Antonio Lavareda ainda negou pressão e declarou que cancelamento ocorreu por causa de mudança no contratante

Antonio Lavareda, do conselho científico do Ipespe | Foto: Divulgação

O presidente do conselho científico do Ipespe, o cientista político Antonio Lavareda, garantiu que a XP Investimentos não tinha conhecimento do resultado da última pesquisa eleitoral para a Presidência da República contratada junto ao instituto, a qual teve divulgação cancelada na quarta-feira, 8 – o resultado seria divulgado dois dias depois.

A declaração de Lavareda foi ao portal UOL, quando ele também explicou que, por uma questão interna da empresa, os resultados só são enviados ao contratante após o encerramento da Bolsa de Valores às quintas-feiras. “Quando a XP determinou o cancelamento do registro, ainda não tinha recebido o relatório do Ipespe, então não conhecia o resultado da pesquisa. A determinação do cancelamento foi feita na quarta-feira à tarde, e pelo regulamento da relação de contratante e contratado, a XP só recebe o resultado de cada pesquisa após o encerramento da Bolsa de Valores às quintas-feiras, é uma regra de compliance da empresa. A suspensão não teve a ver com resultados”, afirmou.

Lavareda também disse que o real motivo do cancelamento do registro da pesquisa se deu por uma mudança no contratante. As pesquisas seriam contratadas pelo InfoMoney, um braço da XP, mas a empresa acabou voltando atrás na decisão. “Na semana anterior a pesquisa a XP resolveu mudar o contratante desse produto, colocando no lugar o InfoMoney. Mas durante a semana chegaram à conclusão que isso não seria interessante e, para corrigir essa posição que julgaram equivocada, suspenderam o registro da pesquisa. Isso não foi a melhor solução e a consequência foi a grande reação do público”.

O membro do Ipespe também rechaçou a possibilidade de o cancelamento da divulgação da pesquisa ter alguma relação com o fato de o presidente Jair Bolsonaro (PL) estar atrás do ex-presidente de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas intenções de voto. Ele reforçou que esse cenário já se desenha desde as pesquisas realizadas ainda em 2021.

“Desde o ano passado todas as pesquisas foram nessa direção, então não acredito que tenha sido esse o motivo (Bolsonaro em situação de não liderança), não faria sentido”. Após a decisão de cancelar o registro e divulgação da última pesquisa, a XP também cancelou a divulgação de pesquisas semanais. Lavareda explicou que elas passarão a ser mensais. “Em uma eleição muito polarizada como a nossa, a XP resolveu diminuir o número de pesquisas que serão divulgadas. Ao invés de pesquisas semanais teremos uma pesquisa mensal com 2 mil questionados. (…) a próxima pesquisa tem previsão para o final de junho e está sendo tratado o novo cronograma que será estabelecido”.

Em relação a pesquisa cancelada, ele afirmou que sua divulgação se torna impossível pela própria regulamentação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Todas as pesquisas necessitam de registro no órgão para serem liberadas e, a partir do cancelamento desse registro na quarta-feira, qualquer liberação de dados seria ilegal e estaria desrespeitando a lei.

Durante a entrevista, Lavareda ainda admitiu que o Ipespe sofre pressões de alguns apoiadores de Bolsonaro, mas negou que a XP faça qualquer tipo de pressão sobre os resultados das pesquisas encomendadas.