Saiba quem são e como agem criminosos que abusam de adolescentes no Discord

26 junho 2023 às 16h04

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Quatro indivíduos foram detidos sob a acusação de participação em crimes de violência contra adolescentes na plataforma Discord. Esses agressores não apenas ameaçavam as jovens online, mas também as atraíam para locais onde eram submetidas a humilhação e agressão. O programa Fantástico da TV Globo expôs as operações dessa rede criminosa que atua no aplicativo.
“Eles são sádicos, misóginos, eles têm um asco, um avesso por mulheres”, revela o delegado Fábio Pinheiro Lopes.
Izaquiel, conhecido como “Dexter”, encontra-se atualmente detido desde abril. A polícia conseguiu identificar nove vítimas relacionadas a Dexter. Ele é acusado de ser o torturador que submeteu uma adolescente a condições de escravidão sexual, conforme evidenciado em um vídeo obtido durante a investigação.
Além disso, o programa de televisão ainda descobriu outras cinco vítimas ligadas ao jovem. Dentre as evidências encontradas estão fotografias de meninas nuas, mutiladas, com uma marca registrada: o nome Dexter gravado na pele com uma lâmina. Durante o interrogatório conduzido pela Polícia Federal, Izaquiel admitiu ter chantageado garotas para que elas se autolesionassem.
Carlos Eduardo Custódio, de 19 anos, identificado como DPE, enfrenta acusações de envolvimento no aliciamento de adolescentes que fugiram de casa. Entre as vítimas, encontra-se uma jovem de 13 anos de Joinville, Santa Catarina. Também foi registrado um incidente durante uma transmissão ao vivo, na qual Carlos Eduardo aparece agredindo fisicamente uma adolescente. Ela está foragido.
Outro jovem, Vitor Hugo, 21 anos, conhecido por Verdadeiro Vitor, revela a existência de um arquivo intitulado “backup das vítimas de abuso”. Dentro deste arquivo, cada pasta possui o nome de uma vítima. São dezenas de meninas que foram violentadas, chantageadas, expostas e catalogadas. Vitor Hugo foi preso e as autoridades apreenderam um disco rígido.
Conhecido como Law, Gabriel Barreto Vilares é suspeito de ter violentado sexualmente uma menina de Joinville. Ele e William Maza dos Santos, o Joust, foram presos na sexta-feira, 23.
O Ministério Público de São Paulo está investigando não apenas os agressores individualmente responsáveis, mas também a plataforma Discord.
“Nós estamos apurando, através de um inquérito civil, a falta de segurança da plataforma Discord. Crimes individuais sempre vão ocorrer na internet. O que diferencia é a detecção de que nessa plataforma está ocorrendo um discurso estruturado de ódio. Um local propício para que eles planejem ataque as vítimas e, principalmente, transmitam o conteúdo do crime”, afirmou Danilo Orlando, promotor de Justiça de São Paulo.
O porta-voz do Discord afirmou em entrevista à Globo que a plataforma “não tolera comportamento odioso”. “Nós somos um produto gratuito para mais de 150 milhões de usuários ao redor do mundo, e de tempos em tempos, conteúdo mau e comportamento mau vão acontecer. Nós trabalhamos ativamente para remover esse conteúdo”, argumentou.
“Gostaria de enfatizar que a vasta maioria das interações de brasileiros usando Discord são positivas e saudáveis. Nós somos proativos e investigamos grupos que podem estar envolvidos em ameaças a crianças e trabalhamos para tirar esses agentes ruins da plataforma”, completou.