Ex-presidente falou pela primeira vez após o afastamento definitivo, decretado pelo Senado nesta quarta-feira (31/8)

Dilma Rousseff (PT) falou pela primeira vez após ter sido definitivamente afastada da Presidência da República, na tarde desta quarta-feira (31/8). No Palácio da Alvorada, a agora ex-presidente mandou um recado aos opositores: “Nada poderá nos fazer recuar. Não direi adeus, tenho certeza que é até daqui a pouco.”

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Ao lado de deputados e senadores que a apoiam, a petista fez um duro (e relativamente curto) discurso, insistindo na tese de que o que ocorreu foi um golpe de Estado e que é preciso lutar para “restabelecer a soberania nacional e a plena democracia”.

“O Senado tomou uma decisão que entra para a história das grandes injustiças. Rasgaram a Constituição, cassaram o mandato de uma presidenta que não cometeu crime de responsabilidade. Condenaram uma inocente e consumaram um golpe”, lamentou.

A ex-presidente voltou a dizer que o impeachment foi um acordão entre os “políticos corruptos” que não querem que investigações — promovidas, segundo ela, por governos do PT — prossigam e aproveitou para alfinetar os derrotados nas eleições passadas.

“O projeto nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está sendo interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária, com o apoio de uma imprensa facciosa e venal. Vão capturar as instituições do Estado para colocá-las a serviço do mais radical liberalismo econômico e do retrocesso social”, discursou.

Segundo ela, o PT não aceitará o resultado no Senado e recorrerá a todas as instâncias possíveis. Ademais, o governo do presidente Michel Temer (PMDB) enfrentará “a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer”.

“Acabam de derrubar a primeira mulher presidenta do Brasil, sem que haja qualquer justificativa constitucional para este impeachment. Mas o golpe não foi cometido apenas contra mim e contra o meu partido. Isto foi apenas o começo. O golpe vai atingir indistintamente qualquer organização política progressista e democrática”, alertou.

Dilma também citou conquistas dos 13 anos dos governos do PT e destacou o projeto que promoveu a “maior inclusão social e redução de desigualdades da história de nosso País”.

“O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e contra os que lutam por direitos em todas as suas acepções: direito ao trabalho e à proteção de leis trabalhistas; direito a uma aposentadoria justa; direito à moradia e à terra; direito à educação, à saúde e à cultura; direito aos jovens de protagonizarem sua história; direitos dos negros, dos indígenas, da população LGBT, das mulheres; direito de se manifestar sem ser reprimido. O golpe é contra o povo e contra a Nação. O golpe é misógino. O golpe é homofóbico. O golpe é racista. É a imposição da cultura da intolerância, do preconceito, da violência”, discursou.

Ao final, citou poetas e garantiu que deixa a presidência com a consciência tranquila: “Saio como entrei: sem ter incorrido em qualquer ato ilícito; sem ter traído qualquer de meus compromissos; com dignidade e carregando no peito o mesmo amor e admiração pelas brasileiras e brasileiros e a mesma vontade de continuar lutando pelo Brasil. Eu vivi a minha verdade. Dei o melhor de minha capacidade. Não fugi de minhas responsabilidades. Me emocionei com o sofrimento humano, me comovi na luta contra a miséria e a fome, combati a desigualdade.”

Veja abaixo o vídeo: