Pesquisa aponta que mulher pode ter sido curada de HIV sem tratamento médico
28 agosto 2020 às 06h36
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Nos 63 participantes do estudo, vírus parece ter sido encurralado em partes do genoma onde não consegue se reproduzir
Uma pesquisa publicada na revista Nature mostrou que uma mulher infectada com HIV em 1992 pode ser considerada a primeira pessoa curada do vírus sem a passar por um procedimento de transplante de medula óssea ou uso de medicamentos. De acordo com os pesquisadores, o corpo de Loreen Willenberg conseguiu suprimir sozinho o vírus. Outras 63 pessoas que participaram do estudo tiveram resultado similar.
Nessas 63 pessoas, o vírus parece ter sido encurralado em partes do genoma onde não consegue se reproduzir. Foi constatado, então, que elas atingiram uma “cura funcional”, que só se tornou visível agora em razão dos avanços em pesquisas genéticas.
“Isso sugere que o próprio tratamento pode curar as pessoas, o que vai contra todos os dogmas” afirmou o autor do estudo, o especialista em Aids da Universidade da Califórnia Steve Deeks, ao apontar que pessoas infectadas e que fizeram terapia antirretroviral por muitos anos tem a possibilidade de serem estimuladas da mesma forma.
Caso de Loreen Willenberg
Loreen Willenberg, uma mulher de 66 anos, já era conhecida entre os pesquisadores por seu corpo ter se defendido do HIV durante décadas sem o auxílio de remédios.
A duas únicas pessoas que já foram declaradas curadas do vírus, Timothy Brown (Califórnia) e Adam Castillejom (Londres), foram submetidas a um transplante de medula óssea, o que deu resistência ao sistema imunológico.
Relevância
Pesquisadores brasileiros alegaram que uma combinação de tratamentos do HIV pode ter levado a cura de Willenberg e que mais testes são necessários para confirmar essa descoberta.
“Considero ser esta uma descoberta importante. O verdadeiro desafio, claro, é como você pode intervir para tornar isso relevante para as 37 milhões de pessoas que vivem com HIV” disse Sharon Lewin, diretor do Instituto Peter Doherty para Infecção e Imunidade em Melbourne, em entrevista ao The New York Times.