Trabalhadores são resgatados de trabalho análogo à escravidão em Nova Glória de Goiás

10 maio 2023 às 20h27


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Ao menos oito trabalhadores foram resgatados em uma fazenda de Nova Glória de Goiás em situação análoga ao trabalho escravo. As vítimas trabalhavam extraindo varas de bambu que era vendidas para produtores de tomates de Goianápolis/GO e região para “envarar” tomateiros.
A operação conjunta foi realizada entre Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), com o apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Federal (PF).
De acordo com Ministério do Trabalho, os trabalhadores foram assediados no estado do Pará e outros municípios goianos. Eles eram alojados em condições subhumanas em uma casa da cidade.
Segundo informações mesmo aqueles trabalhadores mais antigos, com até 10 (dez) meses de trabalho, nunca haviam recebido salários, mas apenas alguns pequenos “vales” de R$ 10,00 a R$ 50,00. Tudo que o empregador fornecia era descontado dos salários dos trabalhadores, de forma que quando eles pediam para acertar e ir embora, o patrão falava que o trabalhador estava devendo para ele.
Eram descontados, indevidamente, as despesas com as passagens de vinda dos trabalhadores; despesas com moradia, como aluguel, água, energia, gás e compra de alimentos; despeças com ferramentas de trabalho e equipamentos de proteção para o trabalho, como limas, botinas e luvas.
O empregador possuía um caderno com todas as anotações de despesas supostamente pertencente a cada trabalhador e ainda fazia com eles assinassem Notas Promissórias das dívidas quando o trabalhador pedira para ir embora do serviço.
De acordo com o AFT Afonso Borges, chefe de Fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho em Goiás, os alojamentos não dispunham camas, roupas de cama, armários individuais e nem locais adequados preparo e tomada de refeições.
Os trabalhadores dormiam em redes ou em colchões velhos depositados sobre o piso. Além disso, o abrigo era velho, sujo e sem nenhum asseio, em completo desrespeito às normas de segurança e saúde do Ministério do Trabalho.
Além disso, todos os trabalhadores laboram sem registro e as condições de trabalho eram bastante precárias, pois não recebiam equipamentos de proteção para o trabalho, não havia locais para refeição e nem instalações sanitárias nos locais de trabalho.
Dada as condições desumanas de alojamentos, o empregador foi notificado pelos Auditores-Fiscais do Trabalho para providências no sentido de rescindir os contratos de trabalho dos 08 empregados resgatados, realizar os pagamentos de suas verbas rescisórias, incluindo os salários de todo o período de trabalho, bem como garantir o retorno deles aos seus estados de origem.
Todavia, o empregador se recusou a fazê-lo, alegando que não reconhecia a dívida e que também não possuía condições financeiras para tal.
No decorrer da operação, uma equipe da Polícia Federal compareceu ao local e, após ouvir os envolvidos e testemunhas, efetuou a prisão do empregador, levando para a Delegacia de Polícia Federal de Anápolis/GO.