Além de Fátima Mrué, será denunciada a gerente de Saúde Bucal do Município por omissão em meio ao caos na área 

Reunião da CEI da Saúde na última sexta-feira (1º/12) | Foto: Wictoria Jhefany

A Comissão Especial de Inquérito (CEI) que apura o caos na Saúde em Goiânia engrossou o discurso contra a gestão do prefeito Iris Rezende (PMDB) na manhã desta segunda-feira (4/12) e aprovou requerimento que pede, inclusive, a prisão da secretária Municipal de Saúde, Fátima Mrué.

Os vereadores ficaram revoltados com a ausência do superintendente de Gestão de Redes de Atenção à Saúde, Adriano Augusto Peclat de Paula; e a gerente de Saúde Bucal do Município, Ana Paula Nomelini Marques da Silva Vianna.

O objetivo da convocação era esclarecer a falta de insumos para atendimentos odontológicos na capital, que não estão sendo realizados há mais de nove meses, segundo denúncias dos próprios profissionais que trabalham na rede. E não é por falta de dinheiro: o Ministério da Saúde tem repassado os recursos normalmente, R$ 200 mil ao mês.

Ante à situação, foram aprovados por unanimidade requerimentos da vereadora Dra. Cristina (PSDB) para que a gerente e a titular da Secretaria Municipal de Saúde sejam denunciadas por omissão.

“Solicita que seja tomada providência judicial urgente por omissão por parte de Ana Paula Nomelini Marques da Silva Vianna e da secretaria de Saúde Fátima Mrué, por mutilação com sequela permanente a paciente, inclusive com consequente pedido de prisão”, versa o requerimento.

Por um erro técnico, Vianna se negou a ir à comissão: segundo resposta, o documento que a intimava dizia que ela era médica, porém sua profissão é odontóloga. Já o superintendente sequer mandou uma justificativa, pois teria pedido demissão do cargo.

Os vereadores decidiram ir à delegacia de polícia, ao Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) e ao Ministério Público Federal (MPF) fazer a denúncia.

Controvérsia 

Secretária de Saúde de Goiânia, Fátima Mrué | Foto: Alberto Maia

Houve controvérsia na CEI da Saúde desta segunda-feira (4), pois o primeiro pedido da vereadora Dra. Cristina era no sentido de já decretar a prisão da secretária e da gerente de Saúde Bucal.

No entanto, o presidente Clécio Alves (PMDB) disse que a medida não seria o melhor caminho, uma vez que não resolveria o problema. “Essa comissão não pode cair no descrédito, não pode ser midiática. Temos que defender a população, mas não quero ser acusado injustamente. Prudência e caldo de galinha nunca são demais”, alertou.

Elias Vaz (PSB) também questionou a competência jurídica da CEI de poder decretar a prisão de alguém. “Acho que temos que tomar uma atitude, a secretária está mentindo, é flagrante, mas não sei se o pedido de prisão seria o melhor caminho”, completou.

O parlamentar lembrou ainda que, ao contrário do que alega a gestão Iris, a licitação para compra de insumos já foi homologada, ou seja, pronta para ser concluída. “Sinceramente, o dinheiro está lá, tem pessoas sofrendo e a secretária mente para a população”, criticou.

“Prefeito de Goiânia virou as costas para a cidade e para a Câmara de Vereadores. Ele não vai tomar nenhuma medida, como aconteceu no caso do Mutirama”, lembrou Priscilla Tejota (PSD), que, embora não seja da CEI, participava da reunião.

Por fim, a tucana mudou a redação do pedido e solicitou que o Poder Judiciário tomasse as devidas providências, inclusive com a prisão, caso assim entendesse legal.

Nova convocação

Também foi aprovada a reconvocação da gerente de Saúde Bucal do Município, Ana Paula Nomelini Marques da Silva Vianna, e da superintendente Luciana Curado para as 14 horas desta terça-feira (5), em nova reunião da CEI.