Em Varsóvia, cerca de 5 mil pessoas contrárias ao recebimento de estrangeiros saíram às ruas portando cartazes com frases como “O Islã é a Morte da Europa”

Duzentos e vinte imigrantes desembarcando no porto de Catania, na Sicília, em abril deste ano | Foto: IFRC- International Federation of Red Cross and Red Crescent Societies
Duzentos e vinte imigrantes desembarcando no porto de Catania, na Sicília, em abril deste ano | Foto: IFRC- International Federation of Red Cross and Red Crescent Societies

Milhares de pessoas manifestaram-se no sábado (12) nas capitais da Polônia (Varsóvia), Eslováquia (Bratislava) e República Checa (Praga), cujos governos rejeitam as cotas obrigatórias de refugiados defendidas pela Alemanha e apoiadas pela Comissão Europeia. Em menor volume, as três capitais tiveram também manifestações a favor do acolhimento aos refugiados.

Em Varsóvia, cerca de 5 mil pessoas contrárias ao recebimento de migrantes saíram às ruas portando cartazes com frases como “O Islã é a Morte da Europa”. Apresentando-se como católicos que se opõem à entrada de muçulmanos no país, os manifestantes começaram o protesto com uma oração à Virgem Maria. Na manifestação favorável aos migrantes, o número de participantes era cinco vezes menor.

“Estamos aqui para que a nossa voz chegue ao governo e para que a decisão de acolher os muçulmanos seja abandonada”, disse um dos organizadores do protesto. O governo polonês aceitou receber 2 mil pessoas, embora recuse a lógica das cotas.

Em Bratislava, cerca de 1,5 mil pessoas manifestaram-se no início da tarde contra o acolhimento de migrantes, num protesto convocado pelo movimento anti-islâmico liderado por um militante de extrema-direita, Lukas Kopac, e apoiado pelo partido nacionalista Nossa Eslováquia. “O multiculturalismo é uma utopia, não abram as fronteiras”, lia-se em uma faixa. “Vocês não são bem-vindos, voltem para casa”, lia-se em outra.

Outra manifestação, batizada como “Apelo à Humanidade”, a favor do acolhimento de refugiados, reuniu cerca de 500 participantes na capital eslovaca.

Em Praga, houve também duas manifestações, e a contrária ao acolhimento dos migrantes era bem maior, com cerca de 800 participantes, segundo a polícia. “Mandem-nos para casa” e “Protejam as fronteiras”, lia-se nos seus cartazes, enquanto os oradores apelavam ao governo para se demitir e ao país para sair da União Europeia, à qual aderiu em 2004.

Cerca de 200 pessoas favoráveis à abertura das fronteiras aos migrantes, reunidos nas proximidades do protesto, traziam faixas dando boas-vindas aos refugiados ou declarando que “Migração não é Crime”.

Generosidade

Lisboa, Londres, Paris e Copenhague foram algumas das cidades europeias que realizaram no sábado manifestações pedindo mais generosidade no tratamento dos refugiados que têm chegado à Europa nos últimos meses. Não houve incidentes nas manifestações. Milhares de pessoas defenderam, no Dia Europeu de Ação pelo Refugiado, o aumento da generosidade no acolhimento dos 430 mil migrantes que, segundo a Orgnização Internacional para as Migrações, chegaram aos países da União Europeia desde o princípio do ano.

Em Lisboa, houve também uma manifestação do Partido Nacional Renovador (PNR) contra os migrantes. Na capital portuguesa, cerca de 200 pessoas juntaram-se para defender o acolhimento dos migrantes e seguiram pela Avenida da Liberdade até o Terreiro do Paço, num cortejo acompanhado pelos simpatizantes do PNR e pela polícia, que separou os dois grupos.

Em Londres, os manifestantes exigiam que o governo conservador de David Cameron aumente a generosidade no acolhimento aos refugiados que procuram asilo na União Europeia, em um ato que contou com a presença do novo líder trabalhista, Jeremy Corbon. Cameron anunciou, recentemente, a decisão de acolher mais 20 mil refugiados nos próximos cinco anos, um volume que os manifestantes classificaram de “patético”.

Na Dinamarca, cerca de 30 mil as pessoas saíram às ruas na capital e outras centenas se manifestaram em várias cidades do país, que está empenhado em reforçar as leis de imigração e onde, nesta semana, foi suspensa a ligação ferroviária para impedir a passagem dos refugiados.

Na França, o governo, que se comprometeu a acolher 24 mil refugiados no próximo ano, anunciou também a criação de novos campos de alojamento, deixando a divulgação do número exato para um anúncio do primeiro-ministro, Manuel Valls. O governo francês anunciou também um reforço da contribuição para as agências francesas das Nações Unidas envolvendo milhões de refugiados nos países vizinhos da Síria.

A Alemanha já acolheu 450 mil refugiados desde o início do ano. Neste sábado, a cidade alemã de Munique recebeu “pelo menos 10 mil refugiados”, segundo informaram as autoridades municipais.

A chanceler Angela Merkel enviou uma mensagem de apoio às mulheres refugiadas que chegam à Alemanha, apelando para que se valorizem, aprendam a língua, não se isolem na família e aproveitem as oportunidades de acolhimento no país.

Portugal receberá 3.074 refugiados, e o primeiro grupo deve chegar em outubro.