A Polícia Federal encontrou documentos detalhados que descrevem o planejamento de um golpe de Estado no Brasil em um pendrive que pertencia ao tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, membro do “kids preto”, em Goiânia. O plano buscava anular o resultado das eleições presidenciais de 2022 e manter Jair Bolsonaro (PL) no poder.

O pendrive foi apreendido na Operação Luneta, cujo sigilo foi derrubado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Moraes determinou o fim do sigilo do relatório que indicia 37 pessoas por golpe de Estado, incluindo Bolsonaro, e de investigações correlatas.

A Operação Luneta investiga atos antidemocráticos. No pendrive encontrado havia uma planilha que descreve “fatores estratégicos de planejamento” divididos em colunas intituladas “fato”, “dedução” e “conclusão”. Entre os objetivos detalhados estavam:

  • Realização de um novo pleito eleitoral.
  • Emissão de mandados de prisão contra envolvidos em supostas irregularidades no processo eleitoral.
  • Exploração global de narrativas de fraude eleitoral.
  • Convocação das Forças Armadas para garantir a execução das medid

DE acordo com a PF, o plano utilizava a falsa narrativa de vulnerabilidade e fraude no sistema eletrônico de votação como justificativa para uma ruptura institucional.

Além disso, o documento previa a necessidade de “realizar a prisão preventiva dos juízes supremos considerados geradores de instabilidade”. Segundo a PF, isso só seria possível em caso de ruptura institucional. Na lista de tarefas constava “neutralizar a capacidade de atuação do ministro Alexandre de Moraes”.

Outro ponto citado no plano é a criação prévia de um gabinete central, de gabinetes estaduais de crise e a elaboração de um arcabouço jurídico em coordenação do Superior Tribunal Militar (STM). O objetivo seria respaldar as ações militares necessárias para implementar o golpe, conforme descrito nos documentos.

A PF também citou uma carta de quatro páginas encontrada em fevereiro deste ano no gabinete de Bolsonaro na sede do PL. O texto faz críticas ao STF e apresenta argumentos para justificar a convocação das Forças Armadas. Em um dos trechos finais, está escrito:

“Afinal, diante de todo o exposto e para assegurar a necessária restauração do Estado Democrático de Direito no Brasil, jogando de forma incondicional dentro das quatro linhas, com base em disposições expressas da Constituição Federal de 1988, declaro o Estado de Sítio; e, como ato contínuo, decreto Operação de Garantia da Lei e da Ordem”.

Para a PF, o documento é um ensaio para ser lido em caso de subversão do Estado Democrático de Direito.

Leia também

Bolsonaro considera refúgio em embaixada para evitar prisão