Um poema do russo Boris Pasternak em tradução do brasileiro Astier Basílio

10 fevereiro 2025 às 17h02

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Astier Basílio
Hoje (segunda-feira, 10), 135 anos do nascimento de Boris Pasternak. Em sua homenagem, revisei a tradução que fiz de um de seus poemas mais conhecidos.
Desta vez, optei por dispor em octossílabos, o que aproxima ao ritmo do original, escrito em tetrâmetro iâmbico.
Feliz aniversário, Boris Leonidovich.

Poema de Boris Pasternak
(Tradução de Astier Basílio)
Não é legal ser um famoso,
Isto não ergue pedestais.
Não crie arquivos sem repouso,
Tremendo sobre originais.
O alvo da arte é a auto-entrega
Não é o sucesso, a grita louca.
É uma vergonha e nada agrega
Ser ficção no boca-boca.
Tem que viver sem ter disfarce
Viver assim, pois é seguro
Ao amor local acostumar-se
E ouvir as vozes do futuro.
E ponha espaçamento ainda
Na sina e não entre o papel:
Locais, capítulos da vida,
A rabiscar no rodapé.
Mergulhar onde o incerto leva
E esconder lá suas passadas
Como um lugar se esconde à névoa
E nele não se vê mais nada.
E os outros por teu vivo rastro
Irão seguir de forma intensa,
Pra ti, vitórias ou fracassos,
Não tem nenhuma diferença.
Não deixe que um único gomo
Do rosto arranque-se de ti
Mas seja vivo, vivo e como!
Vivo somente, até o fim.
1956