenamente que um dos caminhos para uma boa educação está na formação inicial dos professores, e isso percebemos estar cada vez mais em estado deplorável. A universidade precisa ser vista, nesse processo, como o caminho de partida e, para isso, a realidade no campo acadêmico precisa ser outra. Para construirmos um modelo de educação, mesmo que copiado de outros países, precisamos primeiramente pensar no processo de formação que vem de nossas universidades e, para isso, as políticas públicas precisam ser em prol de melhores condições de trabalho e de formação dentro das universidades. Como ser um professor de ponta se não há o necessário investimento para esse fim? E outro fator importante é: como melhorar a prática dos professores na sala de aula? Daí repensar a formação continuada e extremamente relevante e precisa ser um dos focos desse processo. Espero muito que essa realidade seja transformada, porque dói muito ouvir as expressões: “nesse governo a educação e a saúde serão prioridades” ou “a educação será o carro chefe desse governo”, mas termina governo e inicia governo e nada, nada muda. É justamente esse novo olhar que precisamos ter para dar sentido à nossa caminhada para uma mudança significativa na educação, principalmente, no que se refere à formação docente, pois, a falta de planejamento, de políticas educacionais e de ações nesse propósito tem nos levado a caminhos incertos, práticas incoerentes, a pouca reflexão sobre nossa prática e ao silêncio diante das questões relacionadas à formação inicial e continuada de nossos professores e, até mesmo, ao pessimismo diante das problemáticas decorrentes da falta de reconhecimento profissional e a falta de autonomia consciente. Ainda acredito na educação, ainda acredito que teremos profissionais de ponta e ainda acredito que nossas escolas serão escolas ideais. Por isso, ainda acredito que o governo do nosso Estado fará as mudanças necessárias para que esse “sonho de uma educação melhor” se torne realidade. Temos esperança de que as buscas de propostas que a Secretaria da Educação tem procurado sigam a um modelo de educação, além de necessário, que seja de acordo com a nossa realidade e, principalmente, que nosso aluno seja realmente beneficiado na sua luta por um País melhor e nossos professores sejam valorizados de fato. Idelma Lucia Chagas Ribeiro é secretária geral do Polo da Escola de Formação/NTE Porangatu e mestranda em Educação pela Universidade Federal de Goiás. E-mail: [email protected]
José Luiz Miranda Mais uma vez parabenizo o Jornal Opção pela qualidade da entrevista realizada com a Economista Ana Carla Abrão Costa (Edição 2.063), atual secretária da Fazenda do Estado, ressaltando ainda o nível das perguntas formuladas pelos debatedores que primaram pelo equilíbrio perfeito entre o conceito do político e do econômico. Realmente, os grandes desafios para Goiás estão postos e todo o desafio, quando enfrentado com parcimônia, se casa necessariamente com novas oportunidades estratégicas que resultarão em benefícios para toda a sociedade goiana. Nesse sentido, a realização de ajustes para se corrigir eventuais distorções se torna essencial para se criar um ambiente fiscal e equilibrado que possibilite a retomada de investimentos tanto por parte dos agentes do setor público e do setor privado e, nessa rota, a revisão de incentivos fiscais deve ser algo a ser realizado. Como bem ressaltou a secretária, não é eliminar os incentivos fiscais, mas utilizá-los de forma racional e equilibrada avaliando a sua relação custo benefício. Goiás é um Estado privilegiado em termos geográficos, que favorece ao planejamento logístico das empresas, associado à pujança e à diversidade das suas riquezas naturais; e à potencialidade mineral que favorece o desenvolvimento de políticas públicas para o estímulo à implantação de uma indústria de transformação de alto padrão, que demanda, sim, uma infraestrutura adequada. O discurso de que o governo deve conceder incentivos fiscais para que as empresas venham para Goiás encontra-se velho e ultrapassado, não encontrando sintonia com as tendências econômicas do século 21, pois trazem em seu bojo a privatização dos impostos que devem ser utilizados para o bem comum e não para o bem privado, além de uma excessiva concentração de renda, elementos estes omitidos pelos seus defensores. Email: [email protected]
“Escola pode ser muitas coisas, menos um local de saber”
Sobre a matéria “Estado deve implantar OSs na área da Educação aos moldes das Charter Schools americanas” (Jornal Opção 2062): “Nunca deixei a escola interferir na minha educação”, disse Mark Twain, este desconhecido do ensino, porque, de acordo com a ótica docente brasileira, apenas brasileiros e portugueses escrevem livros. As pessoas a-d-o-r-a-m dizer como a escola é importante para a formação do cidadão. É curioso então como o Brasil segue sendo uma nação de idiotas que vê a presidente se gabando de que vai fazer mais gente depender do governo e ainda, a elegê-la. Escola pode ser muitas coisas, menos um local de saber. Ela é um local de comportamento. Se alguma criança brilhante se sente frustrada por não poder desenvolver seus gostos, tendo que respeitar uma grade maçante (que no geral, ela não teria dificuldade de dominar), os professores tascam o rótulo de “aluno problema” e o trata como um problema de disciplina. Escola tanto é uma instituição disciplinar que este jornal tece loas e mais loas aos resultados dos colégios militares goianos — “aonde se destaca a disciplina”. O propósito da escola não é transformar as pessoas. É adequá-las. Suprimir tudo que as torna indivíduos. Tanto que ela é um terreno fértil para ideologias coletivistas. E um péssimo lugar para quem pensa individualmente. Email: [email protected]Jack London (1876-1916) impressiona como escritor e, por conta de seu espírito aventureiro, como homem. Sua ficção beira à transcrição imaginativa da realidade, dado ao seu caráter não raro autobiográfico. O autor americano escreveu dezenas de livros que, ao contrário de outras obras, podem ser relidas com prazer, porque, no geral, não parecem datadas.
