A pequena cidade de Mataraca, na Paraíba, se tornou o epicentro de uma polêmica nacional no final do ano passado, após a divulgação de uma proposta bilionária envolvendo investidores chineses. O plano era transformar o município em um polo tecnológico e logístico de ponta, com um porto offshore de última geração.

Com cerca de 8.300 habitantes, o plano “Brasil CRT” era investir R$ 9 trilhões para transformar a cidade em uma “metrópole do futuro”, segundo informações do Portal Metrópoles. No dia 11 de dezembro de 2023, autoridades do município e o Governo Federal assinaram um protocolo de intenções para iniciar o plano. Entretanto, o projeto foi cancelado em seguida pelos chineses.

Segundo a promotora Ellen Veras Ximenes, que liderou as investigações e audiências públicas sobre o projeto, o plano tinha falta de garantias que comprovassem a solidez. No fim, a promessa de uma transformação radical da cidade não foi suficiente para afastar as incertezas apontadas.

Uma das principais dúvidas estava relacionada à existência da empresa “Brasil CRT” como uma entidade oficial na China. De acordo com o Consulado-geral da China em Recife, a Brasil CRT não possuía registros formais de atividades no território chinês. Isso gerou questionamentos sobre a legitimidade da proposta.

Outro ponto crítico foi a suspeita de que o plano apresentado para Mataraca fosse uma cópia de um projeto desenvolvido por um escritório dinamarquês para a cidade de Shenzhen, no sul da China. Essa semelhança levantou questões sobre a originalidade do projeto e suas intenções. Além disso, a falta de clareza sobre a origem dos recursos financeiros para a execução da obra contribuiu para o aumento das desconfianças.

Por fim, outro agravante foi a ausência de informações organizacionais acessíveis ao público. A empresa “Brasil CRT” não dispunha de um site oficial, tampouco fornecia contatos disponíveis para comunicação ou referências de outras obras realizadas, o que dificultava a verificação da sua idoneidade.

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