Segundo CNC, setor de serviços crescem no Brasil, enquanto Comércio recua
02 dezembro 2020 às 15h20
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A década de 2010 é encarada por estudo como a “década perdida” para o comércio se comparada com década de 1980
De acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as atividades de serviços aumentaram sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) passou de 55,7% em 1947 para 74% neste ano. O comércio, porém, não teve o mesmo desempenho, saindo de 16,3% para 13,7%.
Os dados foram divulgados pela CNC nesta quarta-feira, 2, em comemoração aos 75 anos da entidade, fundada em 1945. De acordo com a Confederação, a mudança estrutural ocorrida nas últimas décadas, tanto no Brasil quanto em outros países, levou a este quadro de ascensão dos serviços e queda do comércio.
O economista responsável pelo estudo, Antonio Chaves, afirmou que as taxas mostram as mudanças de paradigmas do funcionamento da economia nacional. “Enquanto o comércio de bens revelou estrangulamento do consumo interno, os serviços se constituíram em alternativas para o ambiente de negócios, expondo por onde a economia brasileira iria passar a crescer com mais intensidade.”
Para Antonio, o crescimento dos serviços no Brasil acompanhou uma tendência global, especialmente de desenvolvimento tecnológico e de sofisticação dos setores financeiro, de saúde e de comunicação.
Por outro lado, como resultado dos planos econômicos, da reforma monetária e dos efeitos da globalização, o comércio vem enfrentando uma sucessão de altos e baixos ao longo do tempo. Contudo, o CNC aponta que o comércio, mesmo assim, “mantém fundamental importância na geração de renda e emprego no Brasil”.
Segundo Antonio Chaves, o avanço das atividades terciárias na economia brasileira ocorre em ritmo mais acelerado que o do comércio, como acontece no mundo todo, em decorrência do aproveitamento inteligente das oportunidades que surgem para dar vida aos negócios do setor.
Oscilações ao longo do tempo
Conforme indicam os dados da CNC, ao longo dos últimos 75 anos a economia brasileira teve diversas variações e alterações históricas. Entre 1945 e 1960, por exemplo, comércio e serviços mais que triplicaram de tamanho, graças à evolução da renda e do consumo no período.
Desse período até 1980, porém, o movimento foi contrário, com encolhimento da economia nacional em consequência do cenário de déficit fiscal, endividamento público e inflação, com impactos negativos no setor terciário. Em seguida, entre 1981 e 1989, o setor de serviços (31,6%) cresceu relativamente a uma taxa três vezes superior à do comércio (10,5%).
O estudo mostrou que as recessões de 2015-2016, seguidas dos anos de baixo crescimento econômico entre 2017 e 2019 e em 2020, com os efeitos da pandemia, comprometeram em definitivo o desenvolvimento da década, o que acabou resultando no pior momento econômico da história do Brasil.
“O comércio acumulou 11,9% de alta entre 2010 e 2019. Tal resultado significa crescimento médio anual pífio de 1,1%, comparável apenas com os números médios da Década Perdida de 1980. Portanto, não está errado afirmar que os anos 2010 se constituíram também em nova década perdida”, afirmou.
De acordo com Antonio Chaves, as mudanças nos últimos 75 anos intensificaram-se ainda mais nas últimas décadas, principalmente com a pandemia sanitária. “As transformações foram aceleradas nas duas últimas décadas, e desde abril, com a pandemia, estamos vivenciando uma mudança radical. O comércio físico vem perdendo lugar para o e-commerce [comércio eletrônico], lojas virtuais e marketplaces, enquanto os serviços agregados à nova economia têm crescido muito rápido.”