O envenenamento é um método de assassinato muito utilizado por séculos, sendo um dos grandes protagonistas em disputas políticas em reinados e impérios; e nas camadas populares, também foi amplamente utilizado para resolução de intrigas. Facilmente encontrado em farmácias e depósitos, envenenar era prático, até mesmo difícil de ser reconhecido quando no corpo de desafetos.

Em 2020, hospitalização do opositor russo Alexei Navalni, vítima provável de um “agente tóxico” segundo sua médica pessoal, lembra outros casos comprovados ou suspeitos de envenenamento nos últimos quarenta anos.

Serguei Skripal

Em 2018, o ex-agente duplo russo e sua filha Yulia são encontrados inconscientes em um centro comercial em Salisbury (sul da Inglaterra) e hospitalizados em estado grave. Londres acusa Moscou de estar por trás desse envenenamento com Novitchok, um poderoso agente neurotóxico de cocepção soviética, em retaliação por sua colaboração com os serviços de inteligência britânicos. O Kremlin nega. O caso provoca uma crise diplomática.

Serguei Skripal e sua filha deixam o hospital nos meses seguintes. Este envenenamento fez uma vítima colateral, uma mulher que morreu depois de espirrar o que achava ser perfume, contido em um frasco pego por seu companheiro.

Kim Jong-Nam

Em 2017, no aeroporto de Kuala Lumpur, duas mulheres jogam uma substância no rosto do meio-irmão do líder norte-coreano Kim Jong-Un. Ele morre ao ser transferido para o hospital. Vestígios de VX, um agente neurotóxico classificado como uma arma de destruição em massa, são encontrados nele. A Coreia do Norte nega qualquer envolvimento.

Alexander Perepilichny

Em 2012, o empresário russo é encontrado morto em frente a sua propriedade em Surrey. Morte natural, segundo a polícia. Mas os exames solicitados por uma companhia de seguros revelam que ele ingeriu uma molécula associada ao gelsemium, uma planta tóxica da Ásia.

Alexandre Litvinenko

Em novembro de 2006, o ex-espião russo Alexandre Litvinenko, que se tornou opositor ao presidente Vladimir Putin, morreu aos 43 anos em um hospital britânico, vítima de um envenenamento por polônio, sustância radioativa extremamente tóxica.

Três semanas antes, esse desertor do serviço secreto tinha bebido chá com outro ex-agente russo, Andrei Lugovoi. Sua morte provocou uma crise diplomática entre Londres e Moscou, que sempre se recusou a extraditar o principal suspeito.

Yasser Arafat

Em 2004, o líder palestino morre aos 75 anos no hospital militar de Percy, perto de Paris. Rumores de envenenamento envolvendo Israel surgem imediatamente.

Em 2012, uma investigação judicial é aberta na França após uma queixa apresentada por sua viúva após a descoberta de polônio em seus pertences pessoais. A investigação não vai dissipar as dúvidas dos palestinos, alimentada por uma investigação de especialistas suíços que consideram a tese de envenenamento “consistente”. Os especialistas franceses e russos, entretanto, rejeitaram esta pista.

Munir Said Thalib

Em setembro de 2004, Munir Said Thalib, defensor dos direitos humanos e natural da Indonésia, morre aos 38 anos após sentir terríveis dores a bordo de um avião com destino a Amsterdã após ter ingerido uma bebida envenenada em uma escala em Singapura. Foi encontrado arsênico em seu cadáver. Familiares afirmam que ele foi envenenado.

Munir era o principal dirigente da Comissão de desaparecidos e vítimas de violência (Kontras), uma organização que denunciou as atrocidades cometidas por militares indonésios durante os 32 anos de regime do ditador Suharto.

Viktor Yushchenko

Em setembro de 2004, o ucraniano Viktor Yúshchenko, candidato da oposição, herói da Revolução Laranja, fica profundamente doente durante a campanha presidencial na qual concorria com o candidato favorito da Rússia, Viktor Yanukovich.

Médicos austríacos identificaram três meses após o ocorrido o envenenamento por dioxina. Yushchenko é eleito presidente em 2005. Apesar dos cuidados, seu rosto deformado conserva os rastros provenientes da doença.

Khaled Mechaal

Em setembro de 1997, em Amã, agentes do Mossad, serviço de inteligência israelense, tentam assassinar Khaled Mechaal, dirigente do movimento islâmico Hamas, ao injetarem veneno em seu pescoço.

O palestino, em estado de coma, é salvo por causa da intervenção do rei Hussein da Jordânia, que exige que do governo israelense o antídoto em troca da libertação dos dois autores do atentado.

Georgi Markov

Em setembro de 1978, o escritor dissidente búlgaro Georgi Markov é espetado na coxa enquanto aguardava um ônibus em Londres, por um desconhecido que deixou cair seu guarda-chuva. Markov, queixando-se de febre alta, morre quatro dias depois.

A autópsia revelou em sua perna a presença de uma cápsula do tamanho da cabeça de uma agulha contendo um veneno violento, a ricina. Além disso, a morte de Yaser Arafat em novembro de 2004 no hospital militar Percy, próximo à Paris, cujas causas não foram declaradas, mantêm diversas interrogações.

Uma investigação judicial por assassinato foi aberta na França após uma demanda interposta por sua viúva ao descobrir polônio em seus objetos pessoais. Porém, em 24 de junho de 2016, a Justiça francesa confirmou o arquivamento do processo por meio dos magistrados encarregados de investigar o possível “assassinato”.

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