Segundo associação nacional dos fabricantes, setor tem o pior setembro desde 2003

Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Não há mais dúvida — se alguém ainda tinha — de que a crise também chegou forte à outrora pujante indústria brasileira de automóveis. A Associação Nacional do Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou nesta terça-feira (6/10) que houve queda de 42,1% na fabricação em comparação com setembro de 2014.

Com 174.240 unidades fabricadas (contando carros de passeio e veículos pesados), o mês de setembro foi o pior para a produção de veículos nos últimos 12 anos. O número representa queda de 42,1% na fabricação em comparação com setembro de 2014. No acumulado do ano, a redução chega a 20,1% — na base comparativa, a produção atingiu o mesmo nível de 2006.
As vendas de autos de passeio e comerciais leves caíram 21,7% no acumulado do ano e 3,6% entre agosto e setembro. A equipe econômica do governo federal previa que haveria retomada do setor no segundo semestre, o que não ocorreu.

Em relação aos veículos pesados (ônibus e caminhões), a queda entre janeiro e setembro ficou em 44%. A entidade revisou para 26,5% a queda nas vendas de carros de passeio e comerciais leves em 2015. Já a retração no segmento de veículos pesados deve chegar a 45,4%. O estoque chega ao equivalente a 52 dias de venda.

A Anfavea acredita que nos próximos três meses ocorrerá um ajuste, o que significa que haverá novas paradas de produção até o fim do ano. Na comparação entre setembro de 2015 com o mesmo mês de 2014, a redução de vagas nas empresas filiadas à Anfavea atingiu 9,6%. Hoje, há 133.609 empregados nas montadoras estabelecidas no Brasil. O número de empregados nas associadas da Anfavea equivale a 2008.

Desistência

A queda na produção de automóveis é explicada pela retração do consumo, tanto no mercado interno quanto nas exportações. J. M. A. S., que está se iniciando na profissão de contabilista em Goiânia, é um exemplo.

Ele estava se preparando para adquirir seu primeiro carro, mas adiou o sonho diante das dificuldades da economia: “Não dá para fazer um compromisso financeiro mais longo neste momento. A gente não sabe o que vai acontecer, é melhor esperar um pouco”.