O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, garantiu que os clubes terão suas vozes ouvidas quanto à paralisação do Campeonato Brasileiro.

Em entrevista ao Globo Esporte, no entanto, o presidente ressaltou a importância de alertar os times sobre os possíveis impactos no calendário e na economia do futebol. Esta é a primeira manifestação do dirigente desde o pedido de interrupção feito por 11 clubes.

Além disso, Ednaldo Rodrigues destacou que as deliberações serão realizadas durante o Conselho Técnico marcado para o próximo dia 27 de maio. “Temos um calendário difícil, e a paralisação pode tornar tudo ainda mais difícil”, argumentou.

Ainda na entrevista, o presidente da CBF reiterou a solidariedade à população do Rio Grande do Sul diante dos desafios enfrentados. Ele expressou interesse em ouvir todas as opiniões dos clubes antes de tomar uma decisão sobre o pedido de paralisação.

“Isso envolve calendário, classificação para as competições sul-americanas e até a Intercontinental, caso um clube brasileiro ganhe a Libertadores. Não é tão fácil assim. Mas somos todos democráticos. Depois de colocar todos esses pontos para que eles definam, não tenho como ficar contrário [aos clubes] porque nossa gestão é democrática. Vamos mostrar o contraditório dessa paralisação, mas vamos respeitar a decisão dos clubes”, afirmou.

Ednaldo Rodrigues mencionou que quando uma competição é organizada, o Conselho Técnico se reúne para decidir sobre o início, término, promoções e rebaixamentos.

“A CBF tem a prerrogativa de fazer o adiamento [de jogos]. Porém, uma paralisação atinge por completo toda a cadeia produtiva do futebol. E aí é interessante que a CBF não tenha uma decisão monocrática, mas sim democrática. Nós sempre temos feito assim”, disse.

“Vou dar só um exemplo do que acontece quando o Campeonato Brasileiro para. No Maracanã, principalmente quando joga o Flamengo, que tem uma média de público alta, emprega ali no momento 1.200 pessoas. Essas pessoas não estão na folha de pagamento do Flamengo. Mas fazem seu trabalho e recebem ali sua cota. Com essa cota dão sustento às suas famílias. Ele sai dali e vai no supermercado comprar os alimentos para que suas famílias não fiquem com fome. Temos que olhar por essa ótica também. Muita gente depende do futebol”, continuou.

Sobre a possibilidade de alguma proteção esportiva aos times afetados, como por exemplo um não rebaixamento dos mesmos, o presidente afirmou que discorda da teoria.

“De imediato eu rechaço. Quando se faz uma competição, se obedece leis e princípios. E as competições têm interdependência umas com as outras. Quatro clubes sobem de divisão, quatro são rebaixados. Quem tem o bônus também tem que ter o ônus. Não se pode dizer “[um time] não vai ser rebaixado” se [o mesmo time] puder ser campeão. Fere os princípios da moralidade”, pontuou.

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