“Todas as pessoas sensatas nesse País querem ajustes”, defende Marconi
09 dezembro 2016 às 18h53

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Governador explicou propostas do pacote fiscal que enviará para a Assembleia Legislativa e defendeu medidas de austeridade

Em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (9/12) no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, o governador Marconi Perillo (PSDB) afirmou que pacote fiscal enviado para Assembleia Legislativa tem o objetivo de adequar a realidade de Goiás aos ajustes do Governo Federal e explicou pontos da proposta.
Segundo ele, os ajustes serão necessários inclusive para viabilizar transações entre governo estadual e federal. “Todos os governadores que quiserem pleitear operações de crédito ou empréstimos junto ao governo federal, e com aval do governo federal, a partir de 1º de janeiro de 2017, terão que realizar seus ajustes”, esclareceu.
“Todas as pessoas sensatas nesse País querem que os governos federal e estaduais adotem as medidas necessárias, justas para que os estados possam trabalhar para o conjunto da população e que interrompam essa possibilidade de colapso geral”, defendeu ele. “Não é desconhecido de vocês que o Brasil está quebrado, falido.”
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Marconi afirmou que as principais mudanças se referem à mudanças nos descontos da Previdência; e cortes de cargos temporários, gratificações, funções comissionadas. “Isto para termos economia para bancar reajustes que acontecem vegetativamente, ou determinados por leis estaduais ou federais.”
Ele explicou que, atualmente, é descontado 13,35% dos salários dos funcionários para o Fundo de Previdência e o governo coloca mais 13,35% no Tesouro. “O somatório é insuficiente para bancar as despesas com 40 mil funcionários aposentados ou pensionistas. Assim, o Tesouro tem de tirar R$ 150 milhões de outras despesas para colocar no fundo e pagar os salários de quem já está aposentado”, disse ele.
“Essas medidas vão diminuir um pouco o déficit, porque, para ter o equilíbrio agora, precisa aumentar para 40%, mas a gente sabe que não é sustentável uma cobrança maior que essa”, disse ele. “Com esse aumento de 1% melhora um pouco e a gente vai ter de utilizar menos dinheiro do Tesouro.”
Um dos pontos comentados pelo governador foram as mudanças na política de incentivos fiscais e a criação de um fundo de investimentos com base em 15% deles. Segundo ele, as isenções foram importantes para atrair empresas para o estado, mas é preciso lembrar que, ao estabelecê-las, o governo deixou de arrecadar e que, sem o dinheiro, não tem condições, por exemplo, de investir em infraestrutura para melhor o crescimento.
“Nós somos extremamente agradecidos a todas as empresas e indústrias que vieram para cá para Goiás, geraram e geram muitos empregos”, ressaltou ele. “Mas toda empresa que quer se ampliar, que quer crescer ou vir para Goiás sempre pede energia, infraestrutura, esgoto, asfalto, educação, saúde para os seus empregados e para que essas empresas possam se viabilizar. Ora, como é que nós vamos criar infraestrutura e garantir condições para que os empregados venham para cá, ou trabalhem nessas empresas, sem dinheiro?
Questionado sobre o pagamento da data-base, Marconi afirmou que não conseguirá arcar com a despesa. “Não há dinheiro para isso. Se nós não estamos dando aqui no Executivo é mais do que justo que eu também vete em relação aos outros poderes, apesar da iniciativa ser deles. E apesar deles afirmarem que têm orçamento”, pontuou.
Comentando um dos pontos mais polêmicos da proposta, a criação de um teto para a folha de pagamento, Marconi afirmou que o principal intuito é garantir o equilíbrio salarial. “Existem muito salários altos e pessoas que ganham menos. O que nós precisamos é estabelecer uma justiça salarial no País em relação a todos.”
Sobre novas privatizações, o governador confirmou a intenção de ampliar as concessões, conforme já havia anunciado anteriormente. “Nós podemos e queremos concessionar grandes prédios como o Serra Dourada, o Autódromo, o Centro de Excelência. À medida que o Estado vai concessionando, e esses próprios vão ficando à disposição da sociedade, funcionando até melhor”.
“A Constituição assegura que saúde, educação, segurança, devem ser mantidos pelo Estado sem que a população tenha que colocar dinheiro, é preciso que o Estado cada vez mais também se desvencilhe de espaços ou de gastos que podem ser feitos pela iniciativa privada para que o Estado tenha dinheiro para investir realmente onde precisa investir”, declarou Marconi.