Tirei a roupa sim. E daí?

11 junho 2014 às 18h44
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Eu e você talvez nunca tenhamos visto situação parecida. Eu nunca vi. Mas já perdi a conta de quantas vezes vi garotos fazendo o famoso “bundalelê” em frente a bares lotados ou homens sem camisa circulando pelas ruas da capital
Na madrugada da última segunda-feira (10/6) um ato que ocorreu em uma conveniência de um posto muito movimentado de Goiânia chocou os moradores da capital. Dois homens simplesmente entraram na loja seminus, estando um sem camisa e o outro apenas de cueca, em um momento que o ambiente estava cheio de clientes.
Além do vídeo de segurança, uma mulher filmou toda a movimentação. Em um momento o homem que estava somente de cueca, tira a roupa íntima, mostrando as nádegas cabeludas para a moça que filmava tudo. Enquanto ela gritava “você é lindo, seu gostoso, você pode tudo”, ele continuou circulando pelo local. A segurança nada faz, além de ficar parada com um sorriso bobo vendo a situação. É possível ver no vídeo que o atendente do balcão não aprova a situação e continua atendendo os clientes, sem prestar atenção no fato. “Ainda bem que pelo menos o pinto eles deixaram guardado”, disse o frentista. O vídeo vem circulando pelo aplicativo de celular WhatsApp e tem causado extremo desconforto entre os goianos.
Bom, na verdade não foi bem assim que ocorreu. Provavelmente muitos de vocês já viram com os próprios olhos as duas moças (muito bonitas, a propósito), aparentemente um tanto fora de si, que resolveram se livrar de suas roupas em uma conveniência de um posto de gasolina no Setor Bueno. Sim, isso não é algo comum de se ver, e claro, contra a lei. Mas o que mais vem acoplado com a divulgação do vídeo?
Desfilando pelo local, como se não houvesse amanhã (e talvez não houvesse no momento), a jovem branca de cabelos pretos exibe a tatuagem no bumbum. “Amiga, a gente é puta!”, grita a outra usando o que parece ser uma saia verde. Eu e você talvez nunca tenhamos visto situação parecida. Eu nunca vi. Mas já perdi a conta de quantas vezes vi garotos fazendo o famoso “bundalelê” em frente a bares lotados ou homens sem camisa circulando pelas ruas da capital. Será que se esta situação do posto fosse invertida os comentários e o sentimento comum seria outro? Talvez a moral mude quando muda o sexo.
A fonte de prazer do homem, digo, o corpo feminino deve se preservar mais do que o outro sexo. Não dá para sair por aí mostrando o que de bom você tem, moça! Você deve prezar pelos “valores familiares”. Lembre-se que as consequências são severas e além do fato de que “c… de bêbado não tem dono”, um vídeo seu pode acabar circulando pelas redes sociais e acabando com a sua vida.
“Coitadas, elas devem estar com uma ressaca moral!”, ouvi alguns dizendo. Sim, podem estar. Ou não. Talvez a situação foi gerada por apostas feitas com amigos; talvez apenas algo que tinham vontade de fazer: tirar a roupa e ver a reação das pessoas. Ou talvez elas simplesmente estavam extremamente bêbadas, e nem se lembram de nada. Ou todas as alternativas anteriores.
De qualquer forma, não é questionável o fato das moças terem cometido um crime. A nossa liberdade encerra quando inicia a do outro. O questionável é a forma com que a situação foi encarada. Além do fato de o ato de tirar a roupa ser algo inusitado e punível perante a lei, o que há a mais na situação? A única preocupação que essas meninas deveriam ter agora é com o fato de que poderão responder por ato obsceno e perturbação do sossego — sem mais.