Veja prints de conversas divulgadas entre Anielle Franco e Silvio Almeida
13 setembro 2024 às 10h45
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Desde que assumiu o Ministério da Igualdade Racial no início de 2023, a ministra Anielle Franco alega ter sido alvo de constrangimentos e importunações por parte de seu colega, o ministro Silvio Almeida, que comandava a pasta dos Direitos Humanos. De acordo com relatos de Anielle, a relação entre os dois, que começou de forma amigável durante o período de transição de governo, evoluiu para comportamentos inapropriados por parte de Almeida.
Segundo a ministra, as conversas descontraídas foram substituídas por investidas de caráter sexual, com olhares, comentários e, em uma ocasião, o ministro teria repousado a mão entre suas pernas. Anielle tentou resolver a situação de maneira privada, inclusive em um encontro em um restaurante, mas afirmou que o problema se tornou “insustentável”. A situação, segundo a ministra, já era de conhecimento de outros ministros, assessores do Palácio do Planalto e do próprio presidente da República. Na manhã desta sexta-feira, 13, a Revista Veja divulgou os prints das conversas entre Franco e Almeida (veja ao final).
Entenda a cronologia dos fatos
Na sexta-feira, 6, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, foi exonerado após o site Metrópoles divulgar que a ONG Me Too Brasil recebeu denúncias de assédio sexual contra ele, sendo a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, uma das vítimas. Almeida negou as acusações, alegando ser alvo de perseguição e apresentando mensagens que, segundo ele, demonstrariam uma relação apenas cordial com Anielle. O ministro também mencionou um encontro em restaurante como prova de sua inocência.
No entanto, Anielle já havia prestado um depoimento detalhado sobre o caso a outros ministros, incluindo Vinícius Marques de Carvalho (Controladoria-Geral da União), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), Cida Gonçalves (Mulheres) e Esther Dweck (Gestão). Anielle confirmou ter sido assediada por Almeida “há vários meses”, relatando episódios em que o colega a tratou com palavras de “lascívia” e descreveu momentos em que ele tocou seus ombros e costas de forma inapropriada. Um dos episódios mais graves, segundo Anielle, ocorreu durante uma reunião de trabalho, na qual Almeida teria tocado suas partes íntimas por baixo da mesa, na presença de várias autoridades.
Em depoimento aos colegas de ministério, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, detalhou as agressões de caráter sexual que vinha sofrendo do então ministro. Ela revelou que aceitou um convite para jantar com Almeida com o objetivo de pedir que ele mudasse de comportamento, evitando um escândalo que comprometesse a carreira de ambos. Segundo Anielle, o jantar ocorreu de forma cordial, como Almeida havia mencionado em sua defesa, e o ministro chegou a reconhecer que havia “passado do ponto”.
Contudo, na saída do restaurante, Almeida teria sussurrado um desejo impróprio no ouvido de Anielle, como se nada tivesse acontecido. No depoimento, Anielle destacou que, apesar das importunações recorrentes, que ocorreram ao longo de mais de um ano, não formalizou a denúncia antes por medo de ser desacreditada e perder seu cargo. A ex-promotora Gabriela Manssur, especialista em defesa dos direitos das mulheres, afirmou que esse tipo de crime raramente deixa vestígios materiais, o que faz com que muitas vítimas tenham dificuldade em comprovar suas acusações.
Veja prints
Mensagens trocadas entre os ministros Anielle Franco e Silvio Almeida revelaram inicialmente uma relação cordial, que se desdobra para um investida mais “íntima” por parte de Almeida. Em uma conversa do dia 2 de setembro, Anielle desejou um bom fim de semana ao colega e reforçou a importância de manterem contato. Almeida, em resposta, destacou que o diálogo entre ambos era um dos mais relevantes que ele precisava ter, mencionando tanto aspectos políticos quanto pessoais.
Em outro trecho, Almeida elogia o vestido de Anielle, chamando-a de “deslumbrante”. Já em uma troca de mensagens de 28 de agosto, Almeida reafirmou seu compromisso de ser uma pessoa de confiança para Anielle, além de elogiá-la como “uma mulher extraordinária”. Anielle respondeu que tinha grande admiração por ele e mencionou o desejo de “recomeçar” a relação, apesar de terem tido um início turbulento. As mensagens trocadas entre os ministros vieram à tona em meio às denúncias de assédio contra Almeida.