Há biografias de Jack London, mas seu admirador também pode conhecê-lo, ainda que menos do que nas biografias, por intermédio de sua correspondência. O livro “Cartas de Jack London” (Edições Antígona, 382 páginas), com seleção, tradução e notas de Ana Barradas, é esplêndido.
Em 4 de junho de 1915, de Honolulu, Jack London escreveu uma carta para o sofisticado Joseph Conrad. O escritor polonês respondeu a 10 de setembro de 1915.
A carta de Jack London: “Caro Joseph Conrad: Os tordos despertam a madrugada cálida em meu redor. As ondas ressoam nos meus ouvidos quando batem na areia branca da praia, aqui em Waikiki, onde a erva verde que cresce em volta das raízes das palmeiras quase chega à fímbria da maré. A noite que passou foi dedicada a si... e a mim. "
“Eu tinha-me iniciado na escrita quando li as suas primeiras obras. Apreciei-as com verdadeira paixão e ao longo de todos estes anos comuniquei a minha apreciação aos meus amigos. Nunca lhe escrevi. Nunca sonhei em escrever-lhe. Mas ‘Victory’ [o romance ‘Vitória’] deixou-me rendido e aqui junto a cópia de uma carta que redigi para um amigo no fim desta noite em que não dormi. "
"Talvez se aperceba melhor do significado desta noite em que não dormi se lhe disser que foi imediatamente precedida de um dia em que velejei 60 milhas num sampã japonês, vindo da Leprosaria de Molokai (onde Mrs. London e eu fomos visitar velhos amigos) para Honolulu."
"Tudo isto tem a ver comigo."
“Aloha (que é a palavra gentil com que os havaianos se cumprimentam e que significa ‘que o meu amor esteja contigo’)."
A resposta de Joseph Conrad: "Tocou-me muitíssimo a sua amável carta, para não falar da intensa satisfação que me deu a aprovação vinda de um emérito oficial do mesmo ofício e um verdadeiro companheiro de letras, de cuja personalidade e arte me tenho apercebido intensamente desde há muitos anos. Justamente já uns dias estive com Percival Gibbon (um contista e muito distinto jornalista e correspondente de guerra) e estive a falar-lhe de si longamente, até alta madrugada. Gibbon, que acaba de regressar de 5 meses na frente russa, tinha estado a ler uma série de livros seus, mergulhando completamente na sua prosa. E admiramos, com a maior simpatia e respeito, a veemência da sua força e a delicadeza. Ainda não li o seu último livro. As recensões que tenho visto são entusiásticas. Tenho o livro em casa mas estou à espera de acabar uma coisa (curta) que ando a escrever agora para depois me sentar a lê-lo. Será a recompensa de me ter portado bem a trabalhar. Porque nos tempos que correm não é fácil escrever aqui. Neste preciso momento Dover está debaixo de fogo. Chegam até mim os estrondos dos disparos dos morteiros e metralhadoras — e não sei o que se passa. Na noite passada, passou um Zep por cima da minha casa (não foi a primeira vez) em direção a ocidente, para aquele bombardeamento a Londres de que já deve ter tido conhecimento pelos jornais. Além disso, neste momento tenho o pulso magoado, o que explica a minha caligrafia irregular. E por aqui me fico — de momento. Guarde-me na sua benévola memória e aceite um aperto de mão grato e cordial."