Pesquisa CNT: Políticos goianos defendem força eleitoral de Bolsonaro, Marina, Meirelles e Lula

15 maio 2018 às 14h46

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Parlamentares goianos avaliam cenário em que deputado federal do PSL aparece com 18,3%, seguido por Marina Silva (Rede), que tem 11,2%, e Ciro Gomes (PDT) nos 9%

Fernanda Garcia
A primeira pesquisa em que os nomes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, não foram testados aponta que o pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL) lidera a disputa pela Presidência da República. Marina Silva (Rede) surge na segunda colocação, empatada com Bolsonaro no segundo turno, e em seguida aparece Ciro Gomes (PDT).
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O levantamento foi divulgado pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) na segunda-feira (14/5) e realizado entre os dias 9 e 12 de maio. Foram avaliadas as respostas de 2.002 eleitores, em 137 municípios de 25 Estados. No lugar de Lula, a pesquisa inseriu Fernando Haddad (PT), ex-prefeito de São Paulo. Já Joaquim Barbosa (PSB), que também não aparece na análise, anunciou na última terça-feira (8) que não irá participar da corrida presidencial.
Em um cenário com 14 pré-candidatos, de acordo com os dados, o deputado federal Jair Bolsonaro aparece com 18,3% contra 11,2% de Marina, possibilitando a ocorrência de segundo turno, com empate entre os dois. Na terceira colocação vem Ciro Gomes com 9%. Sendo assim, haveria empate técnico entre os dois últimos, já que o estudo tem margem de erro de 2,2 pontos percentuais.
Para o deputado federal goiano Delegado Waldir Soares (PSL), do mesmo partido de Jair Bolsonaro, a liderança do colega na pesquisa se deve ao seu intenso trabalho de pré-campanha pelo Brasil e sua proposta de combate à corrupção. “Quando os debates começarem e o cidadão conhecer as propostas dele, as intenções de votos irão crescer ainda mais”, afirma. Ainda segundo o parlamentar, Marina Silva não teria força para ganhar no segundo turno, apesar de a pesquisa apontar o empate.
A pré-candidata da Rede Sustentabilidade tem sido criticada por causa de seu apoio ao senador Aécio Neves (PSDB) no segundo turno das eleições para o governo federal em 2014. O tucano é réu em processos por corrupção passiva e obstrução da Justiça no Supremo Tribunal Federal. Delegado Waldir alega que esse seria um dos grandes obstáculos na eleição de Marina.
O levantamento aponta também a aproximação dos dois pré-candidatos em cenário no qual o número de candidaturas é menor. Com cinco na disputa, Bolsonaro fica com 19,7% e Marina com 15,1%. Da mesma forma, o crescimento é registrado quando o nome do ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (MDB), é substituído pelo do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que tem rejeição de 55,9%. Nesse cenário, o deputado federal aparece com 20,7% contra 16,4% da candidata da Rede.
O ex-vereador Djalma Araújo, também filiado à Rede, diz acreditar que com Marina o Brasil pode sair da velha política. “A Marina representa mudança, democracia e fortalecimento das instituições”, declara. O parlamentar afirma ainda que a eleição de Bolsonaro é perigosa e seria um retrocesso para o País. Como o eleitor brasileiro ainda é muito conservador, segundo Djalma, a pré-candidata ainda não tem o suficiente para se eleger. O ex-parlamentar alega que a construção de novas alianças, com personalidades como Joaquim Barbosa, seria uma saída viável para a colega.
Lula 2018?
Os dados da CNT mostram que, quando acrescentado na pesquisa, Lula desponta na corrida eleitoral com 32,4% das intenções de votos. A pesquisa também traz números nos quais o petista venceria todos os outros candidatos no segundo turno. Mesmo após a condenação no caso do triplex, a pré-candidatura do ex-presidente será registrada, de acordo com a presidente estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) em Goiás, professora Kátia Maria. A presidente reafirma a inocência de Lula.
“A legislação permite a candidatura de Lula. Enquanto o processo estiver em trâmite, ele pode se candidatar”, diz. Além disso, Kátia Maria ressalta que o PT irá manter a pré-candidatura do ex-presidente e essa seria uma decisão já acertada no partido. “O presidente estará nas urnas”, enfatiza.
Advogados da área eleitoral consideram que a última palavra sobre a candidatura de Lula caberá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a participação do petista na corrida seria possível. Segundo o especialista em Direito Eleitoral, Ulisses Sousa, em entrevista para o Estadão, a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) torna o ex-presidente inelegível. No entanto, “não implica, automaticamente, na inelegibilidade”, uma vez que a Justiça Eleitoral deve decidir pelo deferimento ou indeferimento do pedido de registro da candidatura e não o TRF-4.
Delegado Waldir diz acreditar ser “um sonho impossível”. Para o parlamentar do PSL, a preferência por Lula deve-se à política assistencialista adotada pelo governo petista. Por outro lado, a líder do PT em Goiás, não enxerga o trabalho da legenda vermelha da mesma forma, ao explicar que as ações do partido a frente ao governo federal trouxeram benefícios para a camada populacional mais pobre. Em 2010, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas, o índice de pobreza extrema no País havia caído 50% em relação aos oito anos anteriores.
Temer rejeitado
A pesquisa revela que a maioria dos brasileiros, 71,2%, considera negativo o governo de Michel Temer (MDB). Apenas 4,3% avaliaram sua gestão positivamente. Temer assumiu a presidência em 12 de maio de 2016, após o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Naquela época, o índice de rejeição ao presidente era de 28%.
Sobre uma possível pré-candidatura de Temer a reeleição, o deputado estadual Humberto Aidar (MDB) diz que nunca acreditou nessa possibilidade. O nome preferido para disputar as eleições pelo partido é o do ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
O deputado goiano reafirma que não há saída para o presidente, somente “se ele conseguisse fazer um milagre no Brasil e acabar com a crise”. Para Aidar, seria prejudicial ao partido apoiar uma possível participação de Temer na corrida presidencial. “Ele não será candidato. O MDB, com o Temer, não tem possibilidade nenhuma de êxito”, reitera.