Alvo de uma megaoperação, a facção Terceiro Comando Puro (TCP) sofreu um duro golpe nesta quarta-feira, 27. Mais de 180 policiais civis, militares e penais, além de nove promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), cumpriram 106 ordens judiciais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná e Goiás – estados onde a organização possui ramificações.

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A Justiça também determinou o sequestro judicial de veículos, imóveis e bens, além de R$ 345 milhões das contas bancárias dos investigados. Aplicações financeiras, títulos de capitalização, cadernetas de poupança, investimentos, ações e cotas de capital também foram bloqueados.

Durante dois anos de investigação, o Gaeco identificou o funcionamento de uma organização criminosa vinculada ao TCP, que se instalou na região do Cabana do Pai Tomás, na capital mineira. A facção, de acordo com o apurado, também tem atuação em outras áreas do estado no tráfico de drogas, na posse e no porte ilegal de armas de fogo e na lavagem de capitais. 

Nesse período, os investigadores mapearam a atuação de integrantes da organização, cada um com uma atribuição específica, incluindo não apenas às atividades criminosas típicas, mas também o fornecimento de sinal de internet, ações assistencialistas e apoio jurídico que visavam ao controle e fomento da organização criminosa em território mineiro. 

Uma complexa rede de lavagem de capitais, principalmente do narcotráfico, também foi identificada, na qual, pessoas físicas e jurídicas dos estados citados participavam do escoamento do dinheiro ilícito. 

O que é o TCP?

Rival do Comando Vermelho (CV), o Terceiro Comando Puro é uma das maiores facções do Rio de Janeiro. A organização criminosa foi criada em 2002 por dissidentes do extinto Terceiro Comando.

O TCP surgiu após uma revolta no presídio Bangu 1, onde foram mortos os líderes do Terceiro Comando, o que deixou espaço para a ascensão de uma nova liderança – inicialmente encabeçada por Nei da Conceição Cruz, conhecido como Facão e condenado a 26 anos de prisão posteriormente.

O grupo ficou conhecido pela intolerância a religiões de matriz africana e por usar o nome de Deus para controlar áreas do Rio de Janeiro, pelo fato de os líderes serem evangélicos. Um dos símbolos usados pelo TCP, inclusive, é a bandeira de Israel – presente, por exemplo, no informe que convoca criminosos do estado.

Atualmente, o comando do TCP está nas mãos de figuras proeminentes, inclusive Menor P, Peixe, Peixão, Coronel, Bill e TH. Peixe exerce autoridade sobre a Vila Aliança, em Bangu, enquanto Peixão domina o Complexo de Israel, na zona norte do Rio. Menor P e TH compartilham o controle sobre a Maré.

Além disso, no fim da última década, as forças policiais observaram uma aproximação das lideranças do TCP com grupos de milicianos, o que contribuiu para a expansão dos territórios da facção.