O debate sobre o financiamento do transporte público sempre esteve presente em Goiás, com o subsídio ao sistema de transporte coletivo figurando como uma das principais medidas adotadas pelo governo para garantir a acessibilidade dos cidadãos. Atualmente, o Estado repassa mais de R$ 12,4 milhões por mês para a manutenção do sistema de transporte coletivo, que abrange tanto o Sistema Único quanto o Eixo Anhanguera. Esse subsídio permite que o usuário pague uma tarifa de R$ 4,30, enquanto o valor real do serviço é de cerca de R$ 7,58. A diferença é custeada pelo Governo de Goiás e pelas prefeituras de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Goianira, Senador Canedo e Trindade.

Apesar de ser uma política crucial para milhares de pessoas, a proposta de subsídio vem sendo atacada por alguns candidatos que pretendem encerrar essa medida. Esses críticos argumentam que o Estado não deveria arcar com os custos de um serviço que deveria ser autossuficiente. No entanto, essa visão ignora os benefícios sociais e econômicos que o subsídio traz para a população, em especial para as classes mais vulneráveis.

O subsídio ao transporte público é uma política essencial para garantir a mobilidade urbana, que, por sua vez, tem impacto direto na economia e na qualidade de vida das pessoas. O transporte coletivo é utilizado majoritariamente por trabalhadores e estudantes, que dependem desse meio para acessar serviços básicos, como saúde, educação e oportunidades de emprego. Sem o subsídio, o custo do transporte se tornaria proibitivo para muitos desses cidadãos, gerando exclusão social e comprometendo o desenvolvimento econômico.

Além disso, o subsídio é uma forma de reduzir a desigualdade social. O sistema de transporte público é, em grande parte, utilizado por aqueles que têm menos condições financeiras de arcar com os custos de transporte individual, como carros ou motocicletas. O aumento da tarifa, caso o subsídio fosse reduzido ou eliminado, seria uma penalização direta às classes mais baixas, tornando-se uma barreira para o acesso a direitos fundamentais e exacerbando as disparidades sociais.

Por outro lado, argumenta-se que o subsídio ao transporte público deve ser visto como um primeiro passo rumo a uma meta ainda mais ambiciosa: a tarifa zero. Embora essa proposta possa parecer radical, ela tem ganhado força em diversas cidades ao redor do mundo, onde o transporte gratuito já foi implementado com sucesso. A tarifa zero no transporte público não só promoveria a inclusão social, mas também ajudaria a reduzir a poluição urbana e os congestionamentos, incentivando as pessoas a deixarem seus carros em casa e utilizarem o transporte coletivo.

Avançar nessa direção, no entanto, requer um esforço conjunto do governo estadual, municipal e federal. É necessário que se compreenda o transporte público como um serviço essencial, assim como saúde e educação, que deve ser garantido a todos, independentemente da capacidade de pagamento. O custo desse serviço pode ser amplamente compensado por meio de políticas de redistribuição de renda e da redução dos impactos ambientais causados pelo transporte individual motorizado.

Além disso, a ampliação do subsídio e o caminho para a tarifa zero devem ser vistos como um investimento, e não como um gasto. A mobilidade urbana eficiente aumenta a produtividade, facilita o acesso a oportunidades de emprego e fomenta o crescimento econômico sustentável. Em longo prazo, um transporte público acessível e de qualidade beneficia não só os usuários diretos, mas toda a sociedade, gerando retorno em forma de menor sobrecarga no sistema de saúde pública, pela redução da poluição e do estresse urbano, e promovendo um ambiente urbano mais saudável e inclusivo.

Portanto, é preciso resistir às tentativas de desmonte do subsídio ao transporte público em Goiás. O papel do Estado é garantir o bem-estar da população, e isso passa por assegurar que todos tenham o direito à mobilidade. Avançar no subsídio, até que se alcance uma política de tarifa zero, é um passo necessário para construir uma sociedade mais justa e equilibrada, onde o transporte público seja acessível a todos e contribua para a construção de cidades mais sustentáveis e humanas.

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