TV Globo e TV Anhanguera são condenadas a pagar R$ 100 mil a Talitta Di Martino
23 agosto 2024 às 12h02
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Ângela Moureira
Especial para o Jornal Opção
A Rede Globo de Televisão e a sua afiliada em Goiás, TV Anhanguera, foram condenadas pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) a pagar 100 mil reais à jornalista Talitta Di Martino por danos morais. Na quinta-feira, 22, os desembargadores da 1ª Câmara Civil do TJ-GO recusaram, por unanimidade, os embargos de declaração apresentados pela TV Globo na tentativa de reverter a decisão da condenação.
Talitta Di Martino havia entrado com ação civil por danos morais contra as TVs no início do ano passado. No processo, a jornalista apresentou provas de que as emissoras tinham feito uma reportagem que citava o nome dela no caso do Padre Robson indevidamente. De acordo com a jornalista, as TVs usaram montagens falsas — criadas por hackers e sem qualquer perícia — em reportagem do “Fantástico” que foi ao ar em fevereiro de 2021.
As emissoras se defenderam dizendo que as provas foram adquiridas por meio de fontes do Ministério Público. No entanto, o desembargador relator da ação, Héber Carlos de Oliveira, entendeu que faltou, por parte das TVs, o “dever de cuidado”, uma vez que o processo estava em segredo de justiça e que, por isso, não havia possibilidade de as televisões terem recebido qualquer material oficial por parte do órgão.
Além disso, o desembargador reconheceu que Talitta Di Martino não era investigada por qualquer ilicitude no processo, sendo, na verdade, vítima. Assim, ao publicar as informações supostamente de forma indevida, as TVs prejudicaram a imagem de uma pessoa que sequer tinha contra si qualquer processo investigatório, seja penal, civil ou administrativo.
Durante o processo, as emissoras também não apresentaram qualquer perícia dos materiais divulgados. Ao contrário, a defesa de Talitta apresentou, nos autos, que a própria TV Anhanguera já havia feito reportagem, meses antes, em que um dos hackers afirmava que os materiais tinham sido produzidos por ele de forma fraudulenta, já no período em que estava sob a custódia da polícia.
As emissoras ainda podem recorrer aos tribunais superiores. O Jornal Opção tentou falar com Talitta Di Martino e seus advogados, mas eles disseram que não se pronunciarão sobre o caso porque a ação está em segredo de justiça.
O espaço permanece os lados da questão que quiserem de manifestar.
Ângela Moureira é jornalista e foi editora do Online do Jornal Opção.