Valorizar o professor é promover a igualdade social
14 outubro 2022 às 16h46
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Como amanhã é dia dos professores, mais que prestar as devidas homenagens, é fundamental lembrar que se você é de família desfavorecida, só há uma única chance em sua vida que é a ter uma educação de qualidade.
Essa frase não é minha. Ela é do estatístico alemão Andreas Schleicher, diretor de educação e competências na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e criador do Pisa.
Andreas diz ainda que “educação de hoje será a economia de amanhã. E se você tem desigualdades na educação, você vai ter desigualdades na sociedade. E com isso, desemprego. Dessa forma, qualquer candidato presidencial que não enxerga a ligação entre as duas coisas ou não acredita nisso, não está fazendo um favor ao futuro do país. Sim, existem muitos problemas urgentes, mas se você ignorar os desafios de amanhã a situação será ainda mais difícil”, afirmou em entrevista à BBC nesta semana.
Ainda que dinheiro não seja tudo, sem ele fica mais difícil realizar melhorias. E, ao priorizar (ou não) determinado item no orçamento, seja em sua elaboração, seja na execução, fica claro como o governo enxerga a importância do tema. O orçamento de 2023 encaminhado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Congresso Nacional prevê apenas 2,5 milhões de reais para a ‘implantação de escolas para educação infantil’. De acordo com avaliação de especialistas, o valor seria suficiente para construir apenas 5 novas creches em todo Brasil. O volume inicial previsto era de 100 milhões de reais, o que significa que foram cortados 97,5% dos recursos para o ano que vem.
As informações são do jornal O Globo desta sexta-feira,14. O jornal destaca ainda que por se tratar de uma redução orçamentária entre os dois anos, o novo valor é, de fato, um corte e não apenas um bloqueio de recursos que pode ser revertido no Congresso. Esse anúncio do corte de 97,5% no orçamento para a construção de creches ocorre semanas após o Supremo Tribunal Federal decidir que é dever do Estado garantir vagas em creches e pré-escolas a crianças de 0 a 5 anos de idade.
Também nesta semana, relatório da ONG Todos Pela Educação, divulgado quinta-feira, 13, aponta que o Ministério da Educação (MEC) não priorizou em 2021 os gastos com educação básica (que engloba educação infantil e os ensinos fundamental e médio. De acordo com o documento, que analisou a execução do Orçamento da pasta no ano passado, apenas 93% da verba destinada para essa etapa escola foi empenhada no último quadrimestre de 2021. A taxa de pagamento foi ainda menor, ficando em 77%. Dentre as etapas educacionais, foi a área com menor percentual de empenho e pagamento.