Em resposta, Clécio Alves, garantiu que, assim que o projeto for encaminhado, tomará as medidas para que haja os debates necessários. Em tom carregado de certa dose de ironia, ele chegou a dizer que pretende levar a discussão até a “porta do cemitério”

A Câmara municipal de Goiânia foi palco de mais um caloroso debate sobre a atualização da planta de valores, que vai servir como base para definir os reajustes no IPTU e ITU de Goiânia a partir do ano que vem. O problema é que, apesar de um projeto de lei que institui uma nova maneira de calcular o tributo ter sido aprovado em setembro deste ano, a renovação da planta de valores, cujo estudo foi concluído em 15 de agosto, ainda não foi sequer apresentado à Casa Legislativa.

O vereador petista Tayrone Di Martino, que há cerca de um mês vem travando um duelo com o prefeito e também petista Paulo Garcia justamente por essa questão (que pode, inclusive, acarretar em sua expulsão do partido), começou os discursos inflamados nesta quarta-feira (22/10). Na tribuna da Câmara, ele conclamou os demais vereadores e a população a exigirem que o projeto seja encaminhado para apreciação e, então, debatido por toda a sociedade.

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“A quem interessa esconder a planta de valores? Por que a planta de valores não pode vir para esta Casa antes da eleição? Porque é muito grave”, disse o vereador. “É sinal que eles perceberam que tem alguma coisa aberrante nessa planta de valores, tanto que se fala de aumento de 400% e não mandam essa planta de valores tentando esconder isso.”

Tayrone destacou o fato de que na manhã desta quarta-feira ele divulgou um vídeo nas redes sociais [veja abaixo] solicitando aos goianienses que exijam do prefeito o envio da planta de valores. “Vamos chamar a  população para perceber o que está acontecendo na política em Goiás. Por que estão escondendo?”, questionou.

O vereador foi além e afirmou que a população está sendo “feita de palhaça”. De acordo com ele, sua pretensão é levar o debate sobre o assunto às universidades, entidades de classe, sindicatos, empresas, conselhos e associações.

Em resposta, o presidente da Câmara, Clécio Alves (PMDB), aliado de Paulo Garcia, garantiu que, assim que o projeto for encaminhado, tomará as medidas necessárias para que haja tanto debate quanto for necessário para “exaurir” o assunto. Em tom carregado de certa dose de ironia, ele chegou a dizer que pretende levar a discussão até a “porta do cemitério”.

“Quando esse projeto chegar aqui na Casa – não sei se chega amanhã, se chega segunda – é compromisso deste humilde presidente: ele vai ser debatido, vereador Tayrone, em todos os locais possíveis em que pudermos levar para ser debatido. Ministério Público, OAB, UFG, PUC, igrejas, maçonarias, centro espíritas, associação de moradores, feiras de Goiânia, na Avenida Goiás, na Praça Bandeirante, na porta do cemitério, onde nós pudermos levar para ouvir as pessoas de Goiânia”, disse.

De acordo com o peemedebista, a planta de valores é uma questão de honra para ele, já que, em sua opinião, o referido projeto de lei foi o principal responsável pelo fato de ele não ter sido eleito deputado nas eleições deste ano.

“Por causa desse projeto o governador Marconi Perillo (PSDB) tirou meu mandato de deputado estadual fazendo ilações, acusações irresponsáveis no debate político, afirmando que eu, Clécio Alves, o líder maior do Iris aqui na Câmara, tinha aprovado um aumento de 400% de IPTU aqui nesta Casa”, declarou, sem fazer qualquer contextualização. “Isso foi o governador do Estado quem fez. Isso me custou um mandato. Por causa disso perdi 10 mil votos aqui em Goiânia. Tenho as pesquisas que mostram isso.”

Elias Vaz (PSB), que assim como Tayrone é um dos vereadores mais críticos quanto às últimas propostas de reforma dos tributos no município, adiantou que em breve entrará com ação no Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) pedindo a anulação da votação em que foram aprovadas as novas alíquotas de ITU e IPTU.

Confira vídeo divulgado por Tayrone nas redes sociais